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Campanha de Haddad busca apoios e vive tensão com equipe de Lula

Adesão de Rodrigo Garcia a Tarcísio frustra petistas em São Paulo

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São Paulo

Enquanto busca anunciar novos apoios, a campanha de Fernando Haddad (PT) ao Governo de São Paulo tem enfrentado tensão com a equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Haddad enfrentará Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno. O bolsonarista terminou com 42,32%, contra 35,70% do petista.

Os petistas vinham tentando ao menos impedir que Rodrigo Garcia (PSDB) apoiasse Tarcísio, sem sucesso, uma vez que o governador anunciou aliança com o candidato bolsonarista e com Jair Bolsonaro (PL).

A expectativa dos petistas é que não só o Solidariedade como o PDT de Elvis Cezar e Ciro Gomes anuncie aliança com Haddad na corrida estadual, na cola do apoio nacional. Paralelamente a isso, também aguardam apoio de artistas a Haddad e cobram mobilização da militância no estado.

Fernando Haddad (PT) durante votação na zona sul de SP
Fernando Haddad (PT) durante votação na zona sul de SP - Danilo Verpa/Folhapress

Os petistas e aliados de Haddad avaliaram que, no primeiro turno, antecipou-se uma onda de voto útil antipetista migrando de Rodrigo para Tarcísio.

Na avaliação de Márcio França (PSB), os ataques petistas a Rodrigo podem ter acionado o gatilho desse antipetismo antecipadamente no pleito.

"Em São Paulo o que houve foi uma certa antecipação do voto útil à direita", disse. "Não sei se o excesso da pancada no Garcia não provocou uma antecipação do processo de reação antipetista."

A equipe de Haddad foi criticada pela equipe de Lula pelos ataques a Rodrigo e a menor artilharia contra Tarcísio no primeiro turno.

Os lulistas cobravam ataques mais fortes em Tarcísio para fragilizar o palanque de Jair Bolsonaro em São Paulo, onde o presidente acabou, por fim, tendo mais votos que Lula.

Emissários da campanha de Lula tiveram uma reunião com a equipe de Haddad e mostraram que as pesquisas apresentavam tendência de crescimento de Tarcísio e Marcos Pontes (PL) no estado, mas que a equipe do ex-prefeito de São Paulo resistiu a mudar de estratégia, chegando a dizer que não deveria haver interferência da esfera nacional no estado.

Lulistas chegaram a propor que Haddad amenizasse as críticas a Rodrigo Garcia, na expectativa de que, com o gesto, o tucano viesse a apoiá-los em um segundo turno.

A campanha de Haddad manteve peças ressaltando a ligação entre Rodrigo e o impopular João Doria (PSDB), além de o ex-prefeito ter feito fortes críticas ao governo e ao governador durante debates.

Haddad, nesta terça (4), foi questionado sobre as cobranças.

Entre a equipe de Haddad o discurso é de que a estratégia era meramente defensiva, uma vez que era Rodrigo quem atacava o ex-prefeito. Um ponto usado para exemplificar isso foi o uso recorrente do tempo de TV de Edson Aparecido (MDB), candidato ao senado da chapa de Rodrigo, para atacar Haddad.

"Viemos [à reunião] com os dados dos ataques que estávamos sofrendo. Eles não tinham se dado conta do que a campanha do Edson estava fazendo, porque não estavam assistindo a campanha do Edson", disse Haddad. "Estratégia foi mantida de comum acordo com a do presidente Lula. Não tenho campanha solteira e não me comporto como campanha solteira."

Além disso, há quem também levante a possibilidade de que a frase de Lula no programa do Ratinho, do SBT, de que Bolsonaro era capiau do interior e ignorante possa ter piorado a resistência ao PT no interior de São Paulo.

Outra canelada entre as duas campanhas aconteceu na tarde e noite de segunda-feira (3), quando a equipe de Haddad ficou reunida traçando estratégias para o segundo turno, enquanto a de Lula estava em outro lugar com tarefa semelhante.

Lula reclamou da ausência de integrantes da coordenação da campanha de Haddad na reunião, uma vez que só o próprio candidato ao governo compareceu. Segundo participantes, Lula perguntou onde estariam os representantes da campanha de Haddad, uma vez que terão de fazer agenda casada em São Paulo.

O presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, afirmou que Lula e Haddad deverão fazer agendas conjuntas no estado nesta semana —dando o pontapé inicial das campanhas no segundo turno.

Para ele, as campanhas estadual e nacional serão casadas: "Agora é Lula e Haddad, Haddad e Lula".

Marinho acompanhou reunião da coordenação da campanha do ex-presidente nesta terça (4). Segundo ele, serão três agendas: em São Bernardo na quinta (6), na região metropolitana na sexta (7) e em Campinas no sábado (8).

Em Campinas, a ideia é fazer um encontro com prefeitos e, em seguida, uma caminhada pelo centro da cidade. "A ordem de 100 prefeitos é uma meta boa", disse Marinho.

Ele afirmou também que "todos os militantes" da frente que apoia Lula irão atuar nesses contatos e citou o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-governador Márcio França (PSB).

Após as tensões, Edinho Silva (PT), parte da campanha nacional, pregou união.

"Não é hora de críticas, não faz sentido fazer balanço agora, isso não ajuda. Esse tipo de posição faz o jogo do adversário. Vamos unificar a campanha em São Paulo, Lula e Haddad na mesma sintonia, e vamos construir a vitória no estado. Temos disparado os melhores candidatos", afirmou.

Para ele, o Sudeste é o maior desafio de Lula. "Em São Paulo temos muitas chances de vitória, o Fernando Haddad é o melhor candidato disparado, vamos unificar as campanhas, é hora de unidade e de construção da vitória em São Paulo".

Antes de Rodrigo anunciar apoio a Tarcísio e Bolsonaro, aliados de Haddad se articulavam para evitar que o atual governador anunciasse apoio ao rival.

Sem interlocução com Rodrigo, o PT pediu o apoio de Paulinho da Força (Solidariedade) para ser emissário das conversas com Rodrigo Garcia. De acordo com Paulinho, ele já teria conversado com Rodrigo. As tratativas, porém, não avançaram.

Embora a situação com Rodrigo esteja desfavorável, é possível que ao menos tucanos históricos possam ser fisgados para o arranjo petista. Além de Paulinho, Geraldo Alckmin e Márcio França, do PSB, estariam a cargo de avançar na busca dos apoios.

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