Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Em 1ª reunião, governo fala em gastos e nomeações 'incomuns' sob Temer

Em entrevista, Bolsonaro afirma que 'tem muita coisa errada' e cita despesas com programa da Funai e em evento esportivo no Rio

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Brasília

A primeira reunião ministerial do gabinete empossado de Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (3), terminou sem o anúncio previsto das medidas prioritárias do novo governo e voltou à carga para a gestão de Michel Temer.

Após o encontro entre o presidente, seu vice, general Hamilton Mourão, e os 22 novos ministros, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, evitou detalhar os próximos passos do governo e focou seu discurso em críticas e suspeitas contra o antecessor de Bolsonaro.

Jair Bolsonaro (ao centro), durante sua primeira reunião com ministros, nesta quinta (3)
Jair Bolsonaro (ao centro), durante sua primeira reunião com ministros, nesta quinta (3) - Marcos Corrêa/Divulgação Presidência

Segundo Onyx, foi identificada uma "movimentação incomum de nomeações, exonerações e recursos destinados a ministérios" no apagar das luzes de Temer e que, por isso, o novo presidente pediu a revisão de todos esses dados.

Em entrevista ao SBT após a reunião, Bolsonaro disse que o pente-fino no governo de seu antecessor se justifica porque "tá na cara que tem muita coisa errada".

Ele elencou algumas iniciativas que levantaram desconfiança de sua equipe. Uma delas: o desenvolvimento de uma criptomoeda indígena, parceria entre a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Universidade Federal Fluminense —já suspenso pela ministra de Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. O projeto custaria em torno de R$ 44 milhões.

Ele também pôs a Lei Rouanet sob sua mira ao citar um projeto promovido pela estatal Furnas "para duas corridas em comunidades pacificadas" no Rio, uma delas sendo o morro do Borel.

Bolsonaro também destacou que o Ministério do Turismo encomendou uma consultoria para "abrir uma representação para estimular turismo no Brasil", que custou R$ 3 milhões, um valor que lhe pareceu desproporcional para a tarefa.

"Qualquer um de nós poderia fazer algo parecido com uma consulta na internet."

Pela manhã, o chefe da Casa Civil afirmou ainda que foi solicitado aos ministros relatórios sobre atos e gastos dos últimos 30 dias, mas não forneceu nenhuma outra informação sobre possíveis irregularidades. "Houve uma movimentação incomum de nomeações e exonerações nos últimos 30 dias, assim como também houve movimentação incomum de recursos destinados a ministérios", disse Onyx.

De acordo com o ministro, o volume desse fluxo, principalmente nas últimas duas semanas, "causou estranheza" à equipe de Bolsonaro. "O presidente quer relatório de cada um, de onde foi o dinheiro, por que isso foi feito e se tem suporte para ter sido feito", completou Onyx.

O ministro havia prometido para esta quinta a divulgação das prioridades para os primeiros dias do novo governo, mas acabou adiando o plano.

Principal bandeira do ministro Paulo Guedes (Economia), a reforma da Previdência, por exemplo, mais uma vez não foi fechada mas, segundo Onyx, será implementada pelo novo governo.

"Só uma palavra: nós vamos fazer a reforma da Previdência. Ponto. Próxima pergunta", respondeu ao ser questionado por jornalistas sobre o tema.

As medidas que foram divulgadas depois do encontro, como os relatórios e revisões, têm pouco efeito prático para a redução de gastos, apesar de afinadas ao discurso político que elegeu o presidente.

Na reunião, Bolsonaro pediu a seus auxiliares que eles escolham apenas pessoas que estejam alinhadas com o governo para ocupar cargos em cada uma das pastas.

De acordo com pessoas presentes no encontro, Bolsonaro exigiu um alinhamento de sua equipe e fez apelo para que os ministros evitassem comentários ou declarações que possam dar impressão de desajuste dentro do governo.

Ecoando o discurso da "despetização" da máquina pública, Onyx disse, por exemplo, que "faltou coragem" a Temer para "limpar a casa" antes do fim do mandato e demitir servidores supostamente ligados ao PT. Foi a maneira que ele encontrou para justificar a exoneração de 320 funcionários de cargos de confiança vinculados à Casa Civil.

Ele negou que a prática seja uma caça às bruxas. Anunciou ainda que o governo pretende chamar de "Casa Brasil", modelo que consiste em reunir toda a estrutura da administração direta nos estados e capitais em um único local. O objetivo, explica, é permitir a venda dos imóveis ociosos da União. "A União tem próximo de 700 mil imóveis e ainda aluga espaço. É um contrassenso absoluto", declarou.

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