Observador Folha/Quaest vai rastrear tendências eleitorais no WhatsApp e no Telegram

Parceria entre jornal e empresa de pesquisa e consultoria alia dados de grupos de conversa à análise jornalística

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São Paulo

A Folha e a Quaest iniciam nesta quarta (24) a publicação de uma série de reportagens realizadas a partir do monitoramento e rastreamento de mensagens em grupos de WhatsApp e Telegram.

Chamado de Observador Folha/Quaest, o projeto tem inicialmente como banco de dados a ser observado 1.218 grupos de WhatsApp e 235 de Telegram. Ele será alimentado e ampliado até o fim da eleição.

O sistema foi desenvolvido pela equipe da Quaest, empresa de pesquisa e consultoria, sob a orientação jornalística da Folha. O monitoramento terá como base grupos políticos de conversa com acesso público e o respeito às regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Urnas eletrônicas armazenadas na 1ª Zona Eleitoral de São Paulo
Urnas eletrônicas armazenadas na 1ª Zona Eleitoral de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

O time de pesquisadores da Quaest busca grupos alinhados à direita, à esquerda, sem definição de espectro ou mistos, sempre dedicados a conversas políticas. Os links dos convites públicos foram obtidos em rede sociais como Twitter, Instagram, Facebook, Reddit e Gettr.

Em cumprimento à LGPD, a ferramenta não armazena informações que permitam identificação pessoal, como nome, apelido usado no aplicativo e número de telefone. Dados de usuários presentes em grupos não são acessados, armazenados ou divulgados.

Do monitoramento nos grupos, que reúnem, por ora, pouco mais de 72 mil números de telefone, a Folha vai fazer reportagens para mostrar quais os temas de campanha que ganham tração entre o eleitorado, além de evidenciar conteúdos virais e potencialmente inverídicos disseminados para confundir o debate público.

Segundo a Quaest, é possível extrair mensagens encaminhadas em massa nos grupos por meio de um código de programação —essas mensagens serão analisadas pela Folha e por relatórios da consultoria.

A ferramenta desenvolvida pela empresa permite identificar as palavras-chaves mais utilizadas, o ID do grupo (seu nome) e os identificadores únicos que representam os números. Os nomes de criadores de grupos bem como de seus usuários não são salvos nem exibidos.

Para a classificação política dos grupos, a Quaest utiliza inteligência artificial. Da coleta dos primeiros 120 grupos, pesquisadores os dividiram segundo a descrição de seus próprios administradores (autodeclarados lulistas, neutros ou bolsonaristas, por exemplo).

Com uma amostra inicial de mais de 10 mil mensagens e suas palavras-chave, a inteligência artificial consegue prever em que categoria um novo grupo se encaixa. Quando o sistema não tem certeza sobre um grupo político, o classifica como indeterminado.

A amostra atualmente tem 42% dos grupos ligados à direita, 14% à esquerda e 44% indeterminados.

"O que chama atenção é que a gente encontrou muito mais grupos de direita do que de esquerda até o momento", afirma Felipe Nunes, diretor da Quaest. "Fomos atrás de tudo que está disponível de forma identificada nos mecanismos de busca, o resultado é esse", diz.

Ele aponta também que a evolução da ferramenta ao longo da eleição permitirá um refinamento das estimativas de posicionamento dos grupos, o que deve diminuir a quantidade grupos atualmente classificados como indeterminados.

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