Descrição de chapéu Eleições 2022

Tebet culpa polarização por falta de apoio e evita citar números no JN para cumprir promessas

Emedebista encerra serie de sabatinas da emissora, após Bolsonaro, Ciro e Lula

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Brasília

A candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB) afirmou nesta sexta-feira (26) que a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), está "levando o país para o abismo".

A senadora ainda culpou essa polarização pela falta de apoio a sua candidatura e afirmou que alguns integrantes de seu partido foram cooptados.

Ela encerrou a série de entrevistas do Jornal Nacional, da Rede Globo, após Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) e Lula. A emissora convidou para as sabatinas os cinco melhores colocados na pesquisa Datafolha divulgada no fim de julho —André Janones (Avante), no entanto, deixou a corrida presidencial.

Simone Tebet durante entrevista ao Jornal Nacional - João Miguel Jr/ Globo

Tebet foi cobrada pelos apresentadores pela falta de detalhamento em seu programa na área econômica. Ela respondeu a essas perguntas sem conseguir explicar como pretende atingir metas presentes em seu plano de governo, como a erradicação da pobreza.

A senadora foi questionada durante a sabatina por que não conseguiu unir o MDB em torno de sua candidatura, com alas apoiando seus rivais. "Estamos diante de uma polarização, política e ideológica que está levando o país para o abismo. Polarização que faz com que alguns companheiros [do MDB] sejam cooptados", afirmou.

Simone Tebet buscou se diferenciar de outros integrantes do MDB que foram acusados e condenados por corrupção. Afirmou que seu partido é "muito maior que meia dúzia de políticos e seus caciques". Disse ainda que o MDB não é mais um partido fisiológico.

A senadora voltou a falar que tentaram puxar o seu tapete durante a campanha eleitoral. Tebet já havia dito anteriormente que revelaria o que sabe sobre articulações contra ela, mas segue sem dar detalhes.

Ela foi questionada em diferentes momentos pelos apresentadores sobre como pretende atingir as metas apresentadas em seu plano de governo. A senadora, que é assessorada por uma equipe de economistas liberais, tergiversou nas respostas e por vezes desviou do assunto, sem detalhar os números cobrados pelos entrevistadores.

"Nós estamos colocando números. [A construção] de 1 milhão de casas, zerar a fila das cirurgias atrasadas em dois anos. Nós vamos estender mais, eu vou governar olhando para o futuro", disse.

Nesse momento, o apresentador William Bonner insistiu: "Mas como fazer isso, candidata?"

Tebet, então, criticou o uso de emendas de relator, mecanismo de negociação política que ficou conhecido como orçamento secreto. Citou ainda como argumento que tem o "melhor time de economistas liberais do país".

Em outro momento, Bonner foi mais direto e perguntou de quanto a candidata precisaria para "erradicar a miséria". Tebet, mais uma vez, deu uma resposta evasiva. Citou um projeto do Congresso chamado de lei de responsabilidade social, em que, segundo ela, há uma meta de se erradicar a miséria no país em quatro anos.

"Esse projeto depende de duas coisas: reforma tributária e o Brasil voltar a crescer. Quando o Brasil voltar a crescer e gerar emprego você também diminui [a pobreza]", declarou.

A emedebista também voltou a defender um programa de transferência de renda permanente, com o valor de R$ 600. No entanto, reconheceu que isso só vai ser alcançado se sua gestão furar o teto dos gastos, em torno de R$ 60 bilhões.

Simone Tebet ressaltou o fato de ser uma candidata mulher e que por isso terá um outro olhar para governar o país.

"A presidente que vai estar governando o Brasil não é a senadora, não é a deputada, que foi prefeita. É a alma da mulher e coração de mãe".

Tebet disse que atualmente mulheres não votam em mulheres porque ainda desconhecem os quadros que disputam as eleições. "A mulher vota em mulher, se souber que tem uma mulher competitiva, corajosa, que trabalha."

Ela foi questionada sobre o fato de o MDB ter uma proporção muito maior de candidatos homens do que mulheres. "Não é só do meu partido, são de todos os partidos. Eles só cumprem a cota [de candidatas mulheres]", respondeu a senadora, que chamou a disparidade de gênero de "violência política".

"É uma escada, tudo na vida da gente é difícil. Como é difícil ser mulher na iniciativa privada, que dirá na vida pública", disse ela, que defendeu seu partido. "Estou diante de um partido que saiu na vanguarda que decidiu lançar neste mais difícil no Brasil uma mulher candidata a presidente da República."

Tebet ainda destacou proposta de igualdade salarial entre homens e mulheres.

Simone Tebet entrou na disputa como candidata do bloco chamado terceira via, para tentar romper a polarização entre Lula e Bolsonaro. Seu nome foi endossado pelo seu partido e também pela federação PSDB-Cidadania. Os tucanos indicaram a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) para o posto de vice na chapa.

A coligação depois ganhou a adesão do Podemos.

A candidata vem enfrentando dificuldades para crescer nas pesquisas. Levantamento do Datafolha, divulgado no dia 18, mostra que ela permanece estagnada com 2% das intenções de votos. Está atrás de Lula (47%), Bolsonaro (32%) e Ciro Gomes (7%).

A sua campanha aposta no fato de que a parlamentar ainda é desconhecida pela maioria dos brasileiros. Por isso acredita que o início da propaganda eleitoral em rádio e televisão —seu tempo de televisão é apenas inferior ao de Lula e Bolsonaro— , além de sabatinas como a do próprio JN, possam melhorar seu desempenho.

Tebet também vem tendo dificuldades com palanques nos estados. A sua candidatura enfrentou resistência aberta de uma ala do seu próprio partido, que preferia apoiar Lula já no primeiro turno.

Alguns caciques do partido, como Renan Calheiros (MDB-AL), criticaram o lançamento de uma candidatura própria, com poucas chances de vitória, em detrimento de usar os recursos partidários para eleger uma bancada mais robusta no Congresso Nacional.

Além da ala lulista, outros candidatos emedebistas ou da coligação nessas eleições já têm acertado apoio a Bolsonaro.

Em seu segundo dia de campanha, por exemplo, Tebet visitou uma comunidade carente do Distrito Federal e não contou com a presença do governador Ibaneis Rocha (MDB), que disputa a reeleição e é líder nas pesquisas locais. Ibaneis apoia o atual presidente da República.

Nos primeiros dez dias de campanha, a emedebista viajou para os estados do sul e para o Rio de Janeiro, mas a maior parte da sua agenda esteve concentrada na região metropolitana de São Paulo. Sua equipe avalia que seu potencial de crescimento é maior no estado.

Com uma chapa exclusivamente feminina, a campanha da senadora espera ter bom desempenho entre as mulheres. Uma das promessas de campanha nesse sentido é a formação de um ministério paritário entre homens e mulheres.

Outras propostas em destaque no plano de governo da chapa prevê a criação de uma poupança semelhante ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para os trabalhadores informais de baixa renda. Tebet também promete o pagamento de uma poupança para alunos da rede pública para diminuir a evasão escolar e estimular melhor desempenho.

Ouça o Sufrágio, novo podcast da Folha sobre mulheres e política:

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