Bolsonaro usa fake news para dizer que Forças Armadas podem fechar seção eleitoral

Presidente afirma durante transmissão que TSE avalia impedir eleitores de usarem verde e amarelo

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou nesta quarta-feira (28) uma notícia falsa para argumentar que poderia determinar que as Forças Armadas fechem seções eleitorais no dia do pleito. Segundo Bolsonaro, isso seria possível caso eleitores sejam proibidos de entrar nas seções com camisas verde e amarelas —hipótese que nunca foi cogitada.

O presidente disse durante uma live que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estaria avaliando proibir o ingresso nas seções eleitorais de pessoas com camisas da seleção brasileira.

Numa reunião da CTE (Comissão de Transparência das Eleições) com a entidade OTE (Observatório da Transparência das Eleições), um participante pediu veto ao uso de camisa da seleção por mesários. A idéia não foi levada adiante. Nunca se cogitou proibição de uso de roupas verde e amarelas por eleitores.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de comício nesta quarta-feira (28) no Centro de Convenções da Ponta da Praia, em Santos. Ele veste uma jaqueta preta e segura um microfone para discursar, ao lado de aliados políticos
Presidente Jair Bolsonaro durante comício em Santos - Adriano Vizoni/Folhapress

"É interferência demais. Está com medo de quê? De ter um mar de verde e amarelo? Você está preocupado com um mar de verde e amarelo votando [e depois] aparecer o nome do Lula ganhando. É isso TSE? É isso TSE?", afirmou o presidente, em transmissão em suas redes sociais, após ter lido a notícia falsa.

Na sequência, Bolsonaro conclamou os eleitores a irem votar com camisas com as cores da bandeira do Brasil e, então, ameaçou com o fechamento de seções eleitorais.

"Eu estou convidando a todos voluntariamente votar com a camisa verde e amarela. O que as Forças Armadas puderem garantir [a] vocês de votarem com a camisa verde e amarela, vai ser garantido", afirmou.

"Eu vou determinar às Forças Armadas, que vão participar da segurança: qualquer seção eleitoral que for proibido entrar com a camisa verde e amarela, não vai ter eleição naquela seção. Ou estamos na democracia ou estamos no estado do Alexandre de Moraes", completou o presidente da República.

Bolsonaro ainda afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, trabalha para beneficiar o seu rival na disputa presidencial, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

A transmissão desta quarta-feira (28) foi repleta de ataques a Moraes. Em dado momento, Bolsonaro criticou o ministro do Supremo por ter feito um gesto de degola, captado pelas câmeras, durante julgamento do TSE que manteve a proibição do uso do Palácio do Alvorada para a transmissão de lives relacionadas com a campanha eleitoral.

Bolsonaro ironizou a explicação de que o gesto era para um amigo e disse que "ser ministro é coisa séria".

Sobre a proibição do uso da Alvorada, o mandatário se disse "constrangido" por estar gravando fora da residência oficial e que estava gerando custos, como com segurança. Afirmou que gastaria apenas com a iluminação se estivesse na biblioteca do palácio.

Jair Bolsonaro, no entanto, mais uma vez se recusou a informar onde estava sendo feita a gravação.

O presidente também voltou a criticar Moraes por ter quebrado o sigilo de seu principal ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid.

Bolsonaro afirmou que Moraes fica "o tempo todo atazanando" a sua vida e pediu que ele "seja homem" para conhecer que ele foi o responsável pelo vazamento da quebra de sigilo. O mandatário ainda repetiu que a quebra era uma "covardia"

Conforme a Folha revelou, a PF encontrou elementos no telefone de Cid que levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República.

O mandatário ainda afirmou que os recursos saíram de sua conta particular. Disse se tratar em torno de R$ 12 mil por mês, para as despesas da primeira-dama Michelle Bolsonaro. E pediu que o ministro do STF também divulgasse os valores das transações.

"Você que manda fazer isso [vazar]. Seja homem, Alexandre, o tempo todo atazanando a minha vida", completou.

Bolsonaro estava acompanhado na transmissão do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do nome que apoia para o Senado naquele estado, Marcos Pontes (PL).

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