Bolsonaro recebe Moro e diretor-geral da PF em meio a desgaste com vazamento

Encontro não estava previsto inicialmente nas agendas e ocorreu a pedido do presidente

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) recebeu nesta quarta-feira (12) o ministro Sergio Moro (Justiça) pelo segundo dia seguido, em meio às repercussões do vazamento de uma troca de mensagens do ex-juiz da Lava Jato com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato.

O encontro, que não estava previsto inicialmente nas agendas, teve a participação também do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Os três se reuniram às 12h no Palácio do Planalto a pedido de Bolsonaro, segundo a assessoria da Presidência. Não foi informado o assunto tratado por eles. 

O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do ministro Sergio Moro
O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do ministro Sergio Moro - Andre Coelho/Folhapress

Segundo série de reportagens do site The Intercept Brasil, Moro e Deltan discutiam colaborações de processos em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça pelo Ministério Público Federal. 

Para advogados e professores, a maneira como o atual ministro da Justiça e o procurador reagiram à divulgação das conversas, sem contestar o teor das afirmações e defendendo o comportamento adotado na época, aponta que o conteúdo é fidedigno e que ele pode servir de base para reverter decisões da Lava Jato, por exemplo, contra o ex-presidente Lula.

Por esse raciocínio, o fato de o material ter sido provavelmente obtido por meio de um crime faz com que ele não tenha como ser utilizado para acusar um suspeito, mas possa servir para absolver um acusado.  ​

Segundo a legislação, é papel do juiz se manter imparcial diante da acusação e da defesa. Juízes que estão de alguma forma comprometidos com uma das partes devem se considerar suspeitos e, portanto, impedidos de julgar a ação. Quando isso acontece, o caso é enviado para outro magistrado.

Moro foi o juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba. Ele deixou a função ao aceitar o convite do presidente, em novembro, após a eleição. ​O site The Intercept Brasil informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram, de 2015 a 2018.

Desde que mensagens que o conteúdo foi publicado, Bolsonaro ainda não comentou o caso. Na terça-feira (11), por exemplo, ele encerrou abruptamente uma entrevista quando foi questionado sobre o tema. Horas antes ele havia recebido Moro para um breve encontro, que durou cerca de 20 minutos. Apenas Moro se manifestou sobre o encontro e disse ter sido uma conversa "tranquila".

Apesar do silêncio de Bolsonaro, seus filhos e familiares vêm defendendo o ministro e falam em "ação orquestrada" contra ele e contra a Lava Jato.

Para minimizar as críticas, Moro se apresentou voluntariamente para prestar esclarecimentos ao Senado na próxima semana para evitar um constrangimento maior, como uma convocação.

RESUMO DOS DIÁLOGOS EM 3 PONTOS

  1. Troca de colaborações entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato
  2. Dúvidas de Deltan a respeito da solidez das provas que sustentaram a primeira denúncia apresentada contra o ex-presidente Lula
  3. Conversas em um grupo em que procuradores comentam a solicitação feita pela Folha para entrevistar Lula na cadeia
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