Sem TV, candidatos de Jaboticabal apostam em lives e horário eleitoral no rádio

Cidade do interior de São Paulo terá cobertura completa da Folha nas eleições deste ano

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Jaboticabal (SP)

O rádio, esse quase centenário meio de comunicação, é a principal ferramenta que os candidatos à Prefeitura de Jaboticabal (a 342 km de São Paulo) terão à disposição neste ano para tentar convencer os eleitores da cidade no horário eleitoral que começa no próximo dia 9 de outubro.

Ao contrário de outras cidades menores que ela no interior paulista, Jaboticabal não tem nenhum canal local de TV, nem mesmo educativo.

Como contraponto, os candidatos terão um toque de modernidade como aliado, as lives que já têm dominado diariamente as redes sociais. Mas há dúvidas sobre o real alcance delas e o interesse do eleitor em assistir programação política em seus smartphones.

A dupla rádio-lives dará o tom na cidade do interior, em especial porque os candidatos não sabem como sairão às ruas para cumprimentar eleitores e pedir votos em meio à pandemia do novo coronavírus.

“TV e rádio são fundamentais. Temos aqui 23% das residências sem internet banda larga, apesar de ter internet móvel. Só que ela tem custo e, com renda baixa, fica difícil baixar dados para ver propaganda política. As pessoas vão querer aproveitar o tempo e recursos para ver outras coisas. Se tivéssemos uma geradora local, seria ótimo”, disse o candidato Emerson Camargo (Patriota).

homem sentado fala ao microfone em estúdio de rádio
O diretor Julio Cesar Tomé durante programa da rádio Vida Nova de Jaboticabal - Eduardo Anizelli/Folhapress

No último dia 7 de setembro, o rádio completou 98 anos de sua primeira transmissão no país. Epitácio Pessoa, então presidente do país, usou o meio para falar sobre a celebração do centenário da Independência.

Jaboticabal destoa de outras localidades menos populosas no interior que possuem canais de TV, como Ibitinga, Batatais, Andradina e Brodowski.

A cidade tem três emissoras comerciais de rádio, duas AM (Vida Nova e Jovem Pan) e uma FM (101), o que também difere do cenário do país, dominado por FMs.

“Quer um resultado diferente, faça diferente. Em cidades do porte de Jaboticabal, o rádio tem uma penetração muito grande. E a audiência não diminui durante o horário eleitoral”, disse o diretor da rádio Vida Nova, Julio Cesar Tomé, também secretário da Indústria, Comércio e Turismo da cidade.

Questionado se as redes sociais poderiam tomar a preferência do eleitor que busca informação política, Tomé disse acreditar que não. “É muito mais fácil ter uma rede social do que uma rádio, e a rádio tem muitas redes sociais, mas tem também a questão da credibilidade da informação.”

O horário eleitoral gratuito no rádio será transmitido na cidade entre os dias 9 de outubro e 12 de novembro, de acordo com o calendário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Com 77 mil habitantes, Jaboticabal não tem possibilidade de segundo turno na eleição.

“Produzir conteúdo para TV é muito caro, então a forma como é acaba barateando. Estamos fazendo lives caseiras, apostando muito no conteúdo”, disse o candidato José Giácomo Baccarin (PT).

João Roberto da Silva (DEM) disse que seria interessante ter uma emissora de TV, para propagar mais as candidaturas, especialmente num momento em que pode haver mais resistência dos eleitores com visitas às suas casas devido à pandemia.

“Mesmo que seja na frente de casa, tomando todas as precauções, as pessoas podem ficar resistentes. As alternativas que temos são as redes sociais.”

Vitorio de Simoni (MDB) disse, porém, que os políticos locais já se acostumaram com a ausência da propaganda televisiva e que a população está acostumada a ouvir as ideias por meio do rádio e das redes sociais.

“A antiga campanha, de comício, não é mais realidade, até por que temos de evitar aglomerações de pessoas”, disse.

Conhecida como Athenas Paulista, mas também já chamada de Cidade das Rosas e de Cidade da Música, Jaboticabal terá cobertura completa da Folha durante as eleições municipais deste ano.

Uma campanha que promete ser parelha, problemas estruturais e a atuação restrita da imprensa profissional são alguns dos ingredientes que tornam interessante a cobertura jornalística nessa cidade de 77 mil habitantes.

Jaboticabal, ao contrário do que já ocorre em outras localidades menores, não tem uma TV (comunitária ou educativa) para a transmissão do horário eleitoral gratuito, o que faz com que a campanha seja diferente das disputas dos grandes centros.

Os candidatos, e a própria dinâmica local, serão acompanhados diariamente pelo jornal, assim como ocorre nas eleições em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Além dos ingredientes políticos colocados na disputa deste ano, Jaboticabal foi escolhida pela Folha por ser uma cidade com forte peso educacional, com quatro universidades ou centros universitários, e também se destacar economicamente na agricultura e nas indústrias de alimentação e cerâmica.

Jaboticabal brasileira

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