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Décio Lima, do PT, diz apostar em voto silencioso para virada contra bolsonarismo em SC

Candidato disputa o 2º turno para o governo estadual contra Jorginho Mello (PL), apoiado pelo presidente

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Recife

Candidato a governador de Santa Catarina, Décio Lima (PT) aposta no voto silencioso dos catarinenses para reverter o cenário em relação a Jorginho Mello (PL), líder das pesquisas de intenção de voto no segundo turno.

Durante sabatina Folha/UOL na manhã desta sexta-feira (28), o petista afirmou que está confiante em uma vitória no domingo (30). Pela primeira vez, um candidato do PT disputa o segundo turno em Santa Catarina. O atual governador, Carlos Moisés (Republicanos), ficou em terceiro lugar.

"Tem muita gente que chega comigo e fala no ouvido 'estou com você, estamos juntos', aonde a gente anda, falam silenciosamente, isso é uma normalidade em Santa Catarina", afirmou.

Candidato ao governo de Santa Catarina pelo PT, Décio Lima é sabatinado nesta sexta-feira (28). A sabatina é conduzida por Fabíola Cidral e pelos jornalistas Leonardo Sakamoto, do UOL, e Cauê Fonseca, da Folha de S. Paulo - UOL no YouTube

Pesquisa Ipec divulgada em 18 de outubro mostra que Jorginho Mello tem 59% das intenções de voto totais, ante 26% de Décio. O petista, no entanto, minimiza o cenário adverso revelado pelo levantamento.

"Estou confiante numa virada porque essas pesquisas diziam o mesmo no primeiro turno, que eu estava com 6%", disse. Na antevéspera do segundo turno, no entanto, o Ipec mostrou Décio com 15% das intenções de voto, empatado tecnicamente na terceira posição.

"É uma luta de Davi contra Golias, porque aqui há uma expressão muito forte com ódio, embora são pessoas que trabalham num contingente muito insignificante do que é a maioria do povo catarinense, mas eles são muito agressivos, muito fortes", afirmou o petista.

Décio também disse acreditar que é possível reduzir a diferença entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Santa Catarina. Ele disse que o estado teve avanços econômicos durante os governos Lula e Dilma.

O estado deu uma das maiores vantagens a favor do atual presidente no primeiro turno: 62,21% dos votos válidos, contra 29,54% do candidato do PT à Presidência. "Não tenho dúvida", disse Décio, sobre a redução da diferença na segunda rodada.

"Estamos empenhados e vamos dar um resultado significativo na vitória do [ex-]presidente Lula, muito superior ao resultado que tivemos no primeiro turno, e também estou muito otimista, furando as bolhinhas, e acredito que vamos ter uma surpresa."

Décio atribuiu o avanço do bolsonarismo em Santa Catarina à produção de fake news e à disseminação de informações falsas por parcela dos veículos de comunicação do estado. "É um estado que não combina com os acontecimentos mais recentes ocorridos aqui que vocês acompanharam, tiveram fortes lampejos de autoritarismos e uma construção de valores que contrariam a formação do povo catarinense."

Décio Lima também disse que conviveu 12 anos com Jair Bolsonaro e criticou o presidente. Os dois foram deputados federais concomitantemente, entre 2007 e 2018, por Santa Catarina e Rio de Janeiro, respectivamente.

"Convivi com Bolsonaro 12 anos debaixo do mesmo teto, ele é uma pessoa imprevisível, eu me pergunto se ele é um ser humano várias vezes. Uma pessoa que não tem limites e não respeita os valores humanistas."

Para o candidato do PT a governador, Bolsonaro pode tentar questionar o resultado das urnas se perder para Lula no domingo. "É possível ele querer fazer espetáculos com relação ao resultado da sua derrota no domingo, mas não tem força absolutamente para criar qualquer crise institucional."

O candidato também comentou o áudio atribuído ao empresário bolsonarista Luciano Hang, em que o dono da Havan teria sugerido que o estado atrasasse salários e demitisse professores. O conteúdo foi exibido durante o programa eleitoral do candidato do PT ao Governo de Santa Catarina no sábado (22).

A gravação seria de uma reunião entre Hang e o secretário da Fazenda do estado, Paulo Eli, que ocorreu em 2018. Antes de exibir o áudio, a peça de campanha do PT começa questionando o que leva o empresariado bilionário de Santa Catarina a apoiar o senador, também bolsonarista, Jorginho Mello (PL) na disputa pelo governo estadual.

"Esse áudio revela um estado que tem sido tutelado por interesses difusos dos do povo catarinense", disse. "Não vamos tolerar porque isso é a defesa do Estado de Direito e da democracia, mesmo sabendo que nossa luta aqui é muito dura. Denúncias como esta temos que fazer permanentemente."

Décio Lima também repudiou a promoção do parque temático Beto Carrero, que ofereceu desconto na entrada para pessoas que fossem ao local vestidas com as cores da bandeira do Brasil. O espaço também ofereceu o mesmo desconto para quem for de vermelho, mas somente quem for antes das 8h e sair depois das 17h em 30 de outubro, ou seja, no dia e horário da votação do segundo turno.

"Não tenho dúvida, isso é crime eleitoral, abuso do poder econômico, e vamos buscar a Justiça que terá de se pronunciar, garantindo, claro, o direito de defesa. Fico muito triste porque conheci Beto Carrero, uma pessoa que não está mais entre nós, democrata. Mas a sucessão inclusive familiar dele tomou esses caminhos, estou muito triste porque depõe contra Beto Carrero."

Entre as propostas de Décio Lima para Santa Catarina estão ampliar o número de crianças em creches e propostas de enfrentamento à violência contra a mulher. Para o candidato, quanto mais vagas nas creches, mais as mulheres podem acessar o mercado de trabalho ou seguirem para o empreendedorismo.

"O déficit de creches é gigante, é uma atribuição dos municípios, mas vamos enfrentar os problemas e esse absurdo que Santa Catarina vive, não dando condições e espaços para crianças e dificultando a entrada das mulheres no mercado de trabalho e a empreenderem."

Décio Lima defendeu a criação de uma rede de delegacias que funcionem 24 horas por dia voltadas à violência contra a mulher.

"Não temos aqui uma estrutura protetiva das mulheres. Temos que ter mecanismos protetivos com delegacias especializadas, 24 horas por dia, mas não vamos superar isso só com a punição, vamos desenvolver programas próprios para as mulheres e fazer um processo educativo nas mulheres."

A sabatina de Décio Lima foi transmitida no YouTube e nas plataformas digitais do UOL e da Folha.

Participaram os jornalistas Fabíola Cidral e Leonardo Sakamoto, do UOL, e Caue Fonseca, repórter da Folha em Porto Alegre.

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