Alvo de bolsonaristas, Witzel põe polícia para investigar vídeo de ataque

Arquivo foi disparado na noite de quinta-feira (31) e critica governador e TV Globo

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Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), determinou que a Polícia Civil do estado investigue a origem de um vídeo que passou a circular nas redes sociais e que usa montagem para atacá-lo.

A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática instaurou inquérito nesta sexta-feira (31) e vai apurar a origem dos arquivos. A unidade vai analisar também o eventual uso de ferramentas para disparo em massa.

O governador do RJ, Wilson Witzel (PSC) - Mauro Pimentel/AFP

O vídeo, em meio ao embate de Witzel com bolsonaristas, foi distribuído principalmente por WhatsApp e mistura críticas a ele e à TV Globo. Afirma que o governador se aliou à emissora para “tentar destruir a imagem do presidente da República”.

O discurso é semelhante ao feito pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira (29) à noite, em reação a uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo. A emissora revelou a existência de um depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra citando o presidente no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Segundo o Ministério Público do Rio, o depoimento não condiz com os fatos investigados.

Bolsonaro atribuiu o vazamento da informação sigilosa a Witzel, e atacou tanto o governador como a emissora. Ele nega ter repassado o depoimento à TV. Neste sábado (2), o presidente voltou a criticar Witzel e, sem apresentar evidências, disse que ele manipulou o caso Marielle.  

No vídeo que circula nas redes, o narrador afirma que o governador é “o pretenso candidato da Globo a presidente da República” e que “vai liberar dinheiro” para a emissora.

O arquivo também atribui a Witzel uma operação nas redes sociais “para destruir a imagem de Bolsonaro”. No fim, a voz pede para que o vídeo seja viralizado para evitar que o presidente seja atingido.

Além de acionar a polícia, o governador pediu a atuação do Gabinete de Segurança Institucional do estado, órgão criado por ele em março.

Essa não foi a primeira ação contra o governador desde a divulgação do depoimento. Um grupo de seis pessoas foi a um evento dele em Itaperuna o chamando de “traidor”.

As redes sociais de Witzel também têm sido alvo de ataques de bolsonaristas e redução no número de seguidores desde o episódio.

Witzel foi eleito se alinhando à candidatura de Bolsonaro. Atribui-se ao apoio dado pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) a duas semanas do primeiro turno da eleição passada a arrancada final que levou o ex-juiz ao segundo turno. Ele somava 1% nas pesquisas de intenção de voto ao longo da campanha e atingiu 41% no primeiro turno.

Neste primeiro ano de mandato, Witzel tem se afastado lentamente de Bolsonaro. Ele já declarou ter o desejo de ser presidente da República, o que desagradou ao atual ocupante do cargo.

A ruptura entre os bolsonaristas e o governador fluminense se intensificou quando Witzel, em entrevista à Globonews, afirmou que sua eleição não se devia à aliança com Bolsonaro, mas a seus atributos pessoais.

A declaração desencadeou um racha no PSL. O senador Flávio Bolsonaro, presidente do PSL-RJ, decidiu que a sigla deveria deixar a base de apoio governista na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Alguns deputados do grupo, contudo, continuam mantendo boas relações com o governador.

A divulgação do depoimento foi a gota d’água de uma relação que já se desgastava.

Globo afirmou em nota na última terça (29), após ser criticada por Bolsonaro pela reportagem sobre o caso Marielle, lamentar que o presidente demonstre "não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão".

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