Lula enfrenta alerta de terremoto no México e fala no Senado sobre 'retrocesso' no Brasil

Ex-presidente ficou cerca de 20 minutos em pátio da Câmara antes de poder retornar ao interior do prédio

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São Paulo

Em viagem ao México, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentou um alerta de terremoto, na manhã desta quinta-feira (3), e discursou a parlamentares mexicanos sobre a situação no Brasil. O petista fez críticas ao governo Jair Bolsonaro (PL) e disse que o país retrocedeu.

"O resultado do golpe contra a democracia foi a eleição de um governo de extrema-direita, que em menos de quatro anos devolveu o Brasil a um passado que julgávamos superado para sempre", disse Lula em conversa na Câmara dos Deputados.

"Assistimos hoje à volta de flagelos como desemprego, fome, destruição dos direitos trabalhistas, devastação do meio ambiente, desrespeito aos direitos humanos e às minorias, ataques à democracia e entrega de nossas riquezas aos estrangeiros, inclusive o pré-sal", continuou.

Pouco antes de começar a discursar, Lula e a delegação que o acompanha tiveram que deixar o auditório da Câmara por causa de um alerta de abalo sísmico. Segundo relatos, um alarme tocou e os presentes tiveram que deixar o espaço —eles não sentiram os tremores.

De acordo com a Reuters, um terremoto de magnitude 5,7 foi registrado em Veracruz e alarmes soaram na capital mexicana.

O ex-presidente e as demais pessoas dirigiram ao pátio central da Câmara onde aguardaram por cerca de 20 minutos a instrução de que poderiam retornar ao espaço. Nesse meio tempo, Lula posou para fotos com deputados mexicanos.

O ex-presidente Lula (PT)
O ex-presidente Lula (PT) - Carla Carniel/Reuters

Lula chegou ao país na segunda-feira (28). A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), o senador Humberto Costa (PE) e os ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante acompanham Lula na viagem, assim como sua noiva, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.

Ainda na conversa com deputados, o ex-presidente também voltou a criticar a guerra da Rússia e a Ucrânia, afirmou que "as grandes potências precisam entender que não queremos ser inimigos de ninguém" e que não interessa uma nova guerra fria envolvendo os Estados Unidos, China ou Rússia.

"Sou e serei contra todas as guerras e qualquer invasão de um país por outro país, seja no Oriente Médio, na Europa, na América Latina, no Caribe, na África, em qualquer lugar do planeta. Defenderei até o fim a paz e a soberania de cada nação diante de agressões externas", disse.

À tarde, em conversa no Senado, Lula dispensou o discurso que havia preparado e falou sobre temas como a história do PT, o legado de seus governos, o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a relação que tinha com líderes da América Latina.

O petista também enalteceu a figura de José Alencar, que foi seu vice-presidente, e falou da importância de abrir diálogo com outras forças e setores da sociedade para governar.

Lula voltou a criticar o governo Bolsonaro. "Quando deixei o meu governo, imaginei que o Brasil, hoje, ia estar mais rico que a França e a Inglaterra. Jamais imaginei que o Brasil fosse ter o retrocesso que está tendo hoje."

Lula
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, compartilhou registro da reunião entre o ex-presidente Lula e presidente do México, López Obrador - Reprodução Twitter

O ex-presidente também defendeu que é preciso "botar o pobre no orçamento" do país e que "é possível recuperar o Brasil".

Líder nas pesquisas eleitorais, Lula brincou com o desejo de ser candidato à Presidência e ressaltou que está à disposição do partido para, em março, decidir se irá concorrer. "Hoje, estou voltando a ser candidato a presidente da República. Na verdade, se eu tivesse juízo perfeito, não estaria candidato a presidente", disse.

Ainda nesta quinta, está previsto na agenda do petista um encontro com Cuauhtémoc Cárdenas, líder histórico da esquerda mexicana.

A viagem ao México marca a retomada da agenda internacional de Lula, que foi interrompida pelo aumento de casos de Covid gerado pela variante ômicron.

No ano passado, o ex-presidente esteve na Europa e foi recebido por líderes como o francês Emmanuel Macron, crítico do presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário na eleição presidencial deste ano.

Em dezembro, também foi à Argentina e se encontrou com o presidente Alberto Fernández, outro desafeto de Bolsonaro.

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