Bolsonaro vê democracia em panelaço contra governo e convoca manifestação a seu favor

Um dia antes, SP, Rio e outras cidades tiveram panelaço antecipado contra o presidente

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O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao lado de ministros, no Planalto

O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao lado de ministros, no Planalto Pedro Ladeira/Folhapress

Brasília

Diante da convocação nas redes sociais para um panelaço contra o governo nesta quarta-feira (18), esse marcado para as 20h30, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais para convocar uma manifestação idêntica a seu favor, só que meia hora depois.

Bolsonaro é alvo de panelaço em cidades brasileiras pelo segundo dia seguido (leia mais aqui).

"O jornal Hoje (TV Globo) e Veja on line, divulgam, de forma ostensiva, PANELAÇO hoje às 20h30 contra o Presidente Jair Bolsonaro. Mas a mesma imprensa, que se diz imparcial, NÃO DIVULGA outro PANELAÇO, às 21h A FAVOR DO GOVERNO JAIR BOLSONARO", escreveu o mandatário.

O presidente Jair Bolsonaro, diante do Planalto, nos protestos de domingo (15)
O presidente Jair Bolsonaro, diante do Planalto, nos protestos de domingo (15) - Sérgio Lima/AFP

O panelaço anti-Bolsonaro previsto para as 20h30 tem sido mobilizado via redes sociais. O presidente foi alvo de protesto do mesmo tipo na terça (17), quando algumas grandes cidades brasileiras —como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília— tiveram panelaços.

Em entrevista à imprensa, Bolsonaro disse que o movimento da terça-feira foi uma "manifestação da democracia" e ressaltou que qualquer protesto popular deve ser compreendido pela classe política.

"Parece que é um movimento espontâneo por parte da população. Qualquer movimento por parte da população eu encaro como uma expressão da democracia", disse.

O presidente cobrou, no entanto, que os veículos de imprensa divulguem também o protesto favorável a ele marcado para a noite desta quarta-feira.

"Não interessa o que venha acontecer. Qualquer manifestação popular nas ruas ou dentro de casa, com panelaço, nós políticos devemos entender como uma pura manifestação da democracia", afirmou.

Ainda na entrevista, disse que, "em qualquer momento que a nação assim precisar, eu estarei na linha de frente com esse povo, que é o meu exército, que é o exército de todos os democratas do Brasil".

A Folha não foi incluída pelo Palácio do Planalto na lista de veículos de imprensa que tiveram a oportunidade de fazer perguntas ao presidente. A Secom (Secretaria Especial de Comunicação) informou que o critério de escolha foi baseado na ordem de envio de inscriçõ​es. A Folha apurou, no entanto, que fez seu pedido antes de outros veículos contemplados para questionar Bolsonaro.

Em São Paulo, os panelaços de terça, com gritos de "fora Bolsonaro", ocorreram em bairros como Aclimação, República, Consolação, Santa Cecília, Higienópolis e Bela Vista, na região central, e Pompeia, Pinheiros, Perdizes e Jardins, na zona oeste.

Em Perdizes também houve manifestações de apoiadores em resposta, como "viva Ustra", referência ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, oficial da ditadura militar que costuma ser elogiado pelo presidente.

No Rio de Janeiro, houve manifestações no Jardim Botânico e em Copacabana, na zona sul. Em Brasília, na Asa Norte.

Os panelaços em janelas de apartamentos se tornaram um dos símbolos de protesto contra a então presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016.

O chamamento de Bolsonaro está sendo replicado por seus aliados nas redes sociais. As publicações ocorrem, no entanto, após a mensagem divulgada pelo presidente.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, divulgou o panelaço pró-Bolsonaro cerca de 10 minutos depois da convocação de Bolsonaro. NasRuas, Movimento Brasil Conservador, que ajudaram a convocar os até do dia 15, não haviam postado antes do presidente. Outros grupos de apoio só passaram a falar do assunto após o presidente tuitar.

Nesta terça-feira, foi protocolado na Câmara o primeiro pedido de afastamento de Bolsonaro na Presidência por ter convocado atos contra o Congresso e o Judiciário no último fim de semana.

Um dia antes, a ex-aliada Janaina Paschoal, deputada estadual em São Paulo pelo PSL, pediu em discurso que o presidente deixe o cargo.

Em meio à crise do coronavírus, o presidente vem tendo um posicionamento de relativizar a dimensão da pandemia, embora o próprio governo já tenha solicitado o reconhecimento de calamidade pública no país.

Governadores nos estados, como Wilson Witzel (PSC), no Rio, anunciaram medidas drásticas para reduzir a circulação de pessoas, como impedir o tráfego de ônibus intermunicipais.

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