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Em correntes no WhatsApp e redes sociais, Barbie vira sátira de antipetista

Montagens com a boneca fazem deboche de críticos de ideias ligadas à esquerda

imagens da barbie se espalharam na rede com a boneca fazendo proselitismo
Reprodução
Gustavo Fioratti Eduardo Moura
São Paulo

​Na semana passada, as redes sociais foram inundadas com fotografias da Barbie. Nas imagens, a boneca da Mattel está sempre comentando algo relacionado a ideias políticas da esquerda.

​Há um detalhe, porém: combinado a cenários com piscinas, carros de luxo, viagens ao exterior e outras simbologias do consumo, o proselitismo da direita é o que determina o tom das mensagens.

imagens da barbie se espalharam na rede com a boneca fazendo proselitismo
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“Não sou racista, tenho amigos negros”, diz a boneca enquanto tira uma selfie ao lado de uma outra boneca afrodescendente. “Eu particularmente acho que não existe racismo no Brasil”, diz um boneco Ken, a versão masculina da Barbie, criado também pela Mattel.

Boa parte das imagens têm origem em três fontes: elas são disparadas por duas páginas no Facebook de mesmo nome, Barbie Fascista, e por uma conta no Twitter, a Barbie de Bem. Imagens com as piadas são compartilhadas também em grupos de WhatsApp de apoiadores de Fernando Haddad, que disputa o segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL).

imagens da barbie se espalharam na rede com a boneca fazendo proselitismo
Reprodução

Criadora de uma das páginas no Facebook, a estudante de publicidade Thaís de Abreu, de 23 anos, moradora da Vila Matilde, em São Paulo, diz que Teddy Sinclair, criador da página homônima, procurou por ela. Eles perceberam que tinham tido a mesma ideia e resolveram juntar forças, compartilhando as mesmas piadas.

As duas contas foram criadas no início de outubro. Uma está com 2,5 mil curtidas. A outra, com 1,9 mil.  A Barbie de Bem, no Twitter, tinha mais de 15 mil seguidores nesta segunda (15). 

imagens da barbie se espalharam na rede com a boneca fazendo proselitismo
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Todas as contas remetem a um trabalho similar anterior, a Barbie sem Ken, que em 2016 espalhou composições do mesmo gênero, atribuindo à boneca algumas frases cômicas.

Só que essa precursora do deboche político das páginas Barbie Fascista não tinha qualquer associação com o clima das eleições.

A apropriação da imagem da Barbie não parou por aí. Blogueiras fashionistas geraram polêmica entre seus seguidores ao expor simpatia pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Lala Rudge, Luciana Tranchesi, Nati Vozza e Luisa Accorsi, que, juntas, têm mais de 3,5 milhões de seguidores, declararam apoio ao capitão reformado ou repúdio ao PT em suas páginas.

Não tardou para que surgisse no Instagram a sátira “Barbie Fascionista”, criada por uma estudante do Rio Grande do Sul e uma amiga de São Paulo, que preferem não se identificar.

'Barbie Fascionista' ironiza blogueiras pró-Bolsonaro
Barbie fascista - Instagram/Reprodução

Segundo a criadora, que diz não ser filiada a nenhum partido, a motivação foi “zoar influenciadores e pessoas da elite que usam esse discurso pró-Bolsonaro”.

Ela mora em uma cidade pequena, em que o número de apoiadores do candidato do PSL é maciço --o que a faz ficar com “mais revolta e mais vontade de falar contra”, diz.

Nos posts, fotos da boneca loira são acompanhadas de frases como “chega de corrupção!” e “o Brasil vai virar a Venezuela!”.

Ela também ironiza a blogueira Lala Rudge, que protestou contra o restaurante Maní, após a chef Helena Rizzo ter postado a tag #eleNão.

Em uma das imagens produzidas, Barbie diz: “Sabe o Maní? Nunca Mais! Falta de respeito! Gesto obsceno! Vai vender marmitas agora!”

A página conta com 77,6 mil seguidores no Instagram. Quem ajudou a impulsionar foi a blogueira Jana Rosa, que indicou a página a seus seguidores.

A criadora da “Barbie Fascionista” conta que havia criado uma outra página, “Barbie Fascista”, mas que foi derrubada após denúncias de “bullying e assédio moral”.

Procurada, a Mattel preferiu não se pronunciar sobre as publicações. 

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