À PF, Pezão diz que só ganhou sistema de som de Cabral

Governador do Rio foi preso sob suspeita de integrar esquema de corrupção do seu antecessor

Italo Nogueira
Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), negou em depoimento à Polícia Federal ter recebido propina de empreiteiros ou mesada de seu antecessor, Sérgio Cabral (MDB).

Pezão afirmou que a única coisa que recebeu do ex-governador foi um sistema de som, em 2008, como presente de aniversário. As informações sobre o depoimento foram dadas pelo advogado Flávio Mirza, que representa o emedebista.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), chega à sede da Polícia Federal após ter sido detido
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), chega à sede da Polícia Federal após ter sido detido - Mauro Pimentel/AFP

O governador foi preso sob suspeita de participar e manter em sua gestão o esquema de corrupção montado por Cabral. O economista Carlos Miranda, delator e gerente da propina de Cabral, o apontou como beneficiário de uma mesada de R$ 150 mil durante a gestão do ex-governador (2007 a 2014).

"Ele negou veementemente o recebimento de qualquer propina. Nunca recebeu mesada", disse ele.

Pezão declarou ainda que sua casa em Piraí não tem placas de energia solar. O equipamento foi parte da propina paga por uma empresa, de acordo com relator de Miranda.

"Ele explicou que a única coisa que ele ganhou de Cabral foi um sistema de som em 2008 como presente de aniversário. Não sabe quanto custou", disse Mirza.

O advogado afirmou que Pezão disse conhecer Miranda, mas negou ter recebido valores do delator. Também disse não ter como explicar referências ao seu nome em bilhetes apreendidos na casa de Luiz Carlos Bezerra, espécie de carregador de mala de Miranda a partir de 2010.

O governador também negou que os sócios da empresa JRO Pavimentação sejam seus operadores financeiros, como narra a Procuradoria-Geral da República.

Pezão foi preso porque, para a PGR, "poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa".

Em entrevista coletiva, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que se trata de um “esquema criminoso que ainda não cessou”.

“O que se percebe é que um dos crimes em curso é de organização criminosa. As informações são de que a organização criminosa continua atuando, especialmente na lavagem de dinheiro, que consiste em ocultar ou dissimular o dinheiro”, afirmou.​

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.