No WhatsApp, críticas ao TSE conseguem unir eleitores de Bolsonaro e Haddad

Tribunal é alvo de críticas e piadas dos eleitores dos dois candidatos

Débora Sögur Hous
São Paulo

A atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem deixado eleitores de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) descontentes por diferentes motivos. Para os primeiros, o TSE tem sido complacente com a disseminação de mentiras contra o PT por WhatsApp. Para os bolsonaristas, o tribunal faz vista grossa a denúncias de fraudes nas urnas eletrônicas.

Imagem de uma menina olhando para o computador com desânimo parece condensar um sentimento comum de eleitores de Bolsonaro e Haddad - Reprodução
A mesma menina desanimada foi encontrada em grupos pró-Bolsonaro e pró-Haddad
A mesma menina desanimada foi encontrada em grupos pró-Bolsonaro e pró-Haddad - Reprodução

Nesta quinta-feira (25) o Tribunal determinou a retirada de 55 links da web com um vídeo em que Jair Bolsonaro questiona a lisura do sistema de votação brasileiro. O deputado presidenciável bate nesta tecla desde, pelo menos, o dia 16 de setembro, quando disse em transmissão pelo Facebook que a fraude nos resultados faz parte de um plano para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa deixar a prisão.

Foi justamente a situação de apenado, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que fundamentou a decisão do TSE de barrar a candidatura do ex-presidente Lula. Em agosto, o Tribunal também ignorara medida provisória do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que pedia para que Lula pudesse concorrer às eleições. Naquele momento, a opinião dos partidários lulistas era de que a eleição sem Lula era fraude.

Meme é replicado em grupo de WhatsApp ironizando atuação do TSE nestas eleições
Meme é replicado em grupo de WhatsApp ironizando atuação do TSE nestas eleições - Reprodução

Segundo os apoiadores de Haddad, a sistemática campanha contra o PT no WhatsApp é o principal problema que o TSE faz pouco caso. No dia 18 de outubro, a Folha revelou que empresas compraram pacotes de disparo de mensagens em massa, via WhatsApp, contra o petista. Documentos confirmaram a oferta do serviço, que é ilegal.

Diante da pressão por resposta, os ministros do TSE se reuniram na segunda-feira (22) com o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, editores de sites de checagem de fatos e representantes das empresas de Redes Sociais (o WhatsApp participou por teleconferência) para conhecer estratégias contra a desinformação. 

Na segunda-feira (22), o Tribunal Superior Eleitoral fez uma reunião com o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições sobre maneiras de combater a desinformação
Na segunda-feira (22), o Tribunal Superior Eleitoral fez uma reunião com o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições sobre maneiras de combater a desinformação - Reprodução

Os ministros do Tribunal dizem que agem com cautela para respeitar a liberdade de expressão. Nesse ponto, bolsonaristas expressam nas redes sociais sua desaprovação. Flávio Bolsonaro, filho de Jair, chegou a ter seu número banido do WhatsApp por mandar mensagens não solicitadas em massa (spam). A situação no WhatsApp tem estimulado um êxodo para outro aplicativo, onde os eleitores de Bolsonaro esperam ter mais liberdade de compartilhar conteúdo.

presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Rosa Weber, avaliou no domingo (21) que a Justiça Eleitoral não falhou no combate à desinformação nestas eleições. Segundo ela, a disseminação de informações falsas é um "fenômeno mundial e o Poder Judiciário não tem uma solução pronta.

"Gostaríamos de ter uma solução pronta e, de fato, não temos", disse.

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Meme no WhatsApp critica atuação da ministra Rosa Weber frente ao TSE - Reprodução
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