Ascensão do PSL na Assembleia de SP abre disputa tripla à presidência

Acordo entre deputados prevê que a maior bancada indique nome para comandar o Legislativo

Plenário da Assembléia Legislativa de São Paulo, na capital paulista
Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, na capital paulista - Mateus Bruxel - 8.fev.2011/Folhapress
Gabriela Sá Pessoa
São Paulo

A reviravolta eleitoral, com ascensão do PSL ao posto de futura maior bancada da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), abriu uma disputa tripla pela presidência da Casa em 2019.

O atual presidente, Cauê Macris (PSDB), articula a sua reeleição e o PSL quer emplacar a campeã de votos Janaina Paschoal (PSL), estreante no parlamento. Um candidato forte corre por fora: o veterano Edmir Chedid (DEM).

Há um acordo de cavalheiros na Alesp para que o partido com a maior bancada tenha a prerrogativa de indicar o presidente da Casa. Os outros cargos da Mesa Diretora se dividem entre a segunda e a terceira maiores bancadas. Nos últimos anos, foram PT e DEM.

Janaína Paschoal (PSL-SP), deputada estadual campeã de votos e estreante na Alesp
Janaína Paschoal (PSL-SP), deputada estadual campeã de votos e estreante na Alesp - Raquel Cunha - 22.jul.2018/Folhapress

Ocorre que o PSDB murchou de 19 deputados para 8. O PT continua sendo a segunda maior bancada, embora menor: foi de 14 para 10. E o PSL, que não existia, chegou a 15 cadeiras.

Presidente estadual do PSL, o senador eleito Major Olímpio —que já foi deputado estadual— diz que o partido de Jair Bolsonaro almeja a presidência do Legislativo paulista.

"Vai ser o nosso desejo, sim. Já estamos em processo de interlocução com os partidos que têm representação na Alesp, para que se dê cumprimento desse acordo antigo. A nossa indicação já está feita, que é a da Janaina", afirma.

Parlamentares de diferentes partidos ouvidos pela Folha avaliam que a reeleição de Macris teria o apoio do governador eleito João Doria (PSDB), considerando que o atual presidente foi um dos principais apoiadores da campanha do tucano ao Bandeirantes.

No entanto, sua presidência é criticada nos gabinetes por ter negligenciado contratos, como os da TV Alesp e de manutenção. Também pegou mal o plano de pagar R$ 35 milhões para uma agência de publicidade para divulgar a Casa.

Além da insatisfação, deputados se preocupam com a possibilidade de o PSL chegar à Mesa Diretora, tendo em vista a inexperiência dos deputados da bancada eleita com a atividade parlamentar.

É nesse ambiente que Edmir Chedid tenta se viabilizar, discretamente. Ele é visto como eficiente e circula bem entre os partidos, inclusive o PT, o que daria mais estabilidade a Doria no início de governo.

"Não é momento para discussão de candidaturas à Mesa Diretora, uma vez que ainda faltam quase cinco meses para esta eleição. Nossos esforços nesse momento estão concentrados em votar os projetos de interesse do povo de São Paulo", diz Macris, em nota. A Folha não conseguiu contato com Chedid.

Para líderes, Doria não terá dificuldade em construir maioria

Lideranças partidárias ouvidas pela Folha acreditam que João Doria (PSDB) não terá dificuldade em construir maioria parlamentar, apesar da disputa acirrada com Márcio França (PSB) que rachou a aliança governista. Mas não serão anos tão tranquilos como foram as gestões dos tucanos José Serra (2007-2010) e Geraldo Alckmin (2011-2018) --que chegou a ter mais de 70 parlamentares em sua base.

Partidos coligados com Doria emplacaram 27 deputados estaduais. Para atingir maioria, precisaria de pelo menos 22 deputados, considerando que a Alesp tem 94 cadeiras.

Maior bancada eleita, o PSL deve ficar neutro. O PSB de Márcio França terá o mesmo tamanho que o PSDB (8 deputados) e será independente.

Dos partidos da coalizão de França que elegeram bancadas mais significativas, tanto o PR,com 6 deputados, quanto o Podemos, com 4, também descartam ir para a oposição.

"Temos que reunir nossas bancadas para discutir. Com relação ao governo Doria, pode ficar sossegado porque o que for bom para São Paulo, vamos apoiar", diz o presidente estadual do PR, Tadeu Candelária.

Discurso semelhante tem o cacique Campos Machados (PTB), adversário de Doria: "Eu o respeito e vou torcer para que ele faça um bom governo e para que mantenha São Paulo nos trilhos do desenvolvimento, o que, no fundo, é o objetivo de todos nós".

A dependência de recursos do Executivo em emendas, aposta Barros Munhoz (PSB), deve resumir a oposição ao que sempre foi: PT, PSOL e PCdo B, com 15 deputados.

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