Descrição de chapéu Eleições 2020

Covas vence em 50 das 58 zonas eleitorais de SP, e Boulos tem ganhos na periferia

Reeleito tem vitórias expressivas em áreas nobres e algumas regiões afastadas; candidato do PSOL tem vitória apertada no Campo Limpo, bairro onde mora

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São Paulo

Se Bruno Covas (PSDB) pintou o mapa eleitoral de São Paulo de azul no primeiro turno, teve de aceitar algumas derrotas em áreas periféricas do município na rodada final.

Mesmo onde perdeu, contudo, o prefeito reeleito mostrou ser competitivo, sem sofrer nada que remotamente se pareça a uma humilhação em qualquer canto da cidade.

O tucano venceu em 50 das 58 zonas eleitorais de São Paulo. Foi especialmente bem no centro expandido e obteve sua vitória mais folgada em Indianópolis, com 75,87% dos votos. Da mesma forma, venceu fácil em áreas como Jardim Paulista (73,36%) e Santo Amaro (72,2%).

Mas também saiu-se vitorioso em regiões da periferia, como São Miguel Paulista (56,28%), Itaquera (55,4%) e Itaim Paulista (54,74%), todos na zona leste da cidade.

As áreas em que Guilherme Boulos (PSOL) triunfou são todas nas áreas mais afastadas da cidade, sendo 6 na zona sul e 2 na zona leste. Mas mesmo nessas, as vitórias sobre seu adversário foram medianas ou apertadas.

Um exemplo eloquente é o Campo Limpo, onde o candidato psolista mora, em que venceu com 50,6%, quase empatado com Covas, que obteve 49,4%.

Em Parelheiros, extremo da zona sul, a vitória foi ainda mais apertada, por 50,35% contra 49,65% do prefeito reeleito.

O melhor resultado para Boulos foi obtido em Cidade Tiradentes, na zona leste, onde teve 56,42%. Percentual praticamente idêntico ao do Valo Velho, na zona sul, zona na qual conseguiu 56,41%.

Em parte, o bom desempenho de Covas mostra o acerto da costura política de sua candidatura. Ele conseguiu arregimentar o apoio de líderes com eficiente máquina eleitoral nos extremos da cidade, como o vereador Milton Leite (DEM) e seu próprio vice, Ricardo Nunes (MDB).

Também contou a favor o engajamento da ex-prefeita Marta Suplicy, que ajuda a explicar o bom desempenho em áreas como Grajaú e Parelheiros, apesar de as duas terem dado mais votos a Boulos.

Já o candidato do PSOL mostrou que conseguiu resolver em parte o que foi apontado como uma das grandes deficiências de sua campanha, a falta de penetração na periferia.

Paradoxalmente, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), com atuação forte nas áreas afastadas, parecia ter mais facilidade de conseguir apoios entre as classes médias progressistas do centro expandido.

O apoio do PT à sua candidatura no segundo turno foi importante para arregimentar parte desse voto de menor renda, mas não foi suficiente para a vitória.

Boulos, apesar da derrota, seguiu sendo bem votado em algumas regiões centrais. Teve, por exemplo, 44,18% dos votos na Bela Vista e 39,72% na Santa Ifigênia.

Mas a onda que se esperava em alguns bairros mais nobres não aconteceu, e ele teve derrotas contundentes em vários deles. Amealhou, por exemplo, 30,08% no Tatuapé e apenas 26,64% no Jardim Paulista.

O mapa eleitoral de São Paulo, no fim de uma eleição marcada por sucessivas reviravoltas, acabou parecido com o que já ocorreu em eleições anteriores: a esquerda vencendo na periferia, mas com dificuldade nas regiões centrais.

Boulos conseguiu obter alguma entrada nas regiões de classe média e classe alta e recuperou-se nas áreas mais afastadas no segundo turno, mas faltou intensidade a esses dois movimentos para vencer a engrenagem eleitoral montada para a reeleição de Covas.

QUEM GANHA E QUEM PERDE EM 2020

GANHA

Ciro Gomes
Bloco da centro-esquerda faz um cinturão em capitais do Nordeste. O PDT de Ciro manteve Fortaleza e Aracaju. Principal aliado, o PSB venceu no Recife e em Maceió

João Doria
Vitória do aliado Bruno Covas em São Paulo dá sobrevida ao projeto do governador paulista do PSDB. A sigla ainda venceu em Natal, Palmas e Porto Velho

DEM
Partido venceu em quatro capitais e ainda disputa Macapá (que teve o pleito adiado por causa da crise energética no estado). No Rio de Janeiro, vitória de Eduardo Paes fortalece Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Na Bahia, ACM Neto saiu forte com derrotas do PT no 2º turno

PSOL
Partido se fortalece no campo da esquerda: venceu em Belém com Edmílson Rodrigues e teve bom desempenho em São Paulo com Guilherme Boulos

PERDE

Jair Bolsonaro
A maioria dos candidatos apoiados pelo presidente da República foi derrotada, e ele ainda viu a ascensão de possíveis rivais para 2022, como Doria, Ciro e Boulos

Lula
O PT não conseguiu emplacar seus candidatos no Recife e em Vitória. Também perdeu em 10 das outras 13 cidades onde disputou o 2º turno

Flávio Dino
O governador maranhense perdeu em São Luís após ver naufragar a tentativa de união de partidos de sua base. Seu partido, o PC do B, também perdeu em Porto Alegre

Sergio Moro
Neófitos na política não tiveram vez. Candidatos com discurso parecido com o do ex-ministro perderam em capitais como Cuiabá, Recife e Aracaju

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