Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula leva à TV vídeo em que Bolsonaro diz que comeria carne humana

Trecho de entrevista antiga ao New York Times foi usado por campanha de Lula

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São Paulo

A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou na sua propaganda eleitoral da televisão um trecho de uma entrevista antiga de Jair Bolsonaro (PL) em que o presidente diz que comeria carne humana.

A declaração foi dada em 2016, em entrevista do então deputado federal ao jornalista Simon Romero, do The New York Times. Ela está disponível em vídeo publicado na íntegra no canal do presidente no YouTube.

"Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: se for, tem que comer. Eu como", disse o presidente no trecho destacado na propaganda petista.

Na entrevista, Bolsonaro relatou uma experiência numa comunidade indígena em Sururucu, localizada em Vista Alegre (RO). "Morreu um índio e eles estão cozinhando. Eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias e come com banana" disse na entrevista.

"Como a comitiva não quis ir, porque tinha que comer o índio, não queriam me levar sozinho lá", explica. "Eu comeria o índio sem problema nenhum, é a cultura deles, e eu me submeti àquilo", finalizou o presidente.

A campanha de Bolsonaro afirmou que vai acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"O desespero bateu. Nossa opinião é essa propaganda vai ser negativa para o PT. Vamos entrar no TSE contra ela, para que eles coloquem a matéria dentro de contexto", afirmou Fábio Faria, ministro das Comunicações e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, ao Painel, da Folha.

Montagem com imagens do ex-presidente Lula e do presidente Jair Bolsonaro, que disputam o segundo turno em 2022
Ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam o segundo turno em 2022 - Gabriela Biló/Folhapress e Pedro Ladeira/Folhapress

A peça indica uma mudança na estratégia da propaganda petista, que vai aumentar o tom contra o presidente no segundo turno.

Após evitar entrar de maneira mais contundente em pautas de costumes na propaganda eleitoral no rádio e na televisão no primeiro turno, a campanha de Lula pretende abordar esses temas para se contrapor a Bolsonaro.

Declarações polêmicas e falas racistas e de ataques às mulheres do atual presidente serão usadas em peças de propagandas do PT.

Além disso, Lula vai abordar assuntos como religião para tentar conquistar votos de evangélicos. Um vídeo em que o petista afirma ser "a favor da vida" e contra o aborto foi divulgado em anúncios no YouTube.

A propaganda deverá ser exibida também na televisão e no rádio. A propaganda eleitoral começou nesta sexta (7) e vai até o dia 28 de outubro. Cada candidato à Presidência da República terá 25 inserções por dia ao longo da programação das televisões e nas rádios e dois blocos de 5 minutos, cada, no horário eleitoral.

Na estreia do horário da tarde, a propaganda de Lula apresentou seu aliados no segundo turno. Mostrou vídeo de Simone Tebet, citou Ciro Gomes (PDT), Fernando Henrique Cardoso e mostrou imagem de Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que declaram apoio ao petista.

Também houve críticas ao atual presidente. "Mau militar", "deputado omisso" e um "desastre na economia" afirmou a locutora do programa petista sobre Bolsonaro. Lula, em seu depoimento, não citou o nome do adversário e disse que ele "quer espalhar mentiras e fake news pela internet".

A campanha bolsonarista seguiu a mesma linha e mostrou os apoios ao presidente no segundo turno, como os governadores Romeu Zema (Novo) e Ratinho Jr.(PSD). Também atacou os institutos de pesquisa e a imprensa.

O presidente terminou o primeiro turno, no dia 2 de outubro, com 43,23% dos votos, atrás de Lula, que teve 48,39%. Pesquisa Datafolha, divulgada no dia 1º de outubro, apontava que 54% dos eleitores diziam que iriam votar no petista, contra 38% que preferiam o atual presidente.

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