Match Eleitoral é didático e partida para decidir voto ao Congresso, dizem especialistas

Ferramenta, desenvolvida pela Folha, mostra grau de identificação entre eleitores e candidatos de SP

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São Paulo

O Match Eleitoral é didático e funciona como primeiro passo para o eleitor do estado de São Paulo escolher em quem votar para deputado federal e senador, dizem especialistas. A ferramenta, da Folha, mostra o grau de identificação entre eleitores e candidatos.

"O grande benefício é apresentar temas complexos de forma palatável, fazendo com que o eleitor reflita", afirma a cientista política Joyce Luz, especialista em monitoramento legislativo. O teste inclui perguntas sobre mineração em terras indígenas, legalização do aborto, cotas e posse de armas.

Pesquisa Datafolha realizada na semana passada mostra que 69% dos eleitores ainda não escolheram o candidato a deputado no qual irão votar. Mais de 10 mil nomes tentam uma vaga na Câmara, e o Match Eleitoral ajuda a filtrar os postulantes de acordo com áreas que o eleitor considera relevantes.

Os indecisos de São Paulo podem lançar mão da plataforma, que também inclui concorrentes ao Senado.

Para viabilizar o match, o jornal formou um banco de perguntas. Quem disputa o Legislativo federal por São Paulo respondeu a perguntas sobre economia, segurança e ambiente —questões que também são feitas a quem acessa a ferramenta. O resultado é uma lista de nomes cujas respostas mais coincidem com as do eleitor. Em 2018, mais de 1 milhão de testes foram feitos até a véspera da votação.

Neste ano, a ferramenta reúne até agora informações de 986 candidatos à Câmara e de 8 ao Senado. Até a tarde desta sexta-feira (23), o sistema havia recebido 104.358 respostas de usuários em busca de deputado federal. Para senador foram 54.879 respostas.

"É um primeiro passo", afirma Luz. "O eleitor pode ir além, pesquisar sobre esses candidatos."

Visão parecida tem Danusa Marques, professora e diretora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. "Não é a única forma, mas ajuda", diz ela. "A gente fica muito à mercê da exposição na campanha, que é mediada pelas redes de financiamento."

Uma vez eleitos, uma das funções dos representantes que atuarão na Câmara dos Deputados e no Senado será legislar, ou seja, elaborar as leis que ajudam a nortear atividades de diversas áreas no país.

Além de escrever seus próprios projetos, os congressistas precisam estudar as propostas dos seus colegas para aprovar ou não as medidas. "O papel do Legislativo também é governar. A gente não pode ter um olhar de que só o Executivo [presidente, governadores e prefeitos] faz políticas públicas", diz Marques.

Outra função de um deputado é participar da definição do orçamento brasileiro, por meio de emendas ou modificações do texto, que é de responsabilidade do Executivo. Na prática, isso ajuda a definir como e em quais áreas o governo do país deverá utilizar o dinheiro público.

Cabe ainda aos congressistas fiscalizar as ações do presidente e de seus ministros.

Buscar as propostas de quem tenta ser eleito é crucial para decidir o voto, afirma Luz. "Se o candidato não consegue produzir um panfleto que seja com as suas principais ideias, talvez não esteja tão preparado."

Em relação à Câmara, escolher alguém que represente sua região é estratégico. Se eleito, o deputado será o principal canal dos prefeitos com o Executivo federal. "Quem mais sabe das necessidades do município é o prefeito, o poder local mais próximo. É importante que ele estabeleça uma comunicação com o deputado federal para pedir recursos e projetos de lei que atendam a região", diz Luz.

Os deputados também têm um papel de representação da diversidade de opiniões e culturas existentes no país, afirma Marques. "A Câmara precisa ter diversas visões de mundo para os problemas políticos".

A atenção aos partidos nas eleições para cargos legislativos, diz ela, é fundamental —o formato não é igual ao da votação de cargos executivos, já que o pleito para deputado não é direto, é proporcional.

Após o fim da votação, verifica-se quais foram os partidos mais votados. Depois, por meio de cálculos, define-se quantas vagas cada partido tem direito. O número de cadeiras no Parlamento é distribuído entre os candidatos mais votados daquele partido que obteve vagas na Câmara. Por isso, candidatos com votações expressivas podem perder. Assim, escolher um deputado é escolher também o seu partido.

"Qualquer voto que a gente deposita em alguém é somado na votação do partido", diz Marques.

tela do match eleitoral 2022
Tela inicial do Match Eleitoral 2022; é preciso escolher um dos cargos para começar - Folhapress
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