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Lula fala sobre 7 de Setembro na TV para fazer contraponto a Bolsonaro

Petista diz que governo atual usa bandeira 'para mentir, pregar ódio' e ameaça a soberania do país

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Brasília e São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o horário eleitoral para falar sobre o Bicentenário da Independência nesta terça-feira (6) e fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O Brasil está completando 200 anos de sua independência. Essa data é para ser comemorada com alegria. Infelizmente, não é o que acontece hoje. Esse governo abandonou o povo", afirmou. "Eles pregam o ódio e a venda de armas".

Além de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu vice na chapa, também apareceu na propaganda e falou sobre a data.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em encontro com trabalhadoras domésticas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em encontro com trabalhadoras domésticas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - Bruno Santos - 4.set.22/Folhapress

A propaganda começou com uma narração da atriz Marieta Severo, que afirmou que o "verde e o amarelo pertencem a todas as cores desse país". "Nossa bandeira é nossa pátria, pátria amada. Não é de quem propaga ódio e quer armar o povo, nem de racistas preconceituosos", diz.

Em seguida, ainda no programa eleitoral, Lula faz crítica a Bolsonaro e fala sobre a soberania do país.

"Eles ameaçam a nossa soberania, e soberania é a defesa do nosso território e de nossas riquezas, respeito à democracia, com povo feliz, com comida na mesa e oportunidades. Eu tenho fé que o Brasil reconquistará a sua independência e voltará a ser respeitado pelo mundo", disse o ex-presidente.

A propaganda ressalta promessas de Lula, que promete manter o Auxílio Brasil em R$ 600, além de mais R$ 150 para cada criança de até seis anos e de um programa de renegociação de dívidas, e finaliza com uma mensagem de Alckmin.

"Viva o 7 de Setembro, viva a nossa independência. Nossa democracia e soberania estão em grave ameaça. Se é o que está em jogo, precisamos nos unir", diz o candidato a vice-presidente.

A intenção é fazer um contraponto às manifestações organizadas por aliados de Jair Bolsonaro e incentivadas pelo próprio presidente.

Lula não tem agenda pública nesta quarta, segundo sua assessoria. Uma ala da campanha defende que ele não participe de atividades do 7 de Setembro.

Na avaliação de aliados do petista, o tema é delicado, já que há a preocupação com a segurança do ex-presidente, devido ao grau de animosidade de bolsonaristas que deverão ir às ruas em atos pelo país.

Além disso, a campanha entende que qualquer agenda de Lula será comparada com os atos e os eventos oficiais, amparados pela máquina de governo. A equipe de segurança do petista avalia ainda que ele pode participar de reuniões, contanto que não vá a áreas dominadas por apoiadores de Bolsonaro.

Em reunião com membros de sua campanha nesta terça-feira (6), o ex-presidente afirmou que Bolsonaro está "usurpando" o 7 de Setembro.

"Temos um candidato no cargo tentando utilizar a máquina pública inclusive agora usurpando o 7 de Setembro do povo brasileiro para ser uma coisa pessoal dele. Tratando o 7 de Setembro como se fosse uma coisa dele, quando na verdade [a data] é a comemoração de uma festa de interesse de 215 milhões de brasileiros", disse Lula.

"Porque, afinal das contas, é a independência do nosso país. E ele poderia ter tido a grandeza de fazer uma grande festa para o povo brasileiro participar. Mas resolveu fazer para ele, é dele. Ele que já disse ‘as minhas Forças Armadas’ agora tá dizendo ‘a minha Independência’. É triste, mas é assim."

O presidente Bolsonaro, por sua vez, deve acompanhar o desfile cívico-militar em Brasília pela manhã. À tarde, ele deve viajar ao Rio para uma manifestação de apoiadores na orla de Copacabana que também terá demonstrações de aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e de navios da Marinha.

No dia 8, Lula irá para o Rio, onde participa de uma série de agendas. Inicialmente, o petista viajaria na noite de quarta (7), mas mudou a programação para evitar incidentes com bolsonaristas. Estão previstos um comício em Nova Iguaçu na quinta e um encontro com evangélicos em São Gonçalo, na sexta (9).

Candidato do PT ao Governo de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad afirmou à imprensa na segunda (5) que a militância não deve cair em provocações de apoiadores de Bolsonaro no Dia da Independência.

"A gente deveria estar, agora, tentando unir civicamente o país em torno de uma data importante para todos os brasileiros, não para os correligionários do Bolsonaro", afirmou. "Deveríamos estar celebrando o Bicentenário. Infelizmente, estaremos divididos, porque o governo promove uma divisão, é um escândalo. Não aceitar provocação, celebrar, mas sabendo que tem gente querendo arrumar confusão."

No ano passado, o 7 de Setembro foi marcado por declarações golpistas de Bolsonaro e por ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

As ameaças do mandatário em 2021 aprofundaram a crise entre Planalto e Judiciário. A temperatura começou a baixar após Bolsonaro, fortemente criticado na ocasião, divulgar uma carta em que negou que tivesse qualquer intenção de agredir os demais Poderes.

Como a Folha mostrou, em julho o ex-presidente sugeriu a aliados não medir forças com bolsonaristas no 7 de Setembro. A percepção é que a data deverá ser o dia D para a campanha do presidente.

Em reunião da coordenação de campanha do petista, também em julho, segundo aliados, o próprio Lula desencorajou a realização de um ato como resposta aos bolsonaristas, que terão a máquina administrativa a seu favor. Por sugestão do petista, movimentos sociais planejam para o dia 10 de setembro, não 7, a mobilização da Semana da Pátria.

Para esta quinta, está mantido o Grito dos Excluídos, manifestações de alas católicas criado em 1995 e que tem apoio do MST (Movimento Sem Terra). A expectativa é a de que eles ocorram em número menor.

De todo modo, o grito foi marcado para ocorrer nos 26 estados, exceto no Distrito Federal. A avaliação de integrantes do MST, por exemplo, é que a capital tem clima mais hostil, já que tem uma maioria apoiadora de Bolsonaro, e os atos ocorreriam em pontos próximos.

Além disso, um dos principais eventos em alusão ao 7 de Setembro realizados por Bolsonaro ocorrerá na capital. Por isso, a orientação da organização do grito é, por ora, evitar o DF. Mesmo assim, as manifestações ocorrerão em São Paulo, onde a concentração está marcada para as 9h, na Praça da Sé, e no Rio, às 9h, em Uruguaiana, com um samba em comemoração à data no período da tarde, na Cinelândia.

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