Descrição de chapéu senado

Sob ameaça de reviravolta, MDB pode abrir primeira crise para Pacheco no comando do Senado

MDB, que abandonou candidata Simone Tebet (MS), pode ficar sem cargos que haviam sido prometidos ao partido

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Brasília

O bloco que levou Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do Senado enfrenta o primeiro teste de união nesta terça-feira, com a eleição para a Mesa Diretora da Casa.

O MDB, que abandonou a sua candidata Simone Tebet (MDB-MS), pode terminar o dia sem os cargos que haviam sido prometidos em troca do apoio para a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Pacheco foi escolhido nesta segunda-feira (1º) presidente do Senado, com ampla margem de votos, 57 contra 21 de Tebet, que concorreu como candidata avulsa.

Um dia após ser eleito, o novo presidente da Casa afirmou que todos estão buscando um entendimento em relação à Mesa, "até o último momento".

"Está praticamente tudo definido. A eleição da primeira vice-presidência que ainda há o pleito de dois senadores da República, de dois partidos. E nós vamos ainda até a décima hora buscar uma convergência. Se não for possível, vai para a disputa do voto da primeira vice", afirmou.

"É do processo democrático a pretensão e o pleito de se candidatar. Eu próprio me candidatei pelo partido com seis senadores. Mas obviamente nós vamos buscar essa compatibilização para dar todo o prestígio a todos os partidos da Casa, o que temos buscado até o último momento."

Pacheco também afirmou que existe a possibilidade do ex-presidente da Casa Davi Alcolumbre (DEM-AP) assumir a importante CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que também estaria prometida ao MDB

"Há uma possibilidade de o presidente Davi ser o presidente da CCJ, mas ainda está por definir. Nós vamos ter que decidir com todos os líderes partidários. Vai ser um outro capítulo para poder discutir as comissões temáticas da casa", completou.

Nesta terça-feira, será realizada a segunda reunião preparatória para a escolha das duas vice-presidências e das quatro secretarias, além de suas suplências.

O MDB decidiu abandonar Simone Tebet para negociar com o bloco de Pacheco faltando menos de uma semana da eleição.

Na ocasião, o então presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), principal articulador da candidatura de Pacheco, reuniu-se com o comando do MDB e prometeu ao partido a primeira vice-presidência, a 2ª secretaria da Mesa, além de duas comissões.

O candidato do PSD ao posto de vice-presidente é Lucas Barreto (PSD-AP), parlamentar do mesmo estado de Alcolumbre e muito próximo ao ex-presidente. Barreto está irredutível quanto a ocupar o cargo.

O MDB, por sua vez, tinha total confiança até segunda-feira de que manteria o cargo. Em reunião da bancada, o partido fechou questão em ocupar a vice-presidência.

Após a desistência dos demais candidatos internos, entre eles Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo Bolsonaro no Congresso, saiu como nome da bancada ao posto Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

Ao chegar para a reunião preparatória, Veneziano afirmou que seria "incompreensível" o MDB ficar fora da composição da Mesa do Senado e que não caberia neste momento ao partido abrir mão de comissões —como a CCJ— em troca da vice-presidência.

"Não foram definidas as questões de comissões. A princípio, o que ficou estabelecido, até por um entendimento e uma compreensão bastante óbvia, é de você ter um partido com 15 integrantes e esse estar fora da composição da Mesa é algo incompreensível, até para o próprio melhor funcionamento da Casa", afirmou.

Membros da bancada afirmam que Veneziano vinha articulando nos bastidores a candidatura de Pacheco, mesmo quando a bancada ainda estava com Tebet.

Na ocasião, o líder do MDB, Eduardo Braga (MDB-AM), afirmou que não se tratava de uma negociata de cargos, mas apenas o respeito à proporcionalidade, na qual as maiores bancadas ocupam os principais cargos da Mesa.

Esse também era o argumento de Braga em dezembro, ao anunciar que o MDB teria candidatura única e que o escolhido da bancada iria contar com o apoio dos demais membros da sigla até o fim da eleição.

O principal entrave, no entanto, se dá em torno da primeira vice-presidência também havia sido oferecida ao PSD, segunda maior bancada da Casa —com 11 parlamentares.

Membros da bancada afirmam que o PSD não está disposto a abrir mão do cargo, uma vez que foi uma das primeiras bancadas a endossar a candidatura de Pacheco. Na prática, o partido emprestou o peso de sua bancada para a eleição do candidato do DEM, um partido com apenas cinco senadores.

Pacheco e Alcolumbre tendem a não tomar posição e deixar que a escolha seja feita no plenário, na sessão desta terça-feira. Na prática, a medida favorece o candidato do PSD, que conta com a aliança firmada para a eleição de Pacheco.

Com isso, integrantes do MDB começaram uma ofensiva desesperada e de última hora para conseguir votos para vencer a disputa.

Caso haja racha e rebelião da parte dos derrotados, pode respingar inclusive em outras posições que já estavam definidas. O senador Irajá (PSD-TO), por exemplo, era nome certo para ocupar a 1ª secretaria, assim como Rogério Carvalho (PT-SE), o ex-líder do PT, para a 3ª.

Por conta da indefinição na Mesa Diretora, é provável que a escolha para os titulares das comissões não seja definida nesta terça.

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