Datafolha: Para 51%, Lula fará governo melhor que o de Bolsonaro

Expectativa sobre gestão e o cumprimento de promessas é mais baixa do que o usual

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São Paulo

A maioria dos brasileiros considera que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que inicia neste domingo (1º) seu terceiro mandato como presidente da República, fará um governo melhor que o de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

Mas é uma maioria tão exígua quanto a vantagem que o petista teve nas urnas em outubro, quando bateu Bolsonaro por 50,9% a 49,1% dos votos válidos: acham que Lula será superior ao antecessor 51% dos ouvidos na mais recente pesquisa do Datafolha.

Lula durante a apresentação do relatório de seu gabinete de transição, em Brasília
Lula durante a apresentação do relatório de seu gabinete de transição, em Brasília - Ueslei Marcelino 22.dez.22/Reuters

Outros 31% creem que o petista governará de forma pior que Bolsonaro, e 13% afirmam que a gestão deverá ser igual.

O instituto ouviu 2.026 pessoas com mais de 16 anos, em 126 municípios do país, nos dias 19 e 20 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

As expectativas são baixas, considerando as médias históricas. Afirmam que Lula fará um governo ruim ou péssimo 26%, o maior índice desde que o Datafolha passou a aferir isso entre presidentes eleitos, com Fernando Collor (então no PRN, que governou de 1990 até ser impedido dois anos depois).

Na mesma via, 49% acham que ele será um presidente ótimo ou bom, enquanto 20% supõem que ele será regular, e 4% não opinaram. Em comparação, quando Bolsonaro foi eleito em 2018, 65% anteviam um governo de excelência.

Ao fim dos quatro anos, revigorado pelo desempenho na eleição após longos períodos de alta impopularidade, 39% aprovavam Bolsonaro —ainda assim o pior resultado de um presidente eleito para primeiro mandato desde a redemocratização.

Pesa para tanto a polarização política no país, é claro, e o fato de que Lula não é um produto fresco no mercado. Quando chegou enfim ao poder, na sua quarta tentativa em 2002, o petista recebia uma expectativa de fazer um governo ótimo ou bom de 76%, ante apenas 3% de previsão negativa e 16% de regular.

O padrão repetia Collor, com 71% de previsão positiva, 4% de negativa e 18% de regular, e seguiu com Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Antes de seu primeiro mandato, conquistado no pleito de 1994, o tucano marcou 70% de esperança no ótimo/bom, 5% no ruim/péssimo e 18%, no regular. Após a primeira eleição de Dilma Rousseff (PT), sucessora de Lula que assumiu em 2011, os números eram 73%, 6% e 16%, respectivamente.

Por óbvio, apesar de Lula ter ficado 12 anos fora do poder, ele não pode ser visto como o titular de um primeiro mandato —e sim o inédito terceiro. Assim, seus números se comparam aos de Dilma-2 (50% de boa expectativa em 2014) e aos de FHC-2 (41% em 1998).

A polarização cobra preço evidente, com uma expectativa de governo ruim ou péssimo de 54% entre aqueles que aprovam o governo Bolsonaro, ante 23% de previsão positiva. Na contramão, 77% de otimismo entre quem o reprova e apenas 4% de antevisão negativa.

A inclinação política seguiu a clivagem aferida ao longo da campanha deste ano nos principais grupos socioeconