Descrição de chapéu Eleições 2022

Presidente de ONG relata ameaças após evento do TSE e deixa o Brasil

Fundador da SaferNet Brasil cita ataques após expor rede de ódio e fake news em seminário sobre eleições

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São Paulo

O presidente da organização de direitos humanos na internet SaferNet Brasil, Thiago Tavares, assinou uma carta nesta segunda-feira (6) dizendo estar em "exílio voluntário" na Alemanha após sofrer ameaças de morte depois de participar de um evento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre campanhas de ódio e desinformação.

A carta foi destinada a funcionários e instituições parcerias da associação. A Folha teve acesso ao documento e confirmou a autoria. Na carta, ele afirma estar em "grave e iminente risco" e que vem recebendo ameaças em razão de sua atuação profissional e acadêmica.

Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil; na ocasião, ele participa de seminário da Folha em 2018
Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil; na ocasião, ele participa de seminário da Folha em 2018 - Reinaldo Canato/Folhapress

Tavares participou no dia 26 de outubro de uma discussão sobre campanhas de ódio no 2º Seminário Internacional do TSE. No evento, ele abordou temas como interferência eleitoral, neonazismo e ideologia supremacista branca no Brasil.

A Polícia Federal e o Ministério Público foram notificados do caso. Tavares chegou à Alemanha no último sábado (4).

O presidente da SaferNet Brasil é reconhecido por sua atuação no campo de direitos humanos e tecnologia. Participa com frequência de eventos sobre eleições ou regulação de internet.

"O exílio voluntário é um direito fundamental reconhecido internacionalmente e garantido a alguns indivíduos que, sentindo-se ameaçados ou vítimas de perseguição política, racial ou religiosa, podem buscar exílio por iniciativa própria em outros países", diz a carta, na qual ele cita episódios que teriam reforçado sua decisão de sair do país.

Segundo Tavares, em 22 de novembro, um funcionário da SaferNet Brasil foi vítima de um sequestro relâmpago em Salvador, onde fica a sede da associação, por quatro criminosos armados, que levaram celular e laptop. O crime também teria teor LGBTFóbico. Tavares estava a 800 metros do local.

Na quinta (2), a SaferNet diz ter identificado hacking no laptop funcional de Tavares por meio da ferramenta de invasão de sistema Pegasus, que vem sendo utilizado para perseguir ativistas e defensores de direitos humanos. O Pegasus é da empresa israelense de software de espionagem NSO Group.

Tavares disse ter decidido ficar fora do país até que "as circunstâncias dos fatos sejam totalmente esclarecidas".

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