O governador de São Paulo e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), disse nesta quinta (11) que ficará neutro no segundo turno em relação à disputa presidencial.
Em evento na capital paulista em que recebeu apoio do Major Costa e Silva (DC), aliado de Jair Bolsonaro que ficou em quinto lugar na disputa ao governo, França elogiou o presidenciável do PSL, mas disse que "São Paulo tem que fazer contraponto" à concorrência nacional e unir o estado.
"Eu posso discordar do que ele pensa, mas eu não tiro dele a autenticidade", disse França sobre Bolsonaro.
"[Já] O Doria é o oposto do autêntico", acrescentou, em crítica a seu adversário, o ex-prefeito João Doria (PSDB).
Enquanto Doria tem tentado nacionalizar a disputa no estado, dizendo que é a verdadeira oposição ao PT dentro de São Paulo, França tenta evitar essa discussão e reafirmar seus ataques ao opositor eleitoral.
"Hoje, São Paulo é um país dentro de um país. Nós não podemos acertar a lógica nacional para cá, porque a lógica nacional já está num conflito bem adiantado", afirma.
Além de Costa e Silva, França tem buscado aparecer neste segundo turno com outras pessoas que declararam apoio a Bolsonaro, como o presidente da Fiesp (federação de indústrias do estado) Paulo Skaf (MDB), terceiro lugar na eleição ao governo, e o senador eleito Major Olímpio (PSL).
No evento desta quinta, França foi ao mausoléu do Obelisco do Ibirapuera, na zona sul da capital, que guarda os corpos dos estudantes mortos durante a Revolução Constitucionalista de 1932, data cívica mais importante de São Paulo.
Antes de falar com a imprensa, disse que queria que fosse feito um filme sobre o episódio histórico.
"O governador Márcio França abraçou diversas pautas do meu plano de governo e se comprometeu pessoalmente comigo em levá-las à frente e torná-las realidade", disse Costa e Silva sobre os motivos que o levaram a apoiar o governador.
Questionado sobre quais pautas seriam essas, o major disse que eram "a valorização do ser humano, do nosso policial".
França tem feito promessas de aumento de salário a policiais, que aliados de Doria têm dito que são irreais porque estouraria o limite de pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal e não estão previstas no projeto de lei do orçamento.
O candidato da Democracia Cristã recebeu 3,6% dos votos válidos (747 mil) em 7 de outubro.
À tarde, após almoçar em uma unidade do restaurante popular Bom Prato na zona sul da capital, ele foi questionado em quem votará à Presidência ou se anula o voto, mas disse apenas que não é eleitor do PT.
"Já falei que eu não voto no PT, porque eu dei a minha palavra para a coronel (Eliane) Nikoluk (candidata a vice)", afirmou, quando indagado em quem votaria.
França tem negado abrir seu voto e, em caso de escolha de Bolsonaro, desagradar o eleitorado que vota no PT ou que rejeita o capitão reformado.
"Vou insistir que o partido me autorizou a ficar neutro exatamente por isso. Todos vocês compreendem isso", afirmou. "Eu estou concentrando a eleição em São Paulo."
"Durante toda a minha história, todo o tempo, o PT esteve contra mim. Foi uma característica deles, eu respeito a posição deles, mas eles não vão ter meu voto."
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