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Eleição ao Governo de SC vê disputa embolada entre candidatos da direita bolsonarista

Governador Carlos Moisés lidera e busca reconquistar eleitor do atual presidente, mas é seguido de perto por rivais

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Porto Alegre

Um vídeo que circula por aplicativos de mensagens e deve integrar a propaganda eleitoral mostra duas modernas pistolas automáticas, uma austríaca e uma italiana, e, em seguida, um homem atirando. Ao se voltar para a câmera, o atual governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (Republicanos), surge na tela.

De jaqueta estilo militar com a bandeira do estado bordada no ombro, o candidato à reeleição anuncia que pela primeira vez os policiais catarinenses usam as mesmas armas do FBI, a polícia federal dos EUA.

O vídeo é feito para lembrar que o governador Moisés era, antes, o Comandante Moisés. Em 2018, com tal alcunha e concorrendo pelo PSL que então abrigava Jair Bolsonaro, ele saltou de 9% das intenções de voto para 29% no primeiro turno —acabou eleito com 71% dos votos na segunda rodada.

O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, que disputa a reeleição
O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, que disputa a reeleição - Susi Padilha/Secom

A eleição de um ex-coronel do Corpo de Bombeiros de trajetória discreta foi uma das mais representativas da onda bolsonarista. Mas a aposentadoria da patente "comandante" antes mesmo da posse sinalizou que Moisés caminharia para o centro ao longo do mandato.

Cordato com políticos e grupos rivais —chegou a receber o MST em seu gabinete— e de opiniões moderadas, Moisés é visto como um traidor pela ala mais inflexível do bolsonarismo. Mas em um estado que, de acordo com pesquisa do Ipec, 50% dos eleitores afirmam que votarão no atual presidente, o ex-comandante tenta reter ao menos metade dessa parcela para se manter competitivo.

O mesmo levantamento do Ipec, divulgado na terça (23), gerou preocupações para a campanha de Moisés. A expectativa era que ele reunisse cerca de 30% das intenções de voto, mas o governador atingiu 23%.

Ao menos três candidatos com quem disputa o eleitorado de direita aparecem no retrovisor: os senadores Jorginho Mello (PL), com 16%, e Esperidião Amin (PP), com 15%, além de Gean Loureiro (União Brasil), com 8%, que renunciou ao segundo mandato de prefeito de Florianópolis para se lançar candidato.

Aliados do governador contam com a popularidade pluripartidária entre os prefeitos do interior como um dos trunfos da campanha. Moisés ficou conhecido por uma mudança na Constituição estadual que facilitou repasses de até R$ 5 milhões para cada gestão municipal, apelidada de "Pix do Moisés".

"Ele tem feito um governo muito amplo, que vai além de ideologias e partidos. Obras importantes têm sido executadas em todos os 295 municípios, e é lá que as pessoas vivem", afirma a deputada estadual e líder do governo, Paulinha (Podemos).

O ponto fraco, destacado por rivais em debates, é a compra de 200 respiradores fantasmas por R$ 33 milhões na pandemia. A suspeita de crime de responsabilidade levou Moisés a enfrentar um processo de impeachment na Assembleia Legislativa em 2020.

Ao longo do mandato, ele enfrentou duas ações do tipo —a primeira por aumento irregular de salários a procuradores—, mas foi absolvido de ambas.

Bolsonaro gravou um depoimento em apoio a Jorginho, mas tem feito campanha ativa apenas para Jorge Seif (PL), seu ex-ministro da Pesca, na disputa pelo Senado. Embora não simpatize com Moisés, o presidente está confortável com um eventual segundo turno entre aliados, sejam eles quais forem.

Jorginho, visto como um senador fiel devido à atuação na tropa de choque da CPI da Covid, disputa a eleição com uma chapa pura do PL.

Já Amin, amigo pessoal do presidente desde os tempos do PP, contou com a debandada do PSDB da campanha de Moisés para uma candidatura de última hora, contando com a força de seu nome no estado que liderou duas vezes. Fez o caminho inverso de 2018, quando desistiu às portas do prazo final do registro para concorrer.

Contra Gean pesa a rejeição no interior a políticos de trajetória na capital. Por outro lado, trata-se do nome com o maior fundo partidário e tempo de TV, além de ter apoio do ex-governador Raimundo Colombo (PSD), agora na disputa pelo Senado.

Ele também tem ao seu lado o conhecido marqueteiro local Fábio Veiga, responsável por comandar as duas campanhas vitoriosas de Colombo ao governo do estado.

PATAMAR DE LULA

Corre por fora o deputado federal Décio Lima (PT). Embora largue com apenas 6% das intenções de voto, o petista tentará se aproximar dos 25% de intenções de voto do ex-presidente Lula (PT) no estado.

O percentual seria suficiente para que o partido chegasse ao segundo turno em Santa Catarina pela primeira vez, sobretudo em uma disputa embolada no campo da direita.

Para tal, Décio caminhou para o centro, costurando apoios com o PSB e principalmente com o Solidariedade, partido do coordenador de sua campanha, Gelson Merísio, empresário local outrora filiado a diferentes legendas de direita e que havia declarado voto em Bolsonaro em 2018.

Concorrem ainda ao governo Jorge Boeira (PDT), Leandro Borges (PCO), Odair Tramontin (Novo), Professor Alex Alano (PSTU) e Ralf Zimmer (PROS) —todos pontuaram abaixo de 2% na última pesquisa do Ipec.

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