Descrição de chapéu Eleições 2022

Haddad vê França candidato até o fim e diz que antibolsonarismo supera antipetismo

Ex-prefeito de São Paulo também elogiou câmeras corporais em PM e disse que agronegócio não é motivo de preocupação

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São Paulo

O pré-candidato ao Governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou nesta sexta-feira (7) que a tendência é que não haja acordo para que ele e Márcio França (PSB) se unam em uma única candidatura.

Ele também disse que o antipetismo hoje é menor do que as forças contrárias a Jair Bolsonaro (PL) e João Doria (PSDB) —os candidatos de ambos no estado serão Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), respectivamente.

As afirmações foram feitas durante uma das sabatinas realizadas por Folha e UOL com postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.

Ato unificado das centrais sindicais para comemorar o 1º de Maio, na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, em SP, com a presença Fernando Haddad. - Bruno Santos/Folhapress

"A tendência é de manutenção das duas candidaturas. Essa é a tendência porque estamos desde agosto tentando negociação", disse Haddad, que acrescentou que o PSB tem o direito de ter candidatura própria no maior colégio eleitoral do país.

O petista afirmou, porém, seria importante houvesse a junção das candidaturas e que isso seria um luxo, apesar das análises de que a presença de França como concorrente beneficiaria Haddad. "Eu não faço esse tipo de conta. Eu acho que simbolicamente teria um peso muito grande nós estarmos juntos. Política não é só cálculo eleitoral", disse.

Haddad ainda criticou o uso de pesquisas para definição das candidaturas —Márcio França havia proposto o uso delas para definir o candidato da esquerda. "O PT nunca trabalhou com pesquisa para definir candidato, sequer internamente. Senão não seria candidato a prefeito em 2012. A Marta [Suplicy] tinha dez vezes mais intenção de voto que eu", disse.

Os entrevistadores lembraram que Márcio França, ao ser questionado se retiraria a candidatura em favor de Haddad, indagou por que não se pergunta isso também para o petista. Haddad disse que a questão de sua candidatura está avançada, com apoio de partidos e outros em tratativa e plano governo encaminhado.

O ex-prefeito paulistano elogiou França, porém, por apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Desde 2010, o PSB e o PT não caminham juntos na eleição presidencial. O Márcio não me apoiou nem no segundo turno de 2018 e hoje está apoiando o Lula no primeiro turno", disse.

O petista minimizou o impacto do antipetismo na corrida eleitoral do estado. "O antibolsonarismo hoje é muito maior. Basta pegar as pesquisas de opinião da votação do Lula. O Lula é o candidato menos rejeitado no Brasil, inclusive em São Paulo", disse. "O que existe hoje é um antibolsonarismo, é um antidorismo. O Doria e o Bolsonaro são muito mais rejeitados em São Paulo do que o PT."

Haddad ainda defendeu Lula, que tem dado declarações criticadas em sua pré-campanha. "O Lula não perde cinco minutos para admitir que a palavra utilizada não foi correta", disse.

Questionado sobre a impopularidade de sua gestão na Prefeitura de São Paulo, Haddad disse que a avaliação foi feita no período do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e disse que suas vitrines permanecem na cidade.

O ex-prefeito também defendeu marcas de sua gestão. "As ações da minha gestão estão até hoje aí. Aliás, são as únicas coisas que estão de pé. A renegociação da dívida, o plano de mobilidade urbana foi premiado internacionalmente", afirmou.

O petista fez diversas críticas a Bolsonaro e Doria. "A pessoa tem sérios problemas, de caráter, psicológico. O problema é que ele tem um entorno que alimenta esses problemas, inclusive de militares bolsonaristas", disse.

Entre outras críticas, lembrou a questão das fake news espalhadas pelo bolsonarismo. "As armas com as quais o bolsonarismo luta não são as da democracia, eles não entraram em campo ainda com as ameaças, com as fake news, com o dinheiro sujo", disse.

Já Doria foi criticado por aumentar os impostos durante a pandemia e cortar programas sociais em sua época de prefeito.

"O Doria cometeu uma das maiores insanidades que já vi um gestor público fazer durante uma pandemia. Talvez ele seja o único caso, no Brasil seguramente, mas não conheço na literatura ninguém no mundo que tenha aumentado impostos numa pandemia", afirmou Haddad —na verdade, Boris Johnson,
primeiro-ministro do Reino Unido, também fez isso.

Haddad também criticou o tucano por uma política errática durante a pandemia na questão de abertura e fechamento do comércio. "Ele oscilou entre duas políticas incongruentes."

Ele também afirmou que "vai botar uma lente de aumento bem grande" em contratos de concessão de rodovias feitos pela gestão tucana.

No entanto, afirmou que as câmeras corporais da PM são uma das poucas coisas positivas na atual gestão.

Na área da segurança, ele afirmou que pretende criar um plano de metas para resolver os principais crimes. "Vou botar o número de crimes cometidos no ano anterior e vamos fixar metas de redução da criminalidade no estado de São Paulo. Passo dois, nós vamos ter meta de resolução dos crimes", disse.

O petista ainda afirmou que a questão do agronegócio não é motivo de preocupação em São Paulo, mas sim a questão da agricultura familiar. "Nós temos que estar preocupado com o fim do financiamento do BNDES para a agricultura familiar, que está fazendo o preço dos alimentos subir. Está R$ 15 o quilo da cenoura, não tem agronegócio da cenoura", disse.

Haddad também disse ser contra o abordo pessoalmente, mas que assim como Lula considera uma questão de saúde pública. Questionado sobre a descriminalização da maconha, manteve o mesmo tom.

O petista ainda prometeu retomar o programa Braços Abertos, implantado em sua gestão, que dava emprego a moradores de rua, em um programa na linha de redução de danos.

Questionado se queria uma ponte ou um túnel ligando ponte ao Guarujá, ele disse que isso seria decidido na primeira hora do governo.

A entrevista com o pré-candidato foi conduzida pela apresentador Diogo Sarza, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha Carolina Linhares.

RAIO X

Fernando Haddad, 59

Nascido em janeiro de 1963, é mestre em economia e doutor em filosofia pela USP. Foi prefeito de São Paulo (2013-2016) e ministro da Educação nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Antes, atuou na também como chefe de gabinete na Secretaria de Finanças da gestão Marta Suplicy

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  • Alexandre Kalil (PSD) - 12/5 - 10h
  • Carlos Viana (PL) - 13/5 - 10h
  • Romeu Zema (Novo) não aceitou o convite

Sabatinas confirmadas no RJ

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  • Rodrigo Neves (PDT) 18/5 - 10h
  • Anthony Garotinho (União Brasil) - 18/5 - 16h
  • Marcelo Freixo (PSB) - 20/5 - 10h

*Cláudio Castro (PL) ainda não respondeu ao convite

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Debates com candidatos ao Governo de SP

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