Descrição de chapéu Eleições 2022

Presidente do PSDB diz que Doria depende de alianças e dá aval a gestos de Leite

Bruno Araújo diz que escolha de candidato passa por outros partidos e vê atitude de Leite como parte do jogo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou nesta sexta-feira (1º) que a candidatura presidencial de João Doria (PSDB) depende da aliança com outros partidos para se concretizar. Por outro lado, disse que o comportamento de Eduardo Leite (PSDB), que também busca a candidatura ao Planalto, é do jogo político.

O dirigente admitiu ainda que existe forte oposição interna na sigla à candidatura de Doria.

"O partido está unido no propósito de construir uma candidatura. Claro que há uma discordância em relação à candidatura de João Doria, porque é evidente o grau de oposição interna. Mas temos um jogo a ser jogado, primeiro com as prévias, e agora na busca dessa unidade dentre o conjunto de todos os candidatos."

Doria, por sua vez, minimizou. "Não há nenhum clima de hostilidade a ninguém. Há um clima de busca de entendimento, isso é normal no período que antecede a campanha."

Bruno Araújo, João Doria e Rodrigo Maia na filiação do deputado do RJ ao PSDB
Bruno Araújo, João Doria e Rodrigo Maia na filiação do deputado do RJ ao PSDB - Divulgação PSDB

Doria, agora ex-governador de São Paulo, ameaçou não renunciar ao cargo para forçar um movimento de apoio do PSDB à sua candidatura, o que ocorreu nesta quinta-feira (31). Araújo lembrou a jornalistas, porém, que o fato de Doria ser o pré-candidato do PSDB não garante que ele será o nome da terceira via.

PSDB, Cidadania, União Brasil e MDB já tinham um acordo prévio para definir um candidato único, que pode ser Doria, Simone Tebet (MDB), Luciano Bivar (União) ou até mesmo Leite.

"A candidatura do PSDB está contida num acordo maior", disse ele. Araújo afirmou que a resolução sobre a candidatura se dará com o tempo e será "fruto do entendimento da coligação".

Diante da ameaça de recuo de Doria, que implodiria a candidatura estadual do seu então vice e agora governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), Araújo emitiu uma carta reafirmando que o tucano foi o escolhido nas prévias e, portanto, é o único presidenciável do partido.

Aliados de Doria consideraram o movimento um xeque-mate do ex-governador, que acabou com os ímpetos que consideram golpistas de Leite. Outros tucanos afirmam, porém, que o partido segue rachado e que Leite continua vivo na disputa.

O ex-governador gaúcho se encontra neste sábado (2) com Sergio Moro (União) para falar sobre eleição e apoios. Nesta sexta, um dia após anunciar que abria mão de sua candidatura à Presidência, o ex-juiz afirmou que não se filiou à União Brasil para ser candidato a deputado federal e disse que não desistiu de nada.

"João Doria é pré-candidato, mas volto a dizer: ninguém vai poder coibir qualquer movimento de qualquer liderança política de qualquer partido", disse Araújo a respeito das articulações de Leite.

"Leite disse que vai continuar, sem mandato, se habilitando para qualquer chamamento, isso é do jogo", completou. "Leite teve comportamento extremamente maduro, ético e correto. Poderia ter usado essa crise do tucanato em São Paulo para gerar outra. Ele fez referência ao reconhecimento [das prévias]. O que está na carta nada mais é do que exatamente a verdade, não foi dado uma vírgula a mais do que os fatos. Esse é um dos motivos do respeito que Leite tem por parte de todos no partido", disse ainda.

Araújo afirmou que, na quinta, diante de toda confusão instalada no PSDB pelo vaivém de Doria, "Leite teve comportamento extremamente decente". O ex-governador gaúcho afirmou que as prévias foram legítimas.

Em evento de filiação do deputado Rodrigo Maia (RJ) ao PSDB nesta sexta, Doria fez afagos ao partido. Ele recuou na fala de que seu recuo havia sido uma estratégia pensada, algo que agravou sua situação na sigla, já que o dito blefe gerou caos e poderia prejudicar Rodrigo e uma série de alianças.

"Não é estratégia, é objetivo. O objetivo do PSDB é servir o Brasil", desconversou Doria. "O PSDB é um partido sem dono, é um partido de todos", completou.

Ele afirmou que o PSDB tem democracia interna e já viveu essas circunstâncias no passado. Também comparou as brigas internas a brigas de família.

"A gente tem que saber entender posições distintas das nossas, a democracia é isso. [...] O movimento é único, não é a favor de um candidato, é a favor do Brasil", disse Doria.

Araújo disse ainda que a candidatura de Rodrigo à reeleição em São Paulo é uma prioridade do PSDB tanto quanto a eleição presidencial. Nesse sentido, afirmou que a carta cumpriu seu papel, já que a renúncia de Doria de fato ocorreu.

"A carta era um instrumento para dar estabilidade, o que aconteceu. Em política, tem algo que vale mais do que papel e carta, que são os fatos e acontecimentos", afirmou.

"O PSDB tem absoluta confiança na qualidade e na certeza da viabilidade eleitoral de Rodrigo Garcia, que é uma prioridade nacional do PSDB tanto quanto é a nossa candidatura à presidência da República", disse o dirigente.

O presidente do PSDB afirmou ainda que deve se reunir com os presidentes das siglas aliadas na próxima semana para começar a definir critérios para a escolha de um candidato.

Questionado sobre não ter agido antes para confirmar a legitimidade da candidatura de Doria, como fez na carta, Araújo afirmou que "o fundamento contundente foi as prévias".

Doria e Araújo falaram no evento de filiação de Maia, que vai coordenar o programa de governo do ex-governador.

Em seu discurso, Maia defendeu que o PSDB deixe a posição de centro e se assuma como o representante do lado direito na polarização, papel que ocupava antes de Jair Bolsonaro (PL). O agora tucano afirmou que o partido deve mirar nos eleitores bolsonaristas arrependidos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.