Descrição de chapéu Eleições 2022

Votação é mais rápida e com filas menores neste domingo pelo país

Ocorrência mais grave foi tentativa de atear fogo em uma seção eleitoral na periferia de Porto Alegre

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Ribeirão Preto, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus, Fortaleza, Recife e Brasília

O segundo turno das eleições à Presidência da República e para eleger governadores de 12 estados ocorreu de forma mais rápida e tranquila no país neste domingo (30).

Há relatos de ocorrências como prisões por boca de urna, atitude que é proibida pela Justiça Eleitoral, de desordem e até mesmo uma tentativa de atear fogo numa seção durante a madrugada, mas na maioria das capitais os relatos dos Tribunais Regionais Eleitorais indicam a ausência de filas e rapidez na hora de o eleitor votar.

Movimentação no Colégio Sion, em Higienópolis, na manhã deste domingo (30), no segundo turno das eleições
Movimentação no Colégio Sion, em Higienópolis, na manhã deste domingo (30), no segundo turno das eleições - Jardiel Carvalho/Folhapress

As principais ocorrências foram registradas no Sul. A votação no Rio Grande do Sul teve seis registros de ocorrências, duas delas por desordem, outras duas por boca de urna, uma por porte ilegal de arma e uma por dano a patrimônio.

A ocorrência mais grave foi uma tentativa de atear fogo em uma sala de aula de um colégio onde estava uma urna no bairro Restinga, na periferia de Porto Alegre, durante a madrugada.

Os vândalos invadiram o pátio da escola, abriram uma janela e arremessaram garrafas PET e papéis em chamas na sala. O segurança do local, porém, controlou as chamas, e a votação iniciou às 8h sem problemas.

Outras quatro ocorrências de boca de urna e uma de propaganda eleitoral foram registradas em Santa Catarina na manhã deste domingo.

No Distrito Federal, nove pessoas foram presas e 11 abordadas por juízes eleitorais durante a votação, segundo o TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal).

No balanço do dia, o tribunal informou que a maioria dos casos está relacionada a flagrantes por boca de urna e filmagem do próprio voto, com uso de celular na cabine de votação.

No Paraná, não houve grandes filas nem problemas graves de segurança durante as eleições até as 11h. Na abertura das sessões, 73 urnas precisaram ser substituídas no estado, segundo o TRE.

Em São Paulo, o início da votação aconteceu sem maiores problemas. Por volta das 11h20, a Polícia Militar deteve um homem que portava uma réplica de arma de fogo na escola estadual Professora Esther Garcia, no Grajaú, zona sul da capital.

Algumas filas começaram a se formar ainda durante a manhã em Higienópolis e Liberdade, na região central, e em Socorro, na zona sul. Menores, no entanto, do que as registradas no primeiro turno.

Já na Mooca, o Externato Nossa Senhora Menina teve bastante movimentação, mas sem demora nas cabines. Só houve filas em uma das seções durante a manhã, por causa da troca da bobina de uma urna.

"No primeiro turno as filas estavam dando voltas na escada. Agora eu não sei se foi por não ter voto em deputados ou porque a galera não está vindo votar", disse Priscila Casalenovo, 31, que votou na escola.

No Colégio Arcádia, na Saúde, o clima seguiu tranquilo, com eleitores dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) conversando na saída das seções.

A educadora Caroline Moreno, 33, afirma que um homem com camisa da seleção brasileira cuspiu no assento do qual ela havia se levantado em um vagão do metrô.

"Quando entrei, uma mulher sentada com ele o cutucou para mostrar os adesivos. Ele começou a ser hostil, comentando, mas sem direcionar a mim, porque havia outras pessoas. Quando mudei de lugar, porque ia descer, ele deu uma 'catarrada' onde eu estava", afirma Carolina.

"Ele disse 'cuspi no chão e isso não é da sua conta'. E aí chegou a minha estação e eu desci. Meu namorado, que ficou no trem, disse que ele não mexeu com mais ninguém", diz.

No interior paulista, o movimento também é menor do que no último dia 2 de outubro, quando houve registros de filas em algumas das maiores cidades. Em locais como Campinas, Ribeirão Preto e Franca, relatos de eleitores apontam para rapidez no momento de votar.

O presidente do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), Paulo Galizia, disse que as eleições em segundo turno em São Paulo ocorrem dentro da normalidade, e sem filas como as que vistas na primeira etapa do pleito.

"Tanto o eleitor quanto o mesário já estão treinados em relação ao primeiro turno. O eleitor, no primeiro turno, às vezes tinha dificuldade para localizar o seu lugar de votação. Agora, ele já vai direto para o local. O fluxo está melhor. Tudo o que você faz pela segunda vez, você dá uma maior perfeição, e isso também está contribuindo", ressaltou.

Segundo ele, algumas seções do estado registraram problemas pontuais por falta de luz, provocada pelo temporal ocorrido no sábado (29), mas o pleito ocorre normalmente nestes locais porque a urna eletrônica está operando à bateria. As concessionárias de energia já foram alertadas da falta de eletricidade.

No segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais, a votação está tranquila neste domingo segundo o TRE, sem registro de filas ou tumultos nos locais de votação.

De acordo com a Polícia Militar, foram registradas 41 ocorrências, até as 11h, com 4 prisões devido a boca de urna e tentativa de fotografar ou filmar o voto.

