Descrição de chapéu Eleições 2022

Eduardo Leite é alvo único entre candidatos ao Governo do Rio Grande do Sul

À frente nas pesquisas e com ampla coligação, tucano se torna vidraça acima de polarizações

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Porto Alegre

Ao final do debate na Rádio Gaúcha na semana passada, o terceiro realizado entre candidatos ao Governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) encerrou sua participação com uma declaração irônica: "Os gaúchos me conhecem. Sabem que eu trabalho pela união, e não pela divisão. Aliás eu consegui promover uma união entre os candidatos aqui. Contra mim".

A fala do candidato tucano é um resumo da situação eleitoral no estado.

Embora a distância entre Leite e o segundo colocado, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), não seja tão ampla —Leite tem 32% das intenções de voto, ante 19% de Onyx, conforme a mesma recente pesquisa do Ipec—, todos os adversários admitem a liderança do tucano no primeiro turno da disputa.

O candidato a governador Eduardo Leite (à esq.), com seu vice, Gabriel Souza, em agenda no litoral do Rio Grande do Sul
O candidato a governador Eduardo Leite (à esq.), com seu vice, Gabriel Souza, em agenda no litoral do Rio Grande do Sul - Joel Vargas/Divulgação

Com a conturbada adesão do MDB à chapa, Leite ganhou o que faltava na coligação que já contava com PSDB, Cidadania, União Brasil, PSD e Podemos: capilaridade no interior.

O MDB é o segundo partido com mais prefeituras gaúchas (134), atrás apenas do PP (143). O PL, de Onyx, por exemplo, tem apenas 10. O PT do terceiro colocado nas pesquisas —Edegar Pretto, com 7% das intenções de voto— tem 23 prefeituras.

Até aqui, o único caminho assinalado pelos rivais para crescer nas intenções de voto é o de tentar desidratar o ex-governador.

"Eu acredito que Leite estará no segundo turno, sim, mas que a direita do Rio Grande do Sul é forte o suficiente para derrotá-lo. Quem votou no Leite, não vota de novo. O Onyx pode não ser tão simpático, mas é um homem leal e de palavra", disse Luis Augusto Lara, ex-deputado que coordena a campanha do PL.

A frase sobre Onyx é por si só uma alfinetada em Leite, que havia prometido em 2018 não concorrer à reeleição.

O tucano também será cobrado por ter renunciado ao governo, em março, como uma última tentativa de se cacifar à Presidência da República. A mudança de discurso de Leite também pautou o slogan de Pretto, que é "palavra de gaúcho".

EXPOSIÇÃO

Pretto conta com a exposição de Lula para crescer nas intenções de voto, mas não pretende antagonizar neste momento com os candidatos bolsonaristas —além de Onyx, está na disputa Luis Carlos Heinze (PP), que soma 6% das intenções de voto, conforme o Ipec.

O principal desafio do petista é evitar que o eleitorado de esquerda vote em Leite desde o primeiro turno para evitar uma vitória do bolsonarismo, o chamado voto "Luleite".

Vencedor de uma disputa com o PSB pela cabeça de chapa, o petista conseguiu trazer para o seu palanque o PSOL e o ex-governador Olívio Dutra, que concorre ao Senado.

Com isso, Pretto espera crescer entre o eleitorado de esquerda das grandes metrópoles, sobretudo nos 14 municípios da região metropolitana de Porto Alegre, onde estão quase um terço do eleitorado gaúcho —2,7 milhões dos 8,5 milhões de eleitores do estado.

O ex-ministro Onyx Lorenzoni, que disputa o governo do Rio Grande do Sul
O ex-ministro Onyx Lorenzoni, que disputa o governo do Rio Grande do Sul - Pedro Ladeira-29.mar.21/Folhapress

Já no espectro da direita, deputados do PP apostam que a candidatura de Onyx "larga no teto". Ou seja: na melhor das hipóteses, ela se mantém pela insistência da militância bolsonarista, mas pode também minguar e levar o bolsonarismo a procurar abrigo na candidatura de Heinze.

Ligado ao agronegócio do interior, o senador vem ajustando o discurso aos temas urbanos. Mais uma vez, atacando Leite.

Em debate da Rádio Gaúcha, foi o senador quem trouxe à tona um dos piores indicadores do governo Leite: a evasão escolar de 10,7% no ensino médio.

O índice é quase o dobro da média nacional (5,6%) e coloca o Rio Grande do Sul na quarta pior posição no ranking dos estados. É ainda o pior índice desde 2012.

Há outras vidraças do atual governo, como a polêmica adesão do estado ao regime de recuperação fiscal do governo federal, que vem sendo criticada até por Onyx, que fez parte do ministério do governo Bolsonaro.

Disputam ainda o Governo do Rio Grande do Sul os candidatos Vieira da Cunha (PDT), Vicente Bogo (PSB), Roberto Argenta (PSC), Ricardo Jobim (Novo), Rejane de Oliveira (PSTU), Paulo Roberto (PCO) e Carlos Messalla (PCB). Todos eles pontuaram abaixo de 3% na última pesquisa do Ipec.

Erramos: o texto foi alterado

O nome do candidato do PSC é Roberto Argenta, não Argentina, como publicado em versão anterior deste texto

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