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PF escala para segurança de Lula delegado que trabalhou com Dilma e nas Olimpíadas

Corporação destaca três delegados para atuar na proteção do petista; partido tem preocupação com possíveis atentados

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Brasília

A PF (Polícia Federal) destacou três delegados para fazer a segurança da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Andrei Augusto Passos Rodrigues, Rivaldo Venâncio e Alexsander Castro Oliveira.

Rodrigues será o coordenador da equipe. Oliveira, o chefe operacional, e Venâncio, operacional substituto.

O coordenador da equipe fez a segurança da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2010 e era próximo do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Recentemente, Dilma o indicou para fazer a segurança de Lula, de acordo com interlocutores ouvidos sob reserva.

Lula em Salvador - Rafaela Araujo-2.jul.22/AFP

Delegado há quase 20 anos, ele foi secretário extraordinário de Segurança de Grandes Eventos, responsável pela Copa do Mundo em 2014 e pelos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, no Rio. Atualmente, é chefe da Divisão de Relações Internacionais da Polícia Federal.

Oliveira, por sua vez, atua hoje na corporação como coordenador de Repressão a Crimes Violentos, Tráfico de Armas, Crimes contra o Patrimônio e Facções Criminosas. Já Venâncio é delegado no Paraná.

A escolha ocorreu em comum acordo com a equipe do petista e foi comunicada internamente nesta segunda-feira (4), em Boletim de Serviço da PF.

Havia grande preocupação no PT com o perfil do agente da Polícia Federal destacado para atuar na equipe do pré-candidato. O temor era que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pudesse influenciar no processo de escolha, uma vez que a PF está dentro da estrutura do Ministério da Justiça.

Este ano será a primeira vez que o comando da segurança dos candidatos terá três delegados. Em 2018, eram dois.

Não há definição sobre um número máximo de agentes a ser empregado na segurança. A avaliação na PF é que os candidatos estão sujeitos a um risco mais alto do que em pleitos anteriores.

Os três delegados devem se encontrar com a campanha petista ainda nesta semana. Eles já realizaram uma primeira reunião com representantes do PT na semana retrasada, para trocar impressões.

No entanto, os delegados só podem começar a atuar depois da convenção partidária, quando a candidatura de Lula for oficializada.

Esse é um dos motivos para que petistas do círculo próximo a Lula queiram realizar o evento já em 21 de julho, no dia seguinte à abertura do prazo pelo calendário eleitoral (20 de julho a 5 de agosto).

Apesar da necessidade de aguardar a convenção, o plano de atuação já está pronto. Há preocupação, entre outras coisas, em equalizar a segurança do pré-candidato com a intenção de fazer campanha em locais públicos, onde o acesso de participantes não é controlado. Além do mais, o fato de que hoje há mais armas em circulação é visto como alerta.​

O primeiro encontro com os delegados foi celebrado por aliados de Lula. Para eles, o grupo demonstrou priorizar a segurança do pré-candidato e querer se antecipar no planejamento de ações.

Na reunião, os delegados da PF contaram que a facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha de 2018 foi um grande problema para a corporação e que, por isso, foram tomadas medidas para reforçar a segurança dos presidenciáveis.

Como mostrou a Folha, ​os policiais relataram que quem fizer a proteção dos candidatos terá passado por um curso de segurança de dignitários e que há critérios bem definidos para decidir o nível de risco a que um presidenciável será submetido.

Durante o encontro, também foram debatidos detalhes da segurança de Lula. A proteção do ex-presidente é um dos temas que mais preocupam aliados próximos do pré-candidato.

O temor de que ele sofra um ataque é grande. Pessoas próximas a Lula dizem, por exemplo, que para coibir eventuais atentados via drones seria preciso ter poder de polícia para abordar os envolvidos, o que os membros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) não têm —por ser ex-presidente, o petista já conta com uma equipe de segurança que recebe treinamentos do GSI.

No dia 15 de junho, quando o pré-candidato participou de agenda em Minas Gerais ao lado do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), um drone sobrevoou o local onde ocorreria o ato com Lula e atirou fezes e urina sobre os militantes que estavam no local. Os suspeitos de pilotar o drone foram detidos no local em flagrante.

Aliados de Lula esperam que a presença da PF seja capaz de rastrear esse tipo de situação e prender os suspeitos antes que ocorra um eventual ataque ou mais rápido do que a PM local. O PT também quer aumentar o cordão de proteção humana em torno do pré-candidato.

​Uma das principais preocupações de petistas é com eventos grandes e abertos, porque o risco de exposição é consideravelmente maior. Por esse motivo, por exemplo, Lula foi desaconselhado a participar do cortejo da Independência em 2 de julho em Salvador.

Mas o ex-presidente decidiu ir e caminhou por cerca de um quilômetro, de colete. O petista estava sob forte esquema de segurança e não foi hostilizado no percurso. Cercado de apoiadores, ouviu gritos de "Lula guerreiro do povo brasileiro" e "Olê, olê, olá, Lula, Lula".

Lula lidera as pesquisas de intenção de voto. Segundo o último Datafolha, ele desponta com 19 pontos a frente de Bolsonaro, com 47% contra 28%.

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