Atiradores e colecionadores criticam decisão de Fachin de restringir acesso a armas

Em vídeos e aplicativos, CACs defendem reeleição de Bolsonaro, xingam Fachin e chamam determinações de absurdo

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Brasília

As decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin que suspenderam trechos de decretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre armas e munições viraram alvo de críticas e ataques dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores).

A categoria, que majoritariamente apoia Bolsonaro, foi afetada pelas determinações de Fachin.

Em vídeos publicados nas redes sociais e em aplicativos de mensagens, pessoas inscritas como CACs disseram que a categoria foi "extremamente" prejudicada pelas ordens de Fachin.

O ministro Edson Fachin - Adriano Machado-18.abr.22/Reuters

O ministro foi ainda xingado em aplicativos de mensagens, onde atiradores reclamaram que o acesso a armas de fogo ficará mais restrito a partir de agora.

Entre outros pontos, o ministro do STF determinou restrições sobre o número de armas e munições que podem ser obtidas por CACs, sob o argumento de aumento do risco de violência política na campanha eleitoral.

O presidente do grupo armamentista Proarmas, candidato a deputado federal Marcos Pollon (PL-MS), afirmou que a melhor estratégia para responder às decisões de Fachin é trabalhar pela reeleição de Bolsonaro.

"Como vocês podem ajudar? Primeiro: lotem o 7 de Setembro de forma pacífica e ordeira. Lotem o 7 de Setembro, façam esforço e lotem o 7 de Setembro. Segunda coisa: apoiem os nossos candidatos em todo o Brasil. Apoiem os nossos candidatos. Terceira e mais importante: trabalhem dia e noite sem comer, sem dormir e sem ir ao banheiro pela reeleição do presidente. Só existe uma forma de frear esses caras, reelegendo o presidente [Bolsonaro]", disse em um vídeo.

Cesar Mello (PP), membro do Proarmas e candidato a deputado estadual pelo Paraná, foi um dos primeiros a se manifestar.

"Efetivamente o ministro Fachin soltou uma liminar prejudicando de forma extrema o acesso à posse e ao porte de armas, principalmente a posse de armas. Vai ficar muito difícil você adquirir a sua arma de fogo. A gente vem avisando há bastante tempo que as pessoas deveriam adquirir sua arma de fogo. A gente já vem avisando há bastante tempo que esse tipo de ataque ocorreria", afirmou.

Em outro vídeo, Samuel Cout (DC-GO), membro do Proarmas e candidato a deputado estadual por Goiás, chamou a decisão de Fachin de "absurdo".

"Olha o absurdo que está esse país, pessoal. Olha o absurdo que o ministro consegue fazer com uma canetada. Literalmente atropelou o pedido de vista do [ministro do STF] Nunes Marques, né? Esse assunto já estava pautado lá no STF e o Nunes Marques pediu vista. Ele atropelou esse pedido de vista, atropelou a decisão do presidente que tem legitimidade para estar fazendo esse decreto", disse.

Alguns membros do Proarmas chegaram a criticar o próprio ministro num grupo do aplicativo Telegram, em que há mais de 4.000 membros inscritos.

"Em 2020 esse bosta de ser humano aí queria impedir que cristãos fossem candidatos por crime de abuso de poder religioso…inventou essa legislação do rabo dele não são ministro nem juízes, são militantes do PT com poder…temos que jogar com sabedoria", disse um membro do grupo. A mensagem foi posteriormente apagada.

"Quero ver ele mandar essa decisão para traficantes. Cada uma. PT e PSDB que ficaram entrando na Justiça", afirmou outro membro.

Fachin atendeu aos pedidos de forma liminar (provisória e urgente) em três ações, duas do PSB e uma do PT, contra trechos de decretos e portarias do governo Bolsonaro que flexibilizavam o acesso a armamentos. Ele é o relator desses processos.

Os CACs têm sido beneficiados com uma série de normas no governo Bolsonaro, o que tem influenciado o crescimento de armas nas mãos de atiradores, colecionadores e caçadores, chegando a 1 milhão em julho deste ano.

A decisão do ministro não deixa claro se com essa restrição de armas e munições volta o quantitativo anterior ao que era antes dos decretos e portarias. A Folha entrou em contato com o STF para esclarecer esse ponto, mas ainda não houve retorno.

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