Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula fala em tristeza com desunião da esquerda no Sul, relembra Brizola e faz apelo por união

Evento de ex-presidente expõe preocupação com segurança e veta até tubo de álcool em gel

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Porto Alegre

Incapaz de fazer com que PT e PSB se acertassem a portas fechadas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula do Silva abriu discurso em Porto Alegre na noite desta quarta-feira (1º) trazendo o problema para o palco. Citou de pronto a "tristeza" com a desunião dos partidos de esquerda no Rio Grande do Sul.

Lula relembrou em evento a negociação com Leonel Brizola para ter seu apoio em 1989, que teria lhe custado mais de quatro horas de conversa em Resende (RJ).

E demonstrou desgosto em não ter candidatos a governador e senador definidos no estado: "Fica frouxo não ter candidato para apresentar. Então eu faço um apelo. Não custa nada sentar mais uma vez à mesa".

Geraldo Alckmin e Lula em evento nesta quarta-feira (1º), em Porto Alegre - Diego Vara/Reuters

Os dois partidos se aliaram no plano nacional tendo como mote a indicação do ex-tucano Geraldo Alckmin como vice na chapa. Porém ainda há indefinições nos palanques também em estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco. A meta dos dirigentes nacionais é definir o quadro completo até o dia 15 deste mês.

Nesta quarta-feira, insatisfeito com o avanço da pré-candidatura de Edegar Pretto (PT), o também pré-candidato ao governo gaúcho Beto Albuquerque, do PSB, não compareceu ao ato. Um dirigente do partido chegou a ser chamado ao microfone, em vão.

Pretto, por sua vez, não discursou e foi citado como pré-candidato por apenas dois nomes: o ex-governador Tarso Genro e o deputado federal e presidente estadual do PT, Paulo Pimenta.

Além das negociações políticas, Lula falou pouco sobre Jair Bolsonaro —que não foi citado nominalmente— e muito em fome. "Se uma pessoa não tem como tomar café da manhã, almoçar e jantar, o país não é soberano", declarou.

Não foi o único. A ex-presidente Dilma Rousseff lembrou que jamais um país voltou para o mapa da fome da ONU depois de ter saído.

Geraldo Alckmin teve presença discreta. Penúltimo a discursar, em dois minutos e meio, o ex-tucano fez uma crítica ao projeto de homeschooling, que chamou de "antiescola".

Depois de uma polêmica sobre Lula ter negado, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que Alckmin tenha apoiado o impeachment de Dilma, os dois trocaram elogios.

O momento mais descontraído ficou por conta de um pedido de beijo na esposa Janja: "Não sei se vocês estão assistindo a Pantanal, mas estamos como a Juma e o Joventino".

Lula discursou em uma casa de shows cheia, cuja lotação conforme os organizadores era de 7.000 pessoas. Com a lotação da pista, simpatizantes ocuparam também o mezanino, previamente reservado à imprensa.

SEGURANÇA

Em Porto Alegre desde a manhã, Lula teve uma agenda que evidenciou preocupações com a segurança, mas ofereceu brechas em abordagens corpo a corpo.

O receio da equipe do ex-presidente com o assunto tem sido constante, a ponto de ter influenciado na decisão de adiar viagem a Santa Catarina que ocorreria também nesta semana.

A primeira reunião de Lula, acompanhado de Alckmin, nesta quarta ocorreu em um salão do hotel Plaza São Rafael, no centro de Porto Alegre. Apesar se acompanhado por pelo menos quatro seguranças à paisana, Lula foi abordado diretamente por simpatizantes no saguão que não haviam passado por revista.

Enquanto ele se reunia com representantes de partidos aliados, os seguranças se mantiveram no saguão. Em frente ao hotel havia apenas duas motos da Brigada Militar (a PM gaúcha) e uma viatura da Guarda Municipal. Não houve protestos e os simpatizantes deixaram o hotel tão logo Lula encerrou a rápida passagem pelo local.

Mais tarde, no ato na casa de shows, havia detector de metal e revista de bolsas. Conforme os mais de 20 "orientadores" que resguardam as entradas, foi vetado tudo o que pode ser "arremessável" ou cortante. Apesar da aglomeração, tubinhos de álcool gel estão entre os itens vetados.

Descartados em tonéis ficaram objetos como garrafas plásticas, cosméticos, escovas de cabelo, alimentos e hastes de bandeira de materiais que não são de PVC, como madeira e alumínio.

No período em que a Folha permaneceu ao lado dos portões de acesso, apenas um homem de 80 anos foi barrado, por insistir em entrar com uma garrafa d’água. Conforme um orientador, há água à disposição no ambiente interno, mas em copos.

A Polícia Federal apresentou na terça-feira (31) um esquema de segurança inédito que será disponibilizado para a proteção dos candidatos à Presidência.

O reforço na operação de garantia da segurança dos postulantes ao Palácio do Planalto foi feito diante do atual cenário de polarização e tensão política, bem como o histórico de violência no pleito anterior.

Entre outros pontos, o plano apresentado pela PF envolve a criação de um grupo de inteligência de segurança aos presidenciáveis e a definição de uma metodologia para identificar os riscos contra cada candidato.

Seguranças de casaco laranja revistam militantes ao lado de lixeira. O céu está cinza
Segurança descarta objetos na entrada de evento de Lula, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (1º) - Caue Fonseca/Folhapress
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.