Bolsonaro adota discurso do medo a apoiadores e repete ameaças e distorções

Presidente participa de solenidade de entrega de trecho da BR-487, a Estrada Boiadeira

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João Pedro Pitombo Marcela Lopes
Salvador e Umuarama (PR)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou um discurso de medo em discurso aos seus apoiadores, repetiu ameaças sobre as eleições de outubro, falou em ir à guerra contra inimigos internos e distorceu fatos sobre casos de corrupção em seu governo.

O discurso foi feito nesta sexta-feira (3) em Umuarama, cidade de 113 mil habitantes no noroeste do Paraná, onde o presidente participou da cerimônia de entrega de trecho da BR-487, a Estrada Boiadeira.

Sem capacete, Jair Bolsonaroparticipa de motociata e leva na garupa deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara - Danilo Martins / OBemdito

Bolsonaro citou a pandemia, as políticas de enfrentamento contra a Covid-19 e a guerra na Ucrânia como causas da crise e da escalada da inflação dos alimentos e dos combustíveis no país. E voltou a falar em inimigos internos.

"A realidade é bastante dura para todos nós. Como se não bastassem esses problemas, nós todos aqui e não apenas eu, temos problemas internos no Brasil. Hoje não mais os ladrões de dinheiro do passado, surgiu uma nova classe de ladrão, que são aqueles que querem roubar a nossa liberdade".

Na sequência, pediu aos eleitores que tenham mais interesse neste assunto e disse que, "se precisar, iremos à guerra". Disse que todos devem ter compromisso com o Brasil e não só os militares, que juraram defender o país.

"Todos nós temos que nos informar e se preparar porque não podemos deixar que o Brasil siga o caminho de alguns outros países aqui na América do Sul", disse o presidente, citando Venezuela, Argentina e Chile.

Bolsonaro tem feito uma série de ameaças de raiz golpista sobre as eleições, no momento em que aparece distante do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto. Segundo o último Datafolha, por exemplo, o petista poderia vencer a disputa já no primeiro turno.

Em discurso, o presidente voltou a distorcer a realidade sobre casos de corrução em seu governo e ignorou as investigações sobre "rachadinhas" que envolvem sua família, os inícios de fraude no uso de recursos de emendas para atender parlamentares aliados e obras com suspeitas de superfaturamento.

O presidente, familiares e o seu governo acumulam uma série de casos de suspeita de corrupção, além de colecionarem ações no sentido de barrar investigações e esvaziar instituições de fiscalização e controle.

"Nos afastamos da corrupção. Estamos há três anos e meio sem falar nisso. Sempre digo, se aparecer corrupção em nosso governo, que pode acontecer, nós ajudaremos a esclarecer os fatos", disse.

Por fim, acusou governos anteriores de dividir o país, defendeu a posse e o porte de armas, e fez críticas ao aborto e ao que ele chama de "ideologia de gênero".

Bolsonaro desembarcou na cidade da manhã desta sexta e, antes da solenidade oficial, cumprimentou apoiadores e participou de uma motociata.

O presidente trafegou sem capacete, descumprindo a legislação de trânsito e levou na sua garupa o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, que também não usava equipamento de proteção.

A infração acontece pela terceira vez seguida desde a morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado no fundo de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal em Umbaúba (SE) após ser abordado pelos agentes por trafegar de moto sem capacete.

Mais tarde, o presidente seguiu para Foz do Iguaçu (PR), onde recebeu o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez em uma visita às obras da nova ponte de integração que ligará os dois países.

Em um discurso relâmpago de quatro minutos, Bolsonaro saudou o presidente do país vizinho, a quem chamou de amigo. Destacou a importância da nova ponte, destacou a importância de Itaipu Binacional e afagou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

Esta é a quarta visita de Bolsonaro ao Paraná em menos de dois meses. O estado é considerado um dos principais redutos eleitorais do presidente.

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