Com as pesquisas indicando um cenário aberto na corrida eleitoral pelo Governo de São Paulo, as campanhas dos principais candidatos devem adotar estratégias diferentes no debate promovido por Folha, UOL e TV Cultura às 22h desta terça-feira (13).
Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que estariam no segundo turno de acordo com a última pesquisa Datafolha, falam em apresentar propostas e defender legado, enquanto Rodrigo Garcia (PSDB), que precisa crescer nas intenções de votos, pode ter postura mais incisiva sobre os rivais.
O debate será transmitido também nos sites e redes sociais dos veículos. O evento acontece no Memorial da América Latina, na zona oeste da capital paulista.
Segundo a última pesquisa Datafolha, de 1º de setembro, Haddad lidera com 35%, seguido de Tarcísio, que marca 21%. O atual governador aparece com 15%.
Também irão participar do debate Elvis Cezar (PDT) e Vinicius Poit (Novo), que pontuaram 1% cada um. A pesquisa SP-04954/2022 foi contratada pela Folha e pela TV Globo e tem margem de erro de dois pontos para mais ou para menos.
O debate terá três blocos, com dois segmentos cada. Na primeira, terceira e quinta partes, os candidatos respondem a perguntas de jornalistas, enquanto perguntam entre si nos segmentos 2 e 4. A parte final será dedicada às considerações finais.
O debate anterior, realizado pela TV Bandeirantes em agosto, teve embates entre os três candidatos mais bem colocados, mas o duelo principal se deu entre Haddad e Tarcísio, reproduzindo a polarização nacional entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Tarcísio pediu que o telespectador digitasse no Google "pior prefeito de São Paulo", e Haddad respondeu sugerindo que as pessoas buscassem o termo "genocida".
De acordo com aliados de Haddad, o ex-prefeito da capital e ex-ministro da Educação planeja falar sobre seu legado, mas irá reagir se for atacado.
Uma vantagem, ainda segundo petistas, é o fato de que os pontos fracos de Haddad já foram explorados largamente nas campanhas de 2018 e 2016.
Em relação a sua principal vidraça, a desaprovação ao deixar a prefeitura (48%), o petista costuma responder que deixou dinheiro em caixa e que obteve o reconhecimento do grau de investimento das contas da cidade.
No debate, Haddad quer se beneficiar de sua ligação com Lula, que lidera a corrida para o Palácio do Planalto. Caso os adversários não mencionem o ex-presidente, o próprio petista deverá fazê-lo, na intenção de colar em seu padrinho.
Em relação aos rivais, petistas apontam que a associação entre Tarcísio e o bolsonarismo pode ser uma forma de questioná-lo, além de provocar uma comparação de legado com o ex-ministro da Infraestrutura e também com o atual governador. Segundo os aliados de Haddad, Rodrigo busca se apropriar de entregas tucanas das quais não participou.
Como mostrou a Folha, a campanha de Haddad vê vantagem em concorrer com Tarcísio no segundo turno, já que a rejeição a Bolsonaro é expressiva no estado. No debate, porém, interlocutores do petista afirmam que as regras não permitem que se escolha um adversário, já que todos devem perguntar e todos devem responder —conforme a ordem do sorteio.
Membros da campanha de Tarcísio afirmam que ele deve se aprofundar na apresentação de propostas.
De acordo com estrategistas da chapa do ex-ministro da Infraestrutura, a estratégia a ser adotada deve seguir a ideia levada ao primeiro debate, no qual Tarcísio optou por se apresentar ao eleitor como candidato do presidente Jair Bolsonaro.
Com o melhor desempenho do ex-ministro nas pesquisas de intenção de voto, o entorno do candidato avalia que é hora de ele apresentar com mais intensidade os seus projetos para áreas como a segurança, a saúde, a assistência social e a geração de empregos.
Na avaliação dos integrantes do núcleo da campanha, neste momento de proximidade com o pleito, marcado para 2 de outubro, o eleitor começa a procurar outros atributos, e o ex-ministro quer se apresentar como uma pessoa de perfil técnico, mas com sensibilidade para identificar e resolver os problemas do estado.
Se tiver oportunidade, Tarcísio deve concentrar suas perguntas para Haddad e Rodrigo.
O debate é tido como decisivo na campanha de Rodrigo, que está em terceiro lugar na busca pela reeleição.
No levantamento mais recente do Datafolha, o tucano viu Tarcísio descolar e se firmar como o segundo colocado, atrás do petista. Uma boa atuação nesta terça poderia ajudar a melhorar sua imagem às vésperas de mais uma pesquisa —prevista para sexta-feira (16).
A menos de três semanas da votação, a equipe do tucano defende que ele adote uma postura mais incisiva, sobretudo em relação a Tarcísio. Seria uma mudança em relação ao que Rodrigo apresentou no primeiro debate.
Naquela edição, Rodrigo fez uma espécie de apresentação ao telespectador, associando seu início na política a Mário Covas (PSDB) e escondendo João Doria (PSDB), de quem herdou a cadeira no Palácio dos Bandeirantes.
Aliás, Rodrigo deve seguir se desviando de comparações com Doria e, ao mesmo tempo, insistirá que Haddad e Tarcísio só governarão de acordo com interesses, respectivamente, de Lula e Bolsonaro. O tucano tem tentado quebrar a polarização nacional para obter votos.
Governador desde abril deste ano, Rodrigo pretende explorar os feitos de sua curta gestão, sobretudo medidas populistas. A equipe se apega ao fato de que a gestão é, segundo o Datafolha, aprovada por 27% dos moradores do estado e reprovada por 14%. Outros 45% consideram seu trabalho regular, e 15% não souberam opinar.
DEBATE DE CANDIDATOS AO GOVERNO DE SP
Quando: Terça-feira (13)
Horário: A partir das 22h
Onde assistir: Site da Folha, UOL, TV Cultura e YouTube
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