Descrição de chapéu Eleições 2020

Veja o que fazer para reduzir o risco de contágio por coronavírus no dia da eleição

TSE tem protocolo sanitário para o dia da votação, e especialistas aconselham cuidados no trajeto à zona eleitoral

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São Paulo

O Tribunal Superior Eleitoral elaborou um protocolo sanitário das eleições municipais de 2020 para evitar a disseminação de coronavírus nos locais de votação.

Os espaços serão adaptados para manter distanciamento mínimo de 1 metro entre os eleitores e mesários e haverá álcool em gel disponível antes e depois da votação. Eleitores e mesários são obrigados a usar máscara. O horário de votação foi ampliado em uma hora para evitar aglomerações.

Infectologistas e epidemiologistas ouvidos pela Folha, no entanto, lembram que os cuidados para evitar o contágio devem começar no trajeto para os locais de votação.

As recomendações seguem as regras gerais que precisam ser adotadas para saídas de casa durante a pandemia: o uso correto de máscaras, cobrindo o nariz e a boca, o distanciamento entre as pessoas e a higiene das mãos após encostar em qualquer superfície.

Para os eleitores que não têm transporte individual ou a possibilidade de ir a pé ao local de votação, o uso de transporte público também requer higienização das mãos —e o ideal também é evitar os que estiverem cheios de passageiros.

Nas seções eleitorais, a Justiça Eleitoral excluiu a identificação biométrica e alterou o protocolo de entrega dos documentos, que agora devem ser apenas exibidos aos mesários, também para evitar o contágio, e especialistas recomendam que haja uma higienização constante das mãos durante o período de votação.

Veja abaixo perguntas e respostas dos principais cuidados para reduzir o risco de contágio por coronavírus no dia da eleição.

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Quais são os cuidados básicos para evitar o contágio pelo coronavírus? As regras básicas não são diferentes das já recomendadas para quem precisa sair de casa. Segundo Leonardo Weissmann, infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, isso inclui manter o distanciamento físico entre as pessoas, evitar aglomerações, usar corretamente a máscara —cobrindo o nariz e a boca— e higienizar as mãos após o contato com qualquer superfície.

As medidas minimizam a possibilidade de contato com gotículas liberadas no ar, secreções ou alguma superfície contaminada.

Dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado para tendências de aumento do casos de coronavírus pelo país.​

Segundo Natalia Pasternak, doutora em microbiologia pela USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, os cuidados para evitar contágio permanecem os mesmos nesse cenário para o segundo turno.

"O maior problema não está em situações como as eleições, o problema está em situações que convidam a aglomerações", caso das reuniões de família, festas e bares, explica a especialista. "Esses são os maiores focos de contágio, não as eleições feitas de uma maneira organizada, desde que, claro, todo mundo respeite as regras", diz.

Além do distanciamento físico e do uso correto de máscaras, ela lembra que é importante não compartilhar objetos e usar álcool em gel para higienizar as mãos.

Quais são os principais cuidados durante o trajeto para o local de votação? Para os que não têm transporte individual ou a possibilidade de ir a pé para os locais de votação, utilizar o transporte público requer atenção. Pasternak explica que esse é um dos locais com maior risco de contaminação, já que há a possibilidade de aglomeração e a necessidade de encostar em superfícies.

Além do uso de máscara, a especialista recomenda higienizar as mãos antes e depois de encostar em corrimãos e catracas, por exemplo. Se possível, é importante também evitar aglomerações.

Posso me contaminar tendo contato com panfletos e outros tipos de papeis? Sim. Leonardo Weissmann explica que o risco de contaminação se dá tanto pela proximidade entre as pessoas na distribuição do material quanto pela possibilidade do papel estar contaminado.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em nota publicada em maio, "com base em estudos de laboratório, é possível uma pessoa contrair Covid-19 por tocar uma superfície ou um objeto que está com o vírus e depois tocar sua boca, nariz ou olhos". "Mas acredita-se que essa não seja a principal via de transmissão da doença”, diz a entidade.

Como os locais de votação serão adaptados para receber os eleitores? Todos os espaços, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), terão álcool em gel disponível para higienização das mãos antes e depois da votação.

A epidemiologista Maria Patroclo sugere que cada eleitor tenha um frasco próprio de álcool em gel na bolsa —recomendação que, reforça a especialista, serve para todos os momentos em que for necessário sair de casa durante a pandemia.

Para evitar proximidade entre as pessoas, fitas adesivas no chão marcarão o distanciamento mínimo de 1 metro tanto entre os eleitores na fila para votação quanto entre eleitores e mesários.

