Bolsonaro xinga Barroso, repete ataques e diz que parte do STF quer volta da corrupção

Diante de apoiadores em SC, presidente chama ministro de 'filho da puta'; em discurso, diz que não ofendeu nenhum magistrado da corte

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Curitiba

Após repetidos ataques a integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal), Jair Bolsonaro xingou nesta sexta-feira (6), diante de apoiadores em Santa Catarina, o ministro Luís Roberto Barroso.

Em um vídeo compartilhado em redes sociais, o presidente aparece cumprimentando algumas pessoas em Joinville e chama Barroso de "filho da puta". No trecho, Bolsonaro dá a entender que o ministro teria mandado gente para o local para atacá-lo.

Um pouco mais tarde, ao discursar em evento com empresários, Bolsonaro disse que "parte" da corte quer "a volta da corrupção e da impunidade", mas negou ter ofendido qualquer magistrado nos últimos dias.

"Não ofendi nenhum ministro do Supremo, apenas falei da ficha do senhor Barroso, defensor do terrorista [Cesare] Battisti, favorável ao aborto, da liberação das drogas, da redução da idade para estupro de vulnerável. Ele quer que nossas filhas e netas de 12 anos tenham relações sexuais sem problema nenhum. Este mesmo ministro votou pelo direito das amantes", disse.

Bolsonaro com homens caminhando atrás dele
O presidente Jair Bolsonaro chega ao Palácio da Alvorada, em Brasília - Foco do Brasil

Bolsonaro desembarcou em Joinville pela manhã e discursou em um almoço com empresários. À tarde, ele participou da entrega de dois caminhões para o Corpo de Bombeiros Voluntários da cidade e, à noite, também deve comparecer a um jantar.

A agenda em Santa Catarina continua até este sábado (7), quando o presidente participa de uma motociata em Florianópolis.

Nesta sexta, poucas pessoas usavam máscara de proteção contra a Covid-19 entre as centenas de convidados para o almoço com Bolsonaro. Entre os participantes do evento estavam o pastor Silas Malafaia, o empresário Luciano Hang e a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido).

Citando gestões anteriores, especialmente do PT, o presidente associou "parte" do Supremo ao desejo da "volta da corrupção e da impunidade".

Nos últimos dias, Bolsonaro repetiu falas golpistas e citou a possibilidade de usar armas "fora das quatro linhas da Constituição" em meio à sua cobrança para implantação de voto impresso e à sua ameaça de não serem realizadas eleições em 2022.

Ele também chegou a chamar Alexandre de Moraes de "ministro ditatorial" e disse que "a hora dele vai chegar".

O presidente do STF, Luiz Fux, fez na quinta-feira (5) um discurso contundente, dizendo que Bolsonaro não cumpre a própria palavra ao fazer seguidos ataques. Fux cancelou a reunião entre os chefes dos Três Poderes que havia programado.

No discurso desta sexta, Bolsonaro também voltou a criticar o sistema de votação brasileiro.

"Estou atacando o Barroso? Não estou. Acho que ele deveria se orgulhar e ouvir da minha parte a verdade. É ele que fala que as urnas são invioláveis, o termo mais adequado seria impenetráveis. Esse tipo de gente quer decidir as eleições no ano que vem. Quero e desejo eleições, limpas, democráticas, sem que meia dúzia de pessoas conte os votos numa sala escura", discursou.

"Não quero poder, quero paz e soberania, quero a liberdade de vocês, mas a alma da democracia é o voto, e o que querem é eliminar o voto", continuou.

Em referência à decisão de quarta-feira (4) do ministro Alexandre de Moraes de incluir o presidente entre os alvos de investigação no inquérito das fake news, Bolsonaro aproveitou para atacar membros do PT, como o seu rival no 2º turno das eleições, Fernando Haddad.

"Me acusam de fazer fake news durante a campanha com o Luciano Hang. Fake news eu faria contra o Haddad se chamasse ele de honesto, de respeitador das religiões, de homem que zelasse pela família, que queria democracia e liberdade", disse.

Bolsonaro também mirou o discurso contra os membros do G7, núcleo majoritário da CPI da Covid no Senado, que investiga a condução da crise sanitária pelo governo. Ele disse que o grupo não quer descobrir desvios de recursos na pandemia, mas atacar sua gestão.

O presidente afirmou que seu governo ia "muito bem" até o início da pandemia, mas que, a partir daí, decisões do STF permitiram que prefeituras e estados restringissem a circulação de pessoas, o que prejudicou a economia.

"De forma irresponsável, estupraram 12 incisos no artigo 5º da Constituição [...]. Por ordem do STF, muitos chefes de Executivo obrigaram a população do Brasil, de 38 milhões de informais, a ficar em casa. Condenou-os a morrer de fome", afirmou.

Ele ainda citou exemplos do que considera atrasos em gestões presidenciais na Venezuela, em Cuba e na Argentina e questionou os presentes sobre a possibilidade de o Brasil seguir o mesmo caminho.

"Será que a gente não consegue enxergar isso? Será que queremos a volta disso no Brasil? Não estou preocupado em se manter presidente. Já dou o recado: só Deus me tira daquela cadeira."

Colaborou Rubens Herbst, de Joinville (SC)

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