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Tarcísio diz que operação contra empresários bolsonaristas foi extrapolação

Candidato afirma que falar 'bobagem' no WhatsApp não justifica operação da PF

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São Paulo

O candidato bolsonarista ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou a operação da Polícia Federal contra empresários de um grupo de WhatsApp no qual se defendeu golpe de Estado.

"O que aconteceu ontem [terça, 23, quando a ação foi deflagrada] foi extrapolação", afirmou o ex-ministro nesta quarta (24). "Se a gente achar normal, tem algo muito errado com a nossa democracia."

Tarcísio se alinha à postura do presidente Jair Bolsonaro (PL), patrocinador de sua candidatura e de quem ele quer se mostrar próximo em sua campanha. Em almoço com empresários, o chefe do Executivo mostrou seu descontentamento com a operação e questionou se eles achavam a ação "proporcional".

As declarações do ex-ministro foram dadas na sabatina Estadão/FAAP, realizada na manhã desta quarta. "Teve gente que teve busca e apreensão decretada porque deu um joinha", disse ele, referindo-se ao ícone de "joinha" que usuários do aplicativo WhatsApp podem usar para curtir uma mensagem.

O candidato ao Governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos)
O candidato ao Governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) - Zanone Fraissat/Folhapress

"Em uma conversa entre amigos alguém um dia tem um arroubo e fala uma bobagem. Aí eu vou mandar a Polícia Federal na casa dessa pessoa? Que gera emprego, que gera crescimento, que emprega milhares de brasileiros?", disse. "Não vejo que uma conversa num grupo de WhatsApp entre amigos tenha qualquer condão de promover um golpe de Estado", seguiu Tarcísio. "Para promover isso você teria que combinar com os russos. Quem é que vai dar o golpe? Meia dúzia de empresários? Isso não faz o menor sentido."

A operação da PF foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e teve como alvo empresários integrantes de um grupo virtual de mensagens privadas que discutiam um golpe caso o ex-presidente Lula (PT) vença Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro.

O candidato também defendeu a liberdade de escolha de quem não quer ser vacinado e que, se eleito, vai acabar com a obrigatoriedade dos servidores estaduais de se vacinarem. Para tal, citou o caso do tenista sérvio Novak Djokovic, que decidiu não receber o imunizante contra a Covid, chegou a ser deportado da Austrália e disse que abriria mão de torneios caso fosse obrigado a ser vacinado.

"Quem disse que você vai transmitir [Covid] para os outros [caso não seja vacinado]?", questionou o ex-ministro. As vacinas não protegem 100% contra infecções, mas impedem desdobramentos graves da doença.

"Eu peguei Covid duas vezes. Uma antes da vacina e outra depois da vacina", disse. Mas Tarcísio afirmou não ver relação entre o discurso de descredibilização dos imunizantes, patrocinado em grande medida por Bolsonaro, e a queda nos índices de vacinação básica no estado de São Paulo.

Quando o assunto era o transporte público paulista, Tarcísio foi questionado se tinha bilhete único. "Eu não tenho", respondeu o candidato. "É relevante [a pergunta]? Não tenho problema nenhum em ter, também."

Na tarde de terça, Tarcísio caminhou pela região da praça Princesa Isabel, no centro da capital paulista.

Acompanhado de assessores de sua equipe, o candidato falou sobre a sua proposta de levar a sede do Executivo estadual para aquela região. Segundo ele, a sede do governo deixaria o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para ser fixada no Palácio dos Campos Elíseos, que já serviu de base para a gestão estadual.

De acordo com o candidato, o valor para tal ação está sendo estimado. Mas, segundo ele, um projeto semelhante desenvolvido no passado custava cerca de R$ 3 bilhões, considerando a mudança e as adaptações da região no entorno da praça Princesa Isabel.

Especialistas ouvidos pela Folha avaliam que esse projeto pode ser simbólico para a revitalização do centro paulistano, mas pode reforçar conflitos da região.

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