Durante a manhã, usuários do transporte metroviário em Belo Horizonte, diziam nas redes sociais que a gratuidade determinada pela Justiça Federal não estava sendo cumprida. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos afirmou que foi notificada da decisão por volta das 10h50 e passou a cumprir a decisão na íntegra.

No Rio, a votação segue sem maiores problemas neste domingo. Ao contrário do que ocorreu no primeiro turno, não houve relatos de longas filas em locais de votação. Os eleitores do estado votam apenas para presidente, já que o governador Cláudio Castro (PL) foi reeleito no primeiro turno.

Em Niterói (RJ), a mesária Amanda Almeida, 29, afirma que um policial militar a agrediu fisicamente e que ela foi detida injustamente depois de um bate-boca enquanto preparava o local de votação em uma escola no bairro do Caramujo. A polícia não respondeu à acusação de agressão, e afirma apenas que levou a mesária para a delegacia para registrar a ocorrência depois de ela ter sido flagrada com adesivos de cunho político em sua bolsa.

Amanda, que é servidora pública, relatou que o mal-estar com os oficiais começou enquanto ela, que é presidente de duas seções, inicializava a urna eletrônica de uma delas para testar o seu teclado, por volta das 7h da manhã no Colégio Estadual Dr. Luciano Pestre.

Um grupo de policiais que fiscalizava o local começou a socializar na sala, e ela pediu que eles deixassem do recinto para que não a desconcentrassem. As autoridades se recusaram a sair ---ela diz que um deles chegou a insinuar de que ela desejava fraudar a urna.

Ainda de acordo com o relato da mesária, um dos policiais pegou a bolsa dela para revista e encontrou um adesivo com a inscrição "Fora, Bolsonaro" ---nota da Polícia Militar fala em adesivos, no plural, o que a mesária nega. Almeida afirma que retirou o adesivo da bolsa e o amassou na mesma hora, mas que logo em seguida ela e o policial se exaltaram e sacaram seus respectivos smartphones para filmar a discussão. Foi então que o oficial atacou seu rosto com o próprio celular.

Dois advogados consultados pela reportagem afirmam, no entanto, que a detenção de Almeida parece equivocada, já que o incidente teria ocorrido antes do início da votação, isto é, em um momento em que não havia contato da mesária com os eleitores e ela ainda não estava no ofício de suas funções da prática.

Volgane Carvalho, secretário-geral da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político), diz que o próprio momento em que ocorreu o incidente costuma ser usário para a organização checar a indumentária dos mesários. "Como é algo que não tem uma regra muito definida, temos que resolver com uma atitude conciliadora. E realmente, há espaço. Antes desse horário não há exposição, não havia presença física de eleitor."

Além disso, a servidora pública não se recusou a retirar o adesivo da bolsa ---o que significa que ela não cometeu a infração administrativa descrita no Artigo 39-A, segundo Paulo Victor Lima, advogado criminalista e eleitoral.

No bairro carioca de Copacabana, Maria Vitoria Duarte, 18, diz que ajudava sua mãe na feira, na rua Nossa Senhora de Copacabana, e estava com adesivos do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, quando uma cliente começou a xingá-la.

"Minha vó estava conversando sobre o Lula com a amiga e a eleitora do bolsonaro entrou gritando, que o Lula era ladrão e disse 'que tristeza ver isso, uma jovem burra'", diz Maria, que afirma não ter respondido com xingamentos. "Depois respondi 'olha como vocês são', e fiquei com medo", disse ela, após a mulher se afastar.

No Nordeste, a votação transcorre em clima de tranquilidade em Salvador e, ao contrário do primeiro turno, houve até aqui poucos registros de filas nas seções eleitorais.

O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) da Bahia informou que, por problemas técnicos, houve substituição de 16 urnas eletrônicas em seções eleitorais de 12 municípios, incluindo a capital.

Em todo o estado funcionam cerca de 35 mil seções para atender aos mais de 11 milhões de eleitores.

Fortaleza tem cenário tranquilo nas primeiras horas do segundo turno. Locais de votação que registraram grandes filas no turno inicial, como a Secretaria de Educação do Ceará, na praia de Iracema, estavam vazios e as pessoas demoravam poucos minutos para votar.

O Ceará não tem eleição para governador neste segundo turno, já que Elmano de Freitas (PT) no último dia 2. Não houve relato de confusão entre eleitores de Lula e de Bolsonaro até o fim da manhã.

Em Pernambuco, também não houve problemas graves e apenas filas pontuais em colégios eleitorais.

No estado, são mais de 7 milhões de eleitores aptos a votar. Além de escolherem o próximo presidente e governadora, em duas cidades do interior, Pesqueira e Joaquim Nabuco, há eleições suplementares para prefeito em razão da cassação dos eleitos em 2020.

No maior estado do Norte, Amazonas, o clima foi de tranquilidade neste segundo turno da eleição no centro de Manaus, onde estão alguns dos principais locais de votação da cidade.

No Colégio Amazonense Dom Pedro 2º, um dos mais tradicionais do centro da cidade e tombado como monumento histórico do estado, a votação transcorreu com tranquilidade, sem grandes filas.

Em nenhuma cidade houve necessidade de votação manual até aqui, ainda conforme o TSE.

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