Os partidos União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania afirmaram nesta quarta-feira (6) que irão anunciar em 18 de maio o nome que representará uma candidatura única das quatro siglas à Presidência da República neste ano.
O movimento tenta definir a opção mais competitiva para concorrer contra o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo Planalto.
Hoje, a avaliação de caciques dessas siglas é que o MDB, que lançou Simone Tebet (MS), e o PSDB, que tem João Doria (SP) como pré-candidato oficial e Eduardo Leite (RS) correndo por fora, têm mais tradição na política e deverão exigir a cabeça ou a vice da chapa.
Todos reconhecem, porém, que a União Brasil, por concentrar a maior fatia do fundo eleitoral e o maior tempo de TV, também pode ter peso decisivo nas articulações para estar representada na disputa presidencial.
A União Brasil se comprometeu em divulgar no próximo dia 14 de abril quem será o escolhido pela legenda para ser apresentado às outras como alternativa. O ex-juiz Sergio Moro sonha em ocupar esse espaço, mas resistências internas no partido têm dificultado a construção de consenso em torno de seu nome.
Atualmente, o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto é o ex-governador de São Paulo João Doria. Mas o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite ainda tenta reverter o resultado das prévias internas da sigla para se colocar como o postulante tucano.
A senadora Simone Tebet, pré-candidata do MDB, recebeu Leite nesta quarta em seu gabinete, após uma troca de "afagos" entre os dois, com o gaúcho sinalizando que poderia ser candidato a vice em uma chapa com a parlamentar.
Enquanto isso, dirigentes dos quatro partidos tiveram uma reunião e divulgaram uma nota sobre os próximos passos do grupo.
"Conclamamos outras forças políticas democráticas para que possam se incorporar a esse projeto em defesa do Brasil e de todos os brasileiros", diz a nota.
Apesar de a carta formalizar a intenção das legendas de anunciar um candidato único, representantes das siglas afirmam que será necessário intensificar as negociações a fim de encontrar um nome de consenso.
A primeira dificuldade é numérica: são três forças políticas reunidas –PSDB e Cidadania formaram uma federação e caminham em conjunto– para apenas duas vagas na chapa presidencial.
Assim, um dos três terá que aceitar ficar de fora da dobradinha que participará da eleição.
Até o momento, ninguém indicou que está disposto a recuar. Além das negociações entre os partidos, PSDB e União Brasil ainda terão o desafio de encontrar consenso internamente.
Se no ninho tucano a disputa envolve Doria e Leite, na União Brasil o nome mais bem posicionado, Sergio Moro, enfrenta radical oposição de uma a ala do partido que é originária do DEM e que ameaçou até impugnar sua filiação.
Uma das alternativas estudadas pela legenda é lançar o nome do presidente nacional, Luciano Bivar, no próximo dia 14 para que ele lidere as negociações em busca de um consenso.
Depois disso, ele, que é próximo de Moro, poderia ter tempo para tentar apaziguar os ânimos internos para viabilizar a indicação do ex-magistrado. Isso, contudo, é improvável que aconteça, uma vez que líderes do partido não dão indicativos de que poderiam aceitá-lo como representante do partido na corrida pela Presidência.
Após encontro com Leite nesta quarta, Tebet disse que gostou do fato de o gaúcho ter se apresentado como um "soldado", sem pretensões pessoais de cargo. Ela lembrou que João Doria é o pré-candidato oficial do PSDB.
"Saí muito bem impressionada [do encontro] porque ele [Leite] sai daqui dizendo que é um soldado, não só do partido mas desse centro democrático. E é importante entender que o centro democrático vai ter candidatura própria sim", afirmou em entrevista ao lado de Leite, antes mesmo de ser questionada sobre discussões de candidaturas.
"Ele veio simplesmente pra dizer, estou pronto para servir em qualquer pra qualquer movimento e sou um soldado da democracia. Eu não poderia ficar mais feliz de saber que um jovem talentoso como ele tem esse desprendimento e essa capacidade de entender que agora é hora de se somar independentemente de posição que vamos ocupar", completou.
A senadora ainda reforçou que o centro democrático tem atualmente dois candidatos, ela própria e Doria.
Embora tenha ressaltado a decisão que será tomada pelos partidos, Leite também disse que vai pesar a interferência da própria sociedade civil e disse que as prévias do PSDB devem ser respeitadas, mas que não se trata apenas de "atender formalidades" partidárias.
"Estamos em sintonia, a gente quer algo comum para o país. A questão da definição de uma candidatura, que forma que essa chapa vai se definir, não é uma definição nossa individualmente. É dos partidos, é das forças políticas que vão ser aglutinar e também da interferência da própria sociedade civil", afirmou.
"A senadora Simone falou que o meu partido fez prévias e tem o seu pré-candidato estabelecido. Nós respeitamos isso, ninguém está deslegitimando as prévias. Elas têm a sua legitimidade, mas não se trata aqui apenas sobre atender formalidades, mas sim de ajudar o país a encontrar um caminho", completou Leite.
A viagem do ex-governador gaúcho a Brasília se deu no mesmo dia em que Doria também esteve na capital federal. Leite minimizou o fato, afirmando que os dois apenas não tiveram agendas em comum.
Doria divulgou foto ao lado da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que aliados apontam ter se oferecido para ser candidata a vice-presidente em sua chapa.
Veja a íntegra da nota dos partidos da terceira via
Brasília, 06 de Abril de 2022
União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania, reunidos hoje em Brasília, reafirmam tratativas para apresentar um candidato(a) à Presidência da República como a alternativa no campo democrático.
No próximo dia 14/04, quinta-feira, o União Brasil confirmará o nome do Partido para apreciação desse conjunto de forças políticas.
O candidato (a) de consenso será anunciado (a) no dia 18/05, quarta-feira em Brasília.
Conclamamos outras forças políticas democráticas para que possam se incorporar a esse projeto em defesa do Brasil e de todos os brasileiros.
Luciano Bivar - União Brasil
Baleia Rossi - MDB
Bruno Araújo - PSDB
Roberto Freire - Cidadania
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