Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro dançando funk machista divide aliados evangélicos, e Michelle brinca

Malafaia frisa que presidente não é crente; outros líderes acharam que a cena pega mal na base religiosa

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São Paulo

Tudo bem o presidente Jair Bolsonaro dançar em alto mar, e seus aliados fazerem questão de compartilhar, um funk que compara mulheres da oposição progressista a cadelas?

Aliados evangélicos não chegam a um consenso. Enquanto o pastor Silas Malafaia e o deputado Marco Feliciano (PL-SP) ressaltam que, por não ser um crente, o mandatário não tem que ser cobrado como tal, outros apoiadores viram a divulgação do material como descabida —afinal, Bolsonaro, que se declara católico, tem nesse núcleo de fé um dos seus principais parceiros.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro, fiel de uma igreja batista, deu a entender que levou de forma leve a dancinha. No Instagram, escreveu que estava "acompanhando os acontecimentos de perto" sobre o print de uma ligação de vídeo entre ela e o marido. Acrescentou dois emojis dando risada e marcou uma conta que homenageia o casal.

Print de uma ligação de vídeo onde aparece Bolsonaro em ambiente aberto e Michelle em ambiente fechado com cara séria. Acrescentou dois emojis dando risada e marcou uma conta que homenageia o casal.
Em post no Instagram, Michelle escreveu que estava "acompanhando os acontecimentos de perto" - Reprodução do Instagram/UOL

Nenhum dos aliados evangélicos apreciou o gingado presidencial ao som do "Proibidão do Bolsonaro", paródia da música "Baile de Favela" feita pelo MC Reaça. Diz a letra do bolsonarista morto em 2019, aos 25 anos: "As [mulheres] de esquerda têm mais pelo que cadela".

Mas, para Malafaia, é preciso lembrar que o presidente não é evangélico. "Se ele fosse, eu seria o primeiro a reprová-lo. Não posso impor às pessoas aquilo que tem a ver com as minhas crenças, não posso impor", diz o pastor.

"Isso é uma atitude dele. Te garanto que, se fosse evangélico, não faria. Por quê? Está dentro de um escopo de princípios, nós não participamos disso."

Bolsonaro dança funk em lancha durante férias no litoral paulista
Bolsonaro dança funk em lancha durante férias no litoral paulista - Reprodução/Twitter @AragaoMosart

Feliciano, que também é pastor, segue linha de raciocínio similar. "Nós elegemos um político em quem confiamos, não elegemos um pastor ou um evangélico puritano. O que o presidente faz na vida privada não nos interessa."

Outros evangélicos da órbita bolsonarista, contudo, acharam o vídeo inoportuno. "Foi muito ruim", disse sem querer se prolongar no tema o apóstolo César Augusto, líder da Igreja Fonte da Vida e parte da comitiva pastoral que convive com o presidente.

"Não gostei e, quanto às mulheres, não aprovo", disse outro apóstolo próximo a Bolsonaro, Estevam Hernandes, da Renascer em Cristo. Bolsonaro, nas imagens, se diverte com a música machista e dança ao lado de dois homens jovens sem camisa, de bermuda, e uma mulher de biquíni.

​Mesmo o deputado que representa a igreja de Malafaia no Congresso, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), diz que o compartilhamento da cena em que Bolsonaro aparece dançando um funk de teor machista foi desnecessário. "O eleitor evangélico, em especial o do interior do país, não vai ver esse vídeo com bons olhos."

A gravação, feita no domingo (19), a bordo de uma lancha no litoral paulista, foi usada por correligionários do presidente como uma resposta ao jantar que uniu Lula (PT) e Geraldo Alckmin (sem partido, ex-PSDB), potenciais companheiros de chapa em 2022.

"Bolsonaro preocupado com o 'Jantar da Democracia' de Lula/Alckmin", escreveu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), primogênito do ocupante do Palácio do Planalto, numa rede social. A mesma provocação partiu do coronel Mosart Aragão, assessor político de Bolsonaro.

Colaborou UOL

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