Veja quem Bolsonaro já nomeou em troca de apoio do centrão para evitar impeachment

Bloco composto por adeptos do 'toma lá da cá' reúne cerca de 200 dos 513 deputados da Câmara

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Brasília

Desde que passou a negociar cargos com os partidos do chamado centrão em troca de apoio no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já entregou espaços importantes da máquina federal a legendas como PP, PL e Republicanos.

As indicações começaram a ser feitas em abril pelos partidos. As primeiras nomeações saíram no fim do mês passado.

A última delas foi a do deputado Fábio Faria (PSD-RN) como futuro ministro das Comunicações. Casado com a apresentadora Patrícia Abravanel, ele é genro de Silvio Santos, dono da rede de televisão SBT.

O presidente Jair Bolsonaro abraça o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, em sessão solene pelos 42 anos da Igreja Universal, no ano passado
O presidente Jair Bolsonaro abraça o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, em sessão solene pelos 42 anos da Igreja Universal, no ano passado - André Coelho - 10.jul.19/Folhapress

Atacado na campanha por Bolsonaro como sendo exemplo do que chama de velha política, composto por congressistas adeptos do "toma lá da cá", o centrão reúne cerca de 200 dos 513 deputados.

O grupo é formado principalmente por PP, PL, Republicanos, PTB e PSD (esse último nega fazer parte), que encabeçam a atual negociação. DEM, MDB e Solidariedade também fazem parte do bloco na Câmara, comandado pelo líder do PP, Arthur Lira (AL).

Do lado de Bolsonaro, as negociações têm como objetivo formar uma inédita base de sustentação no Congresso para garantir a aprovação de projetos e, principalmente, barrar a abertura de um possível processo de impeachment do presidente.

Para evitar esse risco, Bolsonaro precisa ter ao seu lado pelo menos 172 dos 513 deputados federais.

Nomeações ligadas ao centrão feitas por Bolsonaro

Fernando Leão (Avante)
Nomeado para a direção-geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), indicado pelo Progressistas.

Vinculada ao MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional), a autarquia é responsável pela construção de barragens e açudes nas regiões áridas do país, tem forte caráter assistencial no interior do Nordeste.
Apesar da indicação do Progressistas, Marcondes é filiado ao Avante.

A costura fez parte da estratégia de partidos maiores de atraírem siglas menores para a base do governo.

  • Orçamento do Dnocs autorizado para 2020: R$ 998,5 milhões

Carlos da Silva Filho
Nomeado para a Superintendência de Trens Urbanos do Recife por indicação do PSC. A superintendência faz parte da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), que é vinculada ao MDR. A nomeação teve a chancela de caciques do centrão da Câmara com o objetivo de levar o PSC, que tem nove deputados, para a base de Bolsonaro.

  • Orçamento da CBTU autorizado para 2020: R$ 1,1 bilhão

Tiago Pontes Queiroz
Nomeado para a Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional por indicação do Republicanos. Advogado, Queiroz entrou no lugar de Adriana Melo Alves, funcionária de carreira do MDR.

  • Orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional autorizado para 2020: R$ 17,2 bilhões.

Garigham Amarante Pinto
Nomeado para a Diretoria de Ações Educacionais do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) por indicação do PL.

A diretoria é responsável pela gestão de alguns dos programas mais importantes do fundo, que tem orçamento bilionário, como os de livro didático, transporte escolar e de transferências diretas para as escolas. Garigham é nome de confiança de Valdemar Costa Neto, que comanda o partido.​

  • Orçamento do FNDE autorizado para 2020: R$ 29,9 bilhões

Carlos Marun (MDB)
Aliado fiel do ex-presidente Michel Temer (MDB), o ex-ministro foi nomeado para o cargo de conselheiro da Itaipu Binacional. A indicação teria partido do próprio ex-presidente.

José Carlos Aleluia (DEM)
Reconduzido ao conselho da Itaipu Binacional, é indicação do DEM. ​Antigo cacique do partido, o ex-deputado foi sugerido para o cargo pelo presidente da legenda, ACM Neto (BA), segundo congressistas.

Giovanne Gomes da Silva
Comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, o coronel foi nomeado para a presidência da Funasa, fundação vinculada ao Ministério da Saúde, por indicação de Diego Andrade (MG), líder do PSD na Câmara. O partido nega fazer parte oficialmente do centrão

Carlos Roberto Fortner
Nomeado para o cargo de diretor-presidente do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) por indicação de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD. Fortner presidiu os Correios no governo de Michel Temer

Fábio Faria (PSD)
Deputado federal pelo Rio Grande do Norte foi anunciado por Bolsonaro como novo ministro das Comunicações, pasta a ser criada com o desmembramento do atual Ministério de Ciência e Tecnologia. Casado com a apresentadora Patrícia Abravanel, Faria é genro de Silvio Santos, dono do SBT.

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