O uso de máscara também será obrigatório.Ingerir alimentos, beber ou qualquer outra atividade que exija a retirada da máscara estão proibidas nos locais de votação.

Quais são as principais medidas adotadas pelo TSE para evitar aglomeração nos espaços? O horário de votação foi ampliado em uma hora, e acontecerá das 7h às 17h.

Além disso, o eleitor poderá justificar ausência no aplicativo e-título, disponível para celulares e tablets com sistemas operacionais iOS ou Android, sem sair de casa. A medida foi tomada para reduzir o fluxo de pessoas nos locais de votação.

Usuários relataram problemas para usar o aplicativo no primeiro turno das eleições, e ele só poderá ser baixado até as 23h59 de sábado (28). No dia do segundo turno, será possível somente atualizar o aplicativo para quem estiver com a versão desatualizada no aparelho. O acesso a funcionalidade será normal ao longo do domingo para quem tiver baixado.

Os especialistas também sugerem que os eleitores tentem evitar horários com maior fluxo de pessoas nos locais de votação e, assim, não provocar aglomerações.

Como evitar o contágio por coronavírus em superfícies durante a votação? O TSE alterou protocolos para reduzir o contato com superfícies nas eleições. A identificação biométrica foi excluída no dia da votação. Segundo o TSE, cerca de 400 pessoas colocariam as mãos em um mesmo aparelho no dia da eleição.

A consultoria sanitária recomendou essa mudança para além de diminuir o risco de contágio em superfícies evitar a formação de filas e aglomerações, já que o protocolo é um dos mais demorados nas etapas de votação.

Sem a biometria, a confirmação da identidade do eleitor será feita mediante assinatura do caderno de votação. A Justiça Eleitoral recomenda que cada um tenha sua própria caneta. Caso o eleitor não leve, haverá uma para uso coletivo. Os mesários serão orientados a higienizar essas canetas com álcool 70% antes e depois do uso.

A doutora em microbiologia Natalia Pasternak reforça que o ideal é que cada eleitor leve sua caneta, como sugerido pelo TSE.

O recebimento do comprovante de votação passará a ser facultativo e entregue só mediante solicitação do eleitor. Além disso, em vez de entregar o documento de identificação ao mesário e retirá-lo após a votação, o eleitor deve apenas exibir o documento oficial ou o e-título pelo aplicativo, mantendo a distância de 1 metro.

O protocolo sanitário também prevê a higienização constante de outras superfícies do espaço, como as mesas e cadeiras usadas pelos mesários.

As urnas serão higienizadas durante a votação? Não. Segundo o TSE, as urnas não podem ser higienizadas por eleitores ou mesários já que um protocolo inadequado prejudicaria o equipamento. Para evitar o contágio nessa superfície, os eleitores serão orientados a usar álcool em gel antes e depois de utilizar a urna. O uso de luvas não é recomendado.

O infectologista Leonardo Weissmann também reforça que é importante evitar tocar nos olhos, nariz e boca enquanto as mãos não estiverem higienizadas após a votação na urna.

No transporte das urnas, a recomendação da consultoria sanitária aos Tribunais Regionais Eleitorais, responsáveis pelo transporte, é de que os funcionários envolvidos usem máscaras, mantenham distância de 1 metro e higienizem as mãos com álcool em gel ao chegar e sair do local de votação com os aparelhos.

Quais são os principais itens de segurança para proteger os mesários? Eles receberão máscaras para trocar a cada quatro horas, um protetor facial (face shield), álcool em gel individual e álcool 70% para limpeza de superfícies.

A Justiça Eleitoral não garantirá transporte individual para os mesários, e orienta que eles evitem veículos cheios e mantenham a distância mínima de 1 metro de outras pessoas se possível.

Natalia Pasternak lembra que é importante os eleitores cuidarem para não expor os mesários. Para isso, é importante seguir as instruções de distanciamento e evitar contato físico.

Quais as recomendações de higienização no retorno para a residência? Depois de higienizar as mãos para retirar a máscara, o ideal é deixar a roupa usada em uma área de serviço para ser lavada e fazer uma segunda higienização das mãos, diz Leonardo Weissmann.

Quem tiver febre, ainda sem receber diagnóstico de Covid-19, deve ir à votação? Não. Todos os eleitores e mesários que tiverem febre nos 14 dias anteriores não devem comparecer e poderão justificar a ausência. Os mesários também devem avisar sua zona eleitoral.

Patroclo lembra que essa é uma orientação que vale para outros espaços.

"Quem tem sintoma gripal, deve ficar em isolamento: não deve trabalhar, não deve ir ao mercado, ao banco. Deve ficar no seu domicílio até fazer um exame que seja adequado."

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