Descrição de chapéu Eleições 2018

TSE decide reforçar combate a fake news e terá técnicos em centro de controle com PF

Conselho também fará videoconferência com executivos do WhatsApp para pedir providências

Reynaldo Turollo Jr. Letícia Casado
Brasília

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu reforçar no segundo turno as ações de enfrentamento às fake news, notícias falsas disseminadas pela internet, e passará a ter três servidores da área técnica dentro do centro integrado que monitora a segurança das eleições, localizado em Brasília.

A presidente da corte, ministra Rosa Weber, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, devem se reunir às 18h desta segunda-feira (15) para tratar da medida.

O objetivo é que os técnicos do TSE no CICCN (Centro Integrado de Comando e Controle Nacional) ajudem a Polícia Federal a identificar com maior rapidez informações falsas e permitam que o tribunal as desminta publicamente com celeridade.

O foco será nas fake news que têm potencial de abalar o pleito institucionalmente, como as que falam de fraudes nas urnas eletrônicas.

A eventual remoção das fake news da internet continuará dependendo de processos judiciais que precisam seguir seus trâmites —e, por isso, podem levar dias—, mas a expectativa é de encurtar o caminho.

Nesta terça (16), às 15h (horário de Brasília), representantes do TSE, do Ministério Público Eleitoral e de outros órgãos que compõem o conselho consultivo sobre fake news deverão participar de uma videoconferência com executivos do WhatsApp que estão nos Estados Unidos.

O aplicativo de mensagens instantâneas foi identificado pelo conselho, no primeiro turno das eleições, como um dos principais meios de transmissão de fake news, mas o TSE tem afirmado que há dificuldades para tomar providências por causa de limitações técnicas— sobretudo impossibilidade de identificar de onde primeiro partiu a informação falsa.

O conselho consultivo deverá pedir um empenho do WhatsApp para conter a disseminação de fake news.

Na sexta (12), o ministro do TSE Luis Felipe Salomão negou um pedido de liminar feito pela coligação do candidato Fernando Haddad (PT) para retirar conteúdos ofensivos e falsos de um grupo de WhatsApp.

O alvo do pedido do PT era um grupo de WhatsApp com 173 participantes, cujos administradores já foram identificados, que tem divulgado notícias falsas. Uma delas diz que o partido financia performances com pessoas nuas. Outra, que Manuela d'Ávila (PC do B), candidata a vice, disse que o cristianismo vai desaparecer. Outra, ainda, afirma que Haddad incentiva a hipersexualização de crianças.

O ministro do TSE escreveu em sua decisão que as mensagens via WhatsApp não são abertas ao público, como as do Facebook ou do Twitter. “A comunicação é de natureza privada e fica restrita aos interlocutores ou a um grupo limitado de pessoas, como ocorreu na hipótese dos autos, de modo que a interferência desta Justiça especializada deve ser minimalista, sob pena de silenciar o discurso dos cidadãos comuns no debate democrático”, afirmou.

“Em um exame preliminar —e ressalvados os casos de difusão de práticas criminosas—, parece evidente a inviabilidade desse tipo de controle, porquanto a Justiça Eleitoral é incapaz de acompanhar todas as conversas e manifestações externadas nas mídias eletrônicas, como aplicativos de mensagens instantâneas.”

Nesta segunda-feira (15), Rosa se reuniu com outros ministros do TSE para discutir o impacto das fake news na campanha e na credibilidade do tribunal. Eles conversaram sobre a necessidade de o TSE dar uma resposta institucional aos ataques ao sistema da urna eletrônica, mas sem limitar o direito de expressão do eleitor.

Desde a semana passada, a presidente tem se mostrado preocupada com a agressividade dos ataques feitos ao sistema de votação e ao TSE, segundo pessoas próximas à magistrada. Este tema será debatido na tarde desta terça (16) em reunião com representantes das campanhas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

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