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Veja ritmo de falas de Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet no JN e interrupções de Bonner e Renata

Candidatos foram entrevistados por William Bonner e Renata Vasconcellos na Globo

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São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou cinco minutos a menos que seus adversários de campanha durante série de entrevistas ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta semana. A sabatina do candidato à reeleição registrou mais interrupções de ambas as partes se comparada com as de Ciro Gomes (PDT), de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB).

A entrevista de Bolsonaro teve momentos tensos, em que ele interrompeu e foi interrompido pelos âncoras do jornal William Bonner e Renata Vasconcellos. O presidente mentiu durante a sabatina e teve informações contestadas sobre ações na pandemia e ao negar que tivesse xingado ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A Folha analisou as entrevistas dos quatro candidatos que aparecem à frente na última pesquisa de intenção de votos do Datafolha —de Bolsonaro, na segunda, Ciro, na terça, Lula, na quinta, e Tebet, nesta sexta (26). Todas as interrupções, tanto dos âncoras quanto dos presidenciáveis, foram registradas, juntamente ao tema abordado no momento da interrupção.

Restratos lado a lado de Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet
O ex-presidente Lula (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL) e os candidatos à Presidência Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) - Eduardo Anizelli, Pedro Ladeira e Zanone Fraissat/Folhapress

Foram considerados cortes os momentos em que um dos participantes –tanto o convidado, quanto os apresentadores– sobrepôs sua voz à do outro no intuito de interromper a fala, e obteve êxito.

Bolsonaro teve 24 minutos e 23 segundos de fala, tempo menor se comparado com o de Ciro Gomes (30 minutos e um segundo), o de Lula (30 minutos e sete segundos) e o de Tebet (31 minutos e 55 segundos).

A entrevista do presidente teve mais interrupções. Foram 105 no total, sendo que quase metade (48) partiu do candidato, o campeão no quesito. A sabatina de Ciro teve 27 interrupções ao longo dos 40 minutos, a de Lula, 43, e a de Tebet, 39 no total.

Bolsonaro ficou tenso nos primeiros minutos da entrevista. Ao ser questionado sobre suas intenções com ataques feitos a ministros do STF e ao sistema eleitoral brasileiro, rebateu dizendo se tratar de notícias falsas.

"Primeiro: você não está falando a verdade quando fala ‘xingar ministros’. Não existe. Isso não existe, é um fake news da sua parte", foram as primeiras palavras de Bolsonaro se dirigindo a Bonner.

No ano passado, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de "canalha". Além disso, diante de apoiadores, xingou o ministro Luís Roberto Barroso de "filho da puta".

O presidente também levantou diversas vezes dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, citando hipóteses que foram rebatidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e pela Polícia Federal.

Os temas mais discutidos durante a sabatina de Bolsonaro foram as eleições e a possibilidade de golpe contra a democracia —este último ocupou oito minutos da entrevista.

A entrevista de Ciro Gomes teve 27 interrupções no total. Os temas mais abordados foram o meio ambiente, com 8 minutos de discussão, e o compromisso do candidato de não concorrer à reeleição, que demandou 6 minutos e 30 segundos do debate. A estratégia de coalizão com o Congresso também foi foco de perguntas, com 5 minutos e 30 segundos.

Durante o debate sobre temas ambientais houve 11 interrupções. Depois, vieram o compromisso de não concorrer à reeleição, com 5 interrupções, e a dificuldade de união interna do PDT, também somando 5.

A corrupção foi o tema por mais tempo discutido na entrevista com Lula. O candidato do PT ouviu questionamentos sobre medidas para evitar novos escândalos e acerca da independência de instituições como a Procuradoria-Geral da República, por exemplo.

Lula admitiu desvios na Petrobras em governos petistas e criticou a Lava Jato, afirmando que as operações provocaram prejuízos econômicos para o Brasil. O tema corrupção ocupou 14 minutos e 8 segundos, mais de um terço do tempo da entrevista.

Na entrevista com Tebet a economia foi o tema mais explorado, com questões sobre reforma tributária e propostas feitas pela candidata, seguido por questões sobre dados relacionados ao Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e Segurança Pública no período em que ela foi vice-governadora em Mato Grosso do Sul.

No momento de maior interrupções de ambos os lados, Tebet foi questionada por Bonner sobre como viabilizaria promessas sem ultrapassar o teto de gastos. A emedebista ignorou boa parte das intervenções e somou o maior tempo de fala entre os quatro sabatinados.

A série com os presidenciáveis no Jornal Nacional tem o mesmo formato para todos os quatro candidatos convidados. Eles respondem a perguntas sobre vários temas em 40 minutos e têm mais um minuto para considerações finais.

Os dados apontam ainda que o apresentador William Bonner teve tempo médio de fala de aproximadamente oito minutos durante as entrevistas, e Renata, de cinco minutos.

Nesta sexta, Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que "compreende perfeitamente a Globo tratar melhor aqueles que estão dispostos a pagar mais". Sem citar diretamente o petista, que é seu principal adversário nas eleições deste ano, o mandatário disse que "eles são a esperança de dias melhores para a emissora".

Logo após a entrevista de Lula, na quinta-feira (25), diversos ministros do governo e aliados do presidente afirmaram que os entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos foram mais duros com Bolsonaro do que com Lula.

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