Bolsonaro deseja conforto a familiares de Bruno e Dom após ter relativizado caso

Segundo a PF, pescador confessou ter assassinado indigenista e jornalista no Vale do Javari

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Brasília

Após dizer que Bruno Pereira e Dom Phillips faziam uma "aventura não recomendada" pelo Vale do Javari, onde acabaram assassinados por um pescador, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desejou nesta quinta-feira (16) sentimentos e confortos aos familiares do indigenista e do jornalista britânico.

"Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos", escreveu ele no Twitter, respondendo a uma nota de pesar pela morte da dupla publicada pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

Protesto contra Bolsonaro e o presidente da Funai, Marcelo Xavier, em Brasília
Protesto contra Bolsonaro e o presidente da Funai, Marcelo Xavier, em Brasília - Ueslei Marcelino - 15.jun.2022/Reuters

Essa foi a primeira declaração de Bolsonaro desde que a Polícia Federal divulgou que o pescador conhecido como Pelado confessou ter assassinado Bruno e Dom. Antes, quando comentou o caso, por diversas vezes Bolsonaro minimizou o desaparecimento dos dois no Amazonas.

"Realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela completamente selvagem é uma aventura que não é recomendada que se faça. Tudo pode acontecer", disse ele na terça-feira (7), dois dias depois de a dupla desaparecer.

Bruno, 41, era uma das principais figuras do movimento indigenista no Brasil, viveu na região por quase duas décadas e chegou a ser coordenador regional da Funai no Vale do Javari. Já Dom, 57, vivia há mais de dez anos no Brasil e já havia feito diversas coberturas na Amazônia.

Dias depois, no sábado (12), afirmou que os dois não tinham autorização da Funai para navegar pela região naquele momento —informação contestada por servidores e indigenistas.

"Acontece, né. As pessoas abusam, né", declarou o presidente, que também enalteceu o trabalho das Forças Armadas nas buscas, ainda que lideranças locais digam que os protagonistas das expedições sejam os indígenas.

Quando surgiram as primeiras evidências de um crime mais grave (partes de corpo humano), o presidente admitiu que seria muito difícil que os dois estivessem vivos e, pela primeira vez, mudou o tom.

"Os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles, porque já foram encontrados boiando no rio vísceras humanas", afirmou.

Nesta quarta-feira (15), antes da divulgação de que o pescador havia confessado o assassinato, Bolsonaro voltou a relativizar o possível crime. Ele disse que Dom, por denunciar ilegalidades, deveria ter sido mais cuidadoso uma vez que ele era "malvisto na região".

Ele tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio e resolveu fazer uma excursão. A gente não sabe se alguém viu e foi atrás dele, lá tem pirata no rio, lá tem tudo que possa imaginar", declarou.

Também nesta quinta, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos publicou uma nota de pesar e enalteceu o trabalho das Forças Armadas e da Polícia Federal, "que rapidamente elucidaram o caso".

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