Não é caminhada de um grupo que vai fazer andar impeachment de Bolsonaro, afirma Lira

Presidente da Câmara disse ainda que relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros, por enquanto trabalha parcialmente

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Brasília

Três dias após protestos contra o presidente Jair Bolsonaro terem reunidos milhares de manifestantes em várias cidades do país, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que “não é uma caminhada de um grupo numa semana” que vai fazer com que um processo de impeachment ande na Casa.

Em entrevista que não constava na agenda oficial, Lira falou à rádio 97 FM Natal. Ele foi questionado sobre os mais de 110 pedidos de impeachment em análise na Câmara dos Deputados.

Lira defendeu que não é o presidente da Câmara isoladamente que faz o impeachment e destacou que o julgamento, apesar de ter embasamento jurídico, é sobretudo político.

“O Brasil não tem essa instabilidade política. Há apoio para o presidente em todas as matérias, principalmente na Câmara e no Senado, sobre o tema das reformas estruturantes, as reformas que tramitam nesta Casa”, afirmou.

“Não vejo condições atualmente, e falo isso com muita transparência, de que existam essas condições hoje no Brasil que deem margem a um pedido de impeachment”, continuou. “Não é uma caminhada de um grupo numa semana ou a caminhada de outra parcela na outra que vai fazer com que isso ande nesta Casa.”

Na avaliação dele, o quadro tem que ser “muito mais amplo” e não há, neste momento, “a necessidade, nem oportunidade nem a conveniência” de se realizar o que ele chama de "ruptura democrática" (o impeachment, porém, está previsto na Constituição).

No sábado, organizadores estimaram que os protestos foram registrados em ao menos 213 cidades do Brasil e 14 do exterior, com cerca de 420 mil pessoas. ​Na segunda (31), o presidente Jair Bolsonaro minimizou o tamanho dos atos e disse que faltou maconha e dinheiro para os manifestantes.

Crítico à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, Lira defendeu uma apuração futura que incluísse prefeitos e governadores, além do presidente Jair Bolsonaro.

Se isso ocorresse, afirmou, “ela teria muito mais serventia ao povo brasileiro do que neste momento inadequado tirar o foco do trabalho do Ministério da Saúde, do Senado Federal, da imprensa do Brasil”.

Lira disse que o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), por enquanto trabalha parcialmente. “E eu rezo para que, no final, os senadores entendam que têm que produzir um relatório imparcial. E se o relatório for imparcial, a sociedade saberá julgar.”

Na avaliação dele, o relator, ao representar o pensamento médio de todos os senadores que compõem a CPI, tem uma tarefa difícil. “Tem que saber ouvir a todos e dele extrair uma realidade e já emitir uma opinião. A CPI politizou e, quando ela politiza, vai gerar briga de versões.”

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