Bolsonaro dança funk em lancha, e aliados provocam Lula e Alckmin por jantar

Vídeo com teor machista foi postado por Flávio e por assessor do presidente, que está de férias no litoral paulista

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Guarujá (SP)

Um dia após jantar que reuniu o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido, ex-PSDB), um assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) postaram vídeo em que o presidente dança funk em lancha e ironizam que este seria o nível de preocupação do mandatário com o encontro. O também filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) também criticou o encontro.

"Bolsonaro preocupado com o 'Jantar da Democracia' de Lula/Alckmin", escreveu Flávio. A mesma provocação foi feita por assessor especial do político, o coronel Mosart Aragão.

Eduardo colocou seu pai como alvo do encontro. "Pode ter certeza, aí não há amizade. Estão todos se expondo com um único objetivo: tirar Bolsonaro para retornar o Brasil ao seu passado recente", afirmou em uma rede social.

Também o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência da República, ironizou nesta segunda-feira (20) o encontro. "Impressão minha ou ontem assistimos a um jantar comemorativo da impunidade da grande corrupção?", escreveu Moro em rede social.

O jantar que reuniu Lula e Alckmin neste domingo (19) explicitou o avanço da chapa conjunta para a Presidência da República, após a divulgação de pesquisas que mostram liderança de Lula com folga para o pleito de 2022.

Segundo levantamento do Datafolha da última semana, Lula tem 48% no 1º turno, seguido de Bolsonaro (22%), Moro (9%) e Ciro Gomes (PDT, 7%).

No vídeo publicado nas redes sociais nesta segunda, Bolsonaro aparece dançando o funk "Proibidão do Bolsonaro", paródia feita pelo MC Reaça da música "Baile de Favela", de MC João.

O registro na lancha é de autoria desconhecida e foi feito no domingo, enquanto o presidente se dirigia para a Fortaleza de Itaipu, em Praia Grande, no litoral paulista.

A paródia feita por MC Reaça não está mais disponível no canal do músico, que morreu em 2019. De acordo com aviso na plataforma, o vídeo foi removido "por violar a política do YouTube sobre discurso de ódio".

Na música, feministas são comparadas a cadelas. "Dou pra CUT pão com mortadela e para as feministas, ração na tigela. As minas de direita são as top mais bela, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela", diz trecho que aparece parcialmente no vídeo divulgado nesta segunda.

Bolsonaro dança funk em lancha durante férias no litoral paulista
Bolsonaro dança funk em lancha durante férias no litoral paulista - Reprodução/Twitter @AragaoMosart

Em abril de 2018, Flávio Bolsonaro fez uma postagem com o link hoje indisponível e escreveu: "Funk do Bolsonaro. Obrigado Mc Reaça pela homenagem".

Conhecido como MC Reaça, Tales Volpique viralizou na internet durante a campanha presidencial de 2018, pelos jingles e músicas de apoio ao então candidato.

Bolsonaro usou suas redes sociais para lamentar a morte do músico em junho de 2019. "Tales Volpi, conhecido como MC Reaça, nos deixou no dia de ontem. Tinha o sonho de mudar o país e apostou em meu nome por meio de seu grande talento", escreveu.

"Será lembrado pelo dom, pela humildade e por seu amor pelo Brasil. Que Deus o conforte juntamente com seus familiares e amigos."

O presidente está no litoral desde a última sexta-feira (17) e se hospedou no hotel de trânsito no Forte dos Andradas, em Guarujá.

Bolsonaro deixou a fortificação já no fim da tarde desta segunda-feira (20) para um passeio de moto acompanhado de sua comitiva. O político atravessou de balsa para Santos, município vizinho, onde comeu um pastel próximo a shopping localizado no bairro da Aparecida.

No retorno ao Guarujá, ele parou novamente, desta vez em uma lanchonete próxima a balsa. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver o político sentado com outras duas pessoas presentes e Pedro Guimarães antes de retornar ao Forte, às 19h.

Na chegada, Bolsonaro evitou jornalistas e se dirigiu a um gradil exclusivo para apoiadores. Enquanto fazia selfies e conversava com o público, um homem que passava no local dirigiu gritos provocativos: "é Lula, Bolsonaro. Já era. Lula disparou", em alusão a pesquisa divulgada pelo Datafolha. Uma das apoiadoras rebateu com xingamentos.

Sua chegada ocorreu um dia depois de Alckmin se manifestar publicamente sobre eventual composição de chapa para a eleição presidencial, em visita a Mongaguá, município que também compõe o litoral.

O ex-governador disse ter "dado o primeiro passo", mas que ainda precisaria "ouvir e conversar muito para decidir sobre o segundo", durante o 6º Congresso Nacional do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi),

No domingo, Bolsonaro visitou uma igreja evangélica e participou de um culto religioso em Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, onde discursou brevemente, e não comentou o jantar em que estariam Lula e Alckmin.

Ao longo de sua viagem, a principal manifestação de Bolsonaro se referiu ao combate à pandemia, quando ele disse ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que os pais e responsáveis de menores de 12 anos tenham que assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças, além da exigência de receita médica.

A declaração foi dada a apoiadores e veículos de imprensa local que acompanhavam o presidente em Praia Grande.

Bolsonaro deve permanecer no litoral paulista até a próxima quinta-feira (23). Na viagem, ele está acompanhado por Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, além dos assessores especiais e de comitiva.

Colaborou Renata Galf

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