A Executiva da União Brasil anunciou na noite desta quarta-feira (5) que liberará seus filiados e diretórios para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, em meio a divergências de encontrar consenso em torno de um dos nomes dentro do partido.
O anúncio foi feito pelo presidente da União Brasil, Luciano Bivar, reeleito deputado no domingo (2). Conforme a Folha antecipou, a tendência do partido era de liberar os estados.
"Em respeito à democracia intrapartidária, a direção nacional do União Brasil decide liberar seus diretórios e filiados para que sigam seus próprios caminhos, com responsabilidade, no segundo turno das eleições presidenciais e estaduais", disse.
Questionado se tinha posição pessoal, Bivar afirmou que, como presidente do partido, não podia expressar seu posicionamento.
"O União Brasil é um partido de âmbito nacional. A gente respeita o pacto federativo na Constituição. E nosso estatuto permite que dentro do sistema democrático cada unidade da federação tenha sua representatividade igualitariamente", disse.
No sábado (1º), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que PP e União Brasil trabalham para uma fusão. Nesta quarta, Bivar afirmou que a conversa já vem de "dois, três anos".
"Foi para isso que o extinto PSL e o extinto DEM fundiram-se para formar um partido que defendesse as instituições democráticas deste país. Todos os partidos que queiram se aglutinar a nós tem que ser dentro desses princípios", disse. "O União Brasil continua sendo um partido independente."
Questionado se algum dos partidos dos candidatos à Presidência havia entrado em contato para falar sobre o comando da Câmara, ele defendeu que as legendas conversem entre si sobre o tema. "Nossa prioridade efetivamente é que a democracia, o Estado de Direito, esses sejam preservados. Dentro desse bojo, tudo é conversado."
"A presidência da Câmara é uma coisa que vai ter que ser colocada na mesa para discutir com o União Brasil. O União Brasil é o maior partido isolado do país. Então, tem que conversar com o União Brasil", afirmou.
Segundo ele, é preciso, antes, definir se o partido terá candidato ou não na disputa e, em caso afirmativo, quem seria.
A decisão de liberar os filiados ocorre em um cenário em que alguns integrantes do partido já declararam voto para Lula ou Bolsonaro. A maioria dos diretórios apoiará Bolsonaro, dizem dirigentes. Mas o endosso esbarra tanto em Bivar como em ACM Neto, candidato ao Governo da Bahia.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), por exemplo, vai ao Palácio do Planalto na quinta-feira (6) se encontrar com Bolsonaro para declarar seu apoio. Questionado pela Folha se compareceria a Brasília para o encontro, disse: "Sim, com todo o partido União Brasil e deputados"
Bolsonaro está numa maratona de anúncios de apoios políticos. Entre terça e quarta-feira, ele recebeu apoio oficial de Claudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG) e Rodrigo Garcia (PSDB-SP).
Cobiçados tanto por Bolsonaro como pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dirigentes do partido divergem sobre o rumo a seguir no segundo turno.
A maioria dos estados —segundo líderes do partido— tende a apoiar Bolsonaro, mas o respaldo ao chefe do Executivo esbarra em duas figuras-chave do partido: Luciano Bivar, que preside a União Brasil, e ACM Neto, secretário-geral.
De acordo com aliados, Bivar gostaria de declarar apoio a Lula, mas não tem condições políticas de fazer uma articulação interna que leve a sigla para esse caminho.
Outros integrantes da União, como Mauro Mendes, governador reeleito de Mato Grosso, queriam empurrar a legenda para o campo de Bolsonaro.
Nesta eleição, a União Brasil elegeu 59 deputados, a terceira maior bancada da Câmara. O partido teve ainda uma candidata ao Planalto, Soraya Thronicke, que recebeu 0,51% dos votos.
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