Descrição de chapéu Eleições 2018

Entidades organizam manifesto inter-religioso em apoio a Haddad

Texto afirma que judeus, muçulmanos e cristãos devem se unir 'contra o obscurantismo'

Entidades religiosas organizaram manifesto em apoio a Haddad (PT)
Entidades religiosas organizaram manifesto em apoio a Haddad (PT) - Andre Penner/AP
Angela Boldrini
Brasília

Entidades de judeus, muçulmanos e cristãos organizam manifesto "inter-religioso contra a barbárie", em referência a Jair Bolsonaro (PSL). O texto será lançado oficialmente nas redes sociais nesta quinta-feira (11). 

Assinado por grupos como Frente Evangélica pelo Estado de Direito, Judeus Contra Bolsonaro e a representantes da mesquita Sumayyah Bint Khayyat (SP), o texto se posiciona a favor da candidatura de Fernando Haddad (PT). 

"Somos parte das três religiões monoteístas do mundo. Acreditamos em um Deus de bondade e de amor. Um Deus que ama todas suas criaturas, não importa sua cor ou seu gênero", diz o documento. "Toda vez que a fé foi utilizada para promover a paz, tivemos progresso e convivência pacífica entre os seres humanos. Mas quando utilizaram dela para promover o ódio, tivemos os piores períodos da nossa história."

"Não podemos colaborar para que estes tempos sombrios voltem a surgir entre nós. A barbárie que bate a nossa porta não pode entrar", afirma. 

O texto afirma que judeus, muçulmanos e cristãos devem se unir "contra o obscurantismo". "Possa Nosso Deus único nos proteger, permitindo que o bem vença o mal, o amor e a compaixão vençam o ódio que foi semeado no coração de cidadãos brasileiros e que nos ajude fazendo com que todos retornem a consciência da palavra de Deus, em suas ações!"

De acordo com o empresário Mauro Nadvorny, um dos organizadores da frente judaica diz que a ideia surgiu há duas semanas. "Nós lançamos um manifesto entre judeus e muçulmanos e eu achei que era a hora que acrescentasse também os cristãos,  e foi feito esse manifesto que concentra as três principais religiões monoteístas".

"Nesse ponto, falamos a mesma língua. Os ensinamentos que se aprende na Bíblia, no Alcorão e na Torá não são nada disso que estão propondo e que já está ocorrendo", afirma a muçulmana Regina Oliveira, 60, de Juiz de Fora (MG). "Temos mulheres que já foram marcadas pela suástica, que apanharam no dia da eleição e não dá mais para fingir que não é com a gente." 

O grupo Judeus Contra Bolsonaro no Facebook conta com 5.700 membros. Já a Frente Evangélica contabiliza 12 mil curtidas em sua página na rede social. 

A expectativa dos organizadores é de que outras organizações assinem o manifesto após sua divulgação. 

O eleitorado religioso é um dos principais de Bolsonaro. Entre os evangélicos, por exemplo, o capitão reformado aparecia com 48% de intenção de votos em pesquisa Datafolha do dia 4 de outubro.

Na comunidade judaica também há cisão. Em 2017, um convite para que o presidenciável fizesse uma palestra no clube Hebraica em São Paulo opôs membros da comunidade, e o evento acabou cancelado. Pouco depois, porém, Bolsonaro compareceu a agenda na sede do clube no Rio de Janeiro.

Na época, cerca de 150 pessoas protestaram com gritos como "judeu sem memória", em alusão a Hitler. Bolsonaro chamou os manifestantes de "cérebro de ovo cozido".

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