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Pros declara apoio a Lula, e aliança com Janones avança

Pré-candidato do Avante encontrará ex-presidente para consumar acordo; estratégia visa tempo de TV e eleição em 1º turno

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Brasília e São Paulo

Em um esforço para minar candidaturas alternativas e aumentar a chance de vitória em primeiro turno, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quarta-feira (3) o apoio do Pros e avançou na articulação da aliança com o Avante, partido do deputado federal André Janones.

A ampliação do arco de alianças, além de contribuir com os tempos de propaganda eleitoral em rádio e TV, é vista como relevante para os petistas em meio à tentativa de buscar uma eleição de Lula sem depender do segundo turno.

A cúpula do Avante discutia na noite desta quarta os detalhes para a consolidação da aliança com Lula já no primeiro turno. O ex-presidente se reunirá nesta quinta-feira (4) com Janones e a expectativa é que o deputado anuncie a desistência de concorrer à Presidência após o encontro.

A adesão do Pros aconteceu em São Paulo, em reunião da nova cúpula do partido com Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, e Aloizio Mercadante (PT), coordenador do programa de governo do petista. Com isso, a candidatura à Presidência de Pablo Marçal pode ser anulada em nova convenção a ser realizada pelo Pros na sexta-feira (5).

Foto de políticos
Da esq. para a dir., o advogado Bruno Pena (Pros), Eurípedes Jr., presidente do Pros, Geraldo Alckmin (PSB), vice da chapa de Lula, Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo do petista, e Felipe Espírito Santo, presidente da fundação do Pros - Divulgação

Participaram do encontro o presidente do Pros, Eurípedes Jr., o presidente da Fundação da Ordem Social, Felipe Espírito Santo, e Bruno Pena, advogado da legenda.

Na última pesquisa Datafolha, Lula tinha 47% das intenções de voto, contra 29% de Jair Bolsonaro (PL), 8% de Ciro Gomes (PDT), 2% de Simone Tebet (MDB) e 1% de Janones, Pablo Marçal e Vera Lúcia (PSTU).

Em votos válidos, Lula alcançava 52% —para ganhar no primeiro turno, é necessário somar 50% dos votos válidos mais um.

Nesta quarta, após a reunião, a direção do Pros se reuniu com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao Governo de São Paulo, e iniciou discussões para tratar de um eventual apoio ao petista no estado.

A direção do partido realizará nova convenção partidária na sexta para avaliar o cancelamento das deliberações do encontro da legenda realizado no último dia 30 e um possível apoio a Haddad.

Em nota, Pablo Marçal disse que sua candidatura foi realizada no prazo legal e que seriam necessários dez dias para convocação de uma nova convenção para retirada do seu nome, o que estoura o prazo limite de sexta-feira. O candidato disse que irá judicializar a questão se houver nova convenção.

"Seguimos firmes no propósito de destravar a nação pelo voto e de enfrentar qualquer poder que, arbitrária e ilegalmente, ouse afrontar o Estado democrático de Direito."

À noite, ele afirmou ainda que jamais apoiaria Lula.

A nova direção do Pros diz que a convenção que escolheu Pablo delegou à executiva do partido a decisão final sobre a candidatura e que, além disso, há jurisprudência que permite convocação com menos de dez dias em casos excepcionais.

Janones, por sua vez, já indicou que abrirá mão de disputar o Palácio do Planalto para apoiar Lula. Nesta semana, a campanha petista fez mais um gesto ao até agora presidenciável ao sinalizar que acatará propostas do deputado no plano de governo.

Com a retirada, a cúpula do Avante busca coligar oficialmente à chapa de Lula. Segundo integrantes do partido, está à mesa a possibilidade de nomeação para o primeiro escalão de um eventual governo Lula, além do apoio do petista para a indicação de Luis Tibé, presidente nacional do partido, para o TCU (Tribunal de Contas da União).

A divisão oficial do tempo de televisão na campanha será informada nas próximas semanas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas o ingresso formal do Pros na coligação de Lula ampliaria levemente a liderança do petista na propaganda no rádio e na TV.

Pela lei, esse tempo é distribuído de acordo com a força partidária de cada candidato, que leva em conta a coligação formada ao seu redor. Só os seis maiores partidos da coligação contam para a divisão.

O ex-presidente Lula (PT)
O ex-presidente Lula (PT) - Gabriela Biló/Folhapress

No caso de Lula ele já tem sete partidos em sua chapa. O ingresso do Pros daria ao petista 12 segundos a mais em cada bloco geral de 12 minutos e 30 segundos de propaganda, tirando do cálculo o PV, que acrescenta cerca 6 segundos.

Com isso, a candidatura do ex-presidente ficaria com cerca de 3 minutos e 16 segundos por bloco. Bolsonaro viria logo em seguida, com cerca de 2 minutos e 50 segundos.

A antiga direção da legenda foi destituída no último domingo por decisão do ministro Jorge Mussi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas ainda há espaço para questionamentos judiciais.

O magistrado devolveu o comando do partido ao seu fundador, Eurípedes Jr. O Pros havia oficializado no domingo (31) a candidatura do coach motivacional Pablo Marçal à Presidência da República.

Como mostrou a Folha, o Pros vive um racha interno, em uma disputa de poder que envolve inclusive negociações para tentativa de compra de sentença judicial.

Em outra frente, o encontro de Janones com Lula nesta quinta será o segundo entre os dois desde o último mês. De olho no potencial de mobilização nas redes sociais do deputado, a reunião poderá sacramentar um acordo.

O presidenciável já havia indicado que poderia retirar a candidatura caso suas propostas fossem incluídas na pauta de outros candidatos ao Palácio do Planalto.

Entre as pautas que o deputado levará à mesa de discussão com Lula está a manutenção do auxílio de R$ 600 e com pagamento em dobro para mães solo, a inclusão de famílias do cadastro único nos beneficiários do Auxílio Brasil, a ampliação da oferta do programa de saúde mental no Brasil e a implementação de lei de inclusão para pessoas com deficiência.

O grupo que debate o plano de governo de Lula também se reunirá com a equipe de Janones apara alinhar as propostas.

"O entendimento é que há espaço para o diálogo, para o entendimento e para uma ampla e construtiva convergência programática em temas fundamentais para a reconstrução do Brasil. Também para a ampliação da frente democrática liderada por Lula e Alckmin", afirmou Mercadante, em nota.

Caso o Avante se coligue a Lula, a sigla só deve acrescentar tempo de TV ao petista se o Pros não homologar a decisão de se juntar à chapa. Isso porque só contam para o cálculo da televisão as seis maiores legendas.

Se o Pros formalizar a decisão, como pretende fazer na sexta, será o sexto maior partido na aliança de Lula.

Caso o Pros não se alie ao ex-presidente, o Avante seria a sexta maior legenda da coligação e acrescentaria pouco cerca de 20 segundos na propaganda de rádio e TV.

Erramos: o texto foi alterado

Infográfico sobre o tamanho das legendas Pros e Avante indicou incorretamente em bilhões a escala dos valores do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário. As cifras são, na verdade, da ordem de milhões.

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