Rosa Weber diz que a Justiça não pode impedir Bolsonaro de opinar sobre urnas

Presidente do TSE afirma que corte só vai se mobilizar se for formalmente provocada

A ministra Rosa Weber, presidente do TSE
A ministra Rosa Weber, presidente do TSE - AFP
Reynaldo Turollo Jr.
Brasília

Em entrevista coletiva na noite deste domingo (7) em que só foram permitidas três perguntas, a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Rosa Weber, afirmou que a Justiça não pode impedir o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) de expressar suas opiniões e pôr em dúvida as urnas eletrônicas, e que a corte só vai se mobilizar se for formalmente provocada.

“Quando o TSE vai atuar? Ele irá atuar a partir das impugnações formais que eventualmente venham a ser feitas, e nessa hipótese nós iremos apurar com rigor”, disse Rosa, após ser questionada sobre em que momento a corte poderá garantir que não houve fraudes, como aventado por aliados e simpatizantes do capitão reformado.

“Por outro lado, nosso sistema eletrônico é auditável. Apresentadas as impugnações, nós temos como proceder às verificações dos equipamentos para apurar alguma falha. Essa é a nossa confiança, a nossa segurança, e é por isso que me ​sinto tão tranquila diante das nossas eleições. As fraudes fazem parte dos processos em que seres humanos estão envolvidos. O que importa é que, uma vez denunciadas, que elas possam ser apuradas e que as irregularidades possam ser sanadas”, completou.

Questionada sobre se as autoridades se preocupam com as insinuações do primeiro colocado neste primeiro turno, no sentido de que as urnas são fraudadas, Rosa respondeu que sim, mas minimizou.
“Preocupação sempre nós temos, mas temos que enfrentar nossa preocupação com tranquilidade. Nós vivemos em uma democracia, as pessoas têm direito de ter suas opiniões, os seus juízos de valor. Eu não tenho como fazer para evitar [eventuais declarações].”

Antes de respostas às perguntas de jornalistas, a presidente do TSE afirmou que o primeiro turno deste domingo correu “dentro da mais absoluta normalidade” e que o segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) foi constatado oficialmente às 20h48, ainda antes da apuração ser encerrada em todos os estados.

Ao lado de Rosa, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que os responsáveis por espalhar criminosamente “fake news” sobre fraudes em urnas eletrônicas deverão ser “investigados e processados”.

“Nós não encontramos até o presente momento nenhum indicador de que essas 'fake news' que viralizaram têm base real”, disse Jungmann. Ele é responsável pela Polícia Federal, que investiga os casos.

​​O ministro destacou três episódios de “fake news” que considerou preocupantes. O primeiro é de  imagens de um homem que votou portando arma. Jungmann disse que todos os eleitores que compareceram àquela seção, que já foi identificada, terão de prestar depoimento.

O segundo caso foi de um eleitor que disse que, ao apertar o número 1 no teclado da urna, o equipamento encerrava a votação. “Essa urna foi periciada e não apresentou nenhum tipo de disfunção, mas mesmo assim foi afastada”, afirmou o ministro.

O terceiro caso foi o de dois policiais militares de Brasília que relataram que um mesário disse que uma das urnas já tinha votos inseridos nela antes do início da votação. A PF recolheu a urna e ouviu os policiais e o mesário, ainda segundo Jungmann.

Questionada sobre um vídeo publicado na internet por um dos filhos de Bolsonaro, em que um suposto eleitor acusava a urna de mostrar Haddad quando o número 1 era pressionado, Rosa disse que o caso foi esclarecido e foi descartada qualquer fraude.

“O que se concluiu é que [o vídeo] se trata de uma montagem. Inclusive recebi uma mensagem, dirigida ao TSE, do deputado Bolsonaro no sentido de agradecer às nossas providências. Lembrando que é um direito do cidadão exigir das autoridades providências, e assim procedemos”, disse a ministra.

Estiveram presentes ao pronunciamento o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, o ministro interino da Defesa, tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Rossato, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a ministra da Advocacia-Geral da União, Grace Mendonça, o presidente da OAB, Claudio Lamachia, e os demais integrantes do TSE, ministros Luís Roberto Barroso, Jorge Mussi, Og Fernandes, Tarcísio Vieira e Admar Gonzaga.  

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