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Eleições 2022

Haddad, Tarcísio e Rodrigo fazem jogo aberto por antigos territórios do PSDB

Debate reforça disputa por voto do interior e foco no eleitorado que se acostumou a votar em tucanos

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Brasília

A disputa travada pelo trio de candidatos que encabeça as pesquisas expôs um jogo aberto por territórios de São Paulo que eram tradicionalmente dominados pelo PSDB. Alguns sinais apareceram no debate desta terça-feira (13) com discursos focados em obras e segurança pública, na atenção a temas do interior do estado e em mensagens direcionadas ao eleitor de baixa renda.

Esse é o típico portfólio eleitoral que impulsionou governadores do PSDB nas últimas décadas e parece sem domínio claro com a entrada de Rodrigo Garcia na disputa como candidato tucano.

O desempenho de Geraldo Alckmin (então no PSDB, hoje no PSB) na eleição de 2014 desenha o perfil do eleitorado em disputa. Naquela campanha, o então tucano se reelegeu no primeiro turno com números melhores no interior do que na região metropolitana, e com mais apoio entre paulistas de baixa renda do que entre os mais ricos.

Debate entre candidatos Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Rodrigo Garcia (PSDB), Elvis Cezar (PDT) e Vinícius Poit (Novo) ao governo de São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

Hoje, é nesses segmentos em que há mais eleitores indecisos e um embate equilibrado pelas vagas no segundo turno.

Rodrigo tentou se inserir na esteira de seus antecessores para retomar o espólio tucano. Ainda que tenha argumentado não reconhecer padrinhos políticos, ele afirmou que segue a tradição de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin –três ex-governadores. João Doria, que carrega índices de impopularidade desconfortáveis, foi citado como "João", sem o sobrenome.

A campanha do PSDB identificou que parte dos votos anteriormente vinculados ao partido está nas faixas de renda mais baixas, o que levou o candidato a focar propostas nesse grupo, como a redução de impostos para os mais pobres.

Para os tucanos, Tarcísio de Freitas (Republicanos) pode ter dificuldades para crescer nesse grupo específico devido aos índices mais altos de rejeição registrados ali a Jair Bolsonaro (PL).

Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio espera se tornar o beneficiário natural do aparente esvaziamento tucano nesta eleição.

Além de fazer críticas ao governo atual, comandado por Rodrigo, ele trabalhou de maneira sutil para se vender como o candidato alternativo às plataformas que o PSDB explorou em anos anteriores. Para isso, ele buscou reforçar a imagem de um gestor de obras, com sua passagem pelo Ministério da Infraestrutura.

Ainda que precise do impulso de Bolsonaro para confirmar sua ida ao segundo turno, Tarcísio ainda testa os limites de seu emparelhamento com o ex-chefe.

O ex-ministro recitou a cartilha de Bolsonaro ao defender seu trabalho na pandemia, mas não embarcou na retórica do presidente ao comentar políticas para a cultura. Ele se desviou de típicos ataques à Lei Rouanet e ao vocabulário da "mamata", que Bolsonaro costuma explorar para inflamar apoiadores.

Fernando Haddad (PT) perdeu uma oportunidade de colar sua campanha a Geraldo Alckmin, ex-governador pelo PSDB e hoje candidato a vice-presidente na chapa de Lula pelo PSB. Numa pergunta sobre a relação com o ex-tucano, Haddad preferiu gastar boa parte do tempo para rebater comentários anteriores de seus rivais.

Haddad só aproveitou a dobradinha com Alckmin nos blocos seguintes, ao mencionar viagens de campanha com o ex-governador.

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