Bolsonaro divulga propaganda em que conversa com pessoas de bancos de imagens

Fotos de homem e mulher foram localizadas em bancos de imagens profissionais; uma delas já havia sido usada em outra campanha

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) divulgou nesta quarta-feira (1º) uma propaganda em que ele conversa, por telefone, com pessoas cujos rostos estão disponíveis em bancos de imagens. Uma das fotos, inclusive, já ilustrou outra campanha do governo.

Horas após a publicação, o Palácio do Planalto disse que o vídeo era uma "peça piloto inacabada" e que ela foi retirada do ar.

Quando "Dona Maria Eulina", de Penaforte (CE), pergunta como está a transposição do rio São Francisco em seu estado, aparece a foto de um sorridente senhora que, no site iStock, está sob a legenda "Mulher idosa feliz que sorri feliz na idade adulta - Imagem em Alta Resolução" e pode ser adquirida por R$ 45.

A campanha cita obras tocadas pelo executivo federal. "Governo federal: milhares de obras e ações por todo o país. Você fala com o governo, o governo fala com o Brasil", diz o vídeo, que estimula o espectador a mandar vídeos pelo Whatsapp.

Depois de "Dona Maria Eulina"​, quem pergunta é "Francisco Valmar", de Parnamirim (RN), que questiona se há "alguma notícia boa" em relação a trem urbano. A foto que aparece está no Shutterstock sob a legenda "retrato de trabalhador na fábrica no fundo" e, segundo o site, pode ser baixada gratuitamente.

O "trabalhador na fábrica no fundo" já estrelou outra campanha do governo, "O Brasil não pode parar", criada pela Presidência em março para respaldar o discurso de Bolsonaro de reabertura do comércio.

À época, a AGU (Advocacia-Geralda União) citou nota técnica da Secom que afirmava que o vídeo vazado era uma peça "meramente experimental e não aprovada”, sem custos aos cofres públicos.

A peça foi posteriormente vetada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). O ministro decidiu "vedar a produção e circulação, por qualquer meio, de qualquer campanha que pregue que 'O Brasil Não Pode Parar' ou que sugira que a população deve retornar às suas atividades plenas, ou, ainda, que expresse que a pandemia constitui evento de diminuta gravidade para a saúde e a vida da população".

Segundo ele, a supressão das medidas de distanciamento social, propagadas pela publicidade elaborada no governo, colocaria em risco a vida, a segurança e a saúde da população, direitos que a Corte tem o dever de tutelar.

A Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) disse em nota que o vídeo publicado nesta quarta não deverá ser veiculado.

"O vídeo publicado no dia de hoje, 1° de julho, nas redes sociais pessoais do presidente Jair Bolsonaro, trata-se de uma peça piloto inacabada que não deverá ser veiculada, não possuindo, portanto, caráter oficial. De todo modo, a fim de sanar qualquer tipo de distorção dos fatos, o vídeo foi retirado do ar", afirmou a secretaria.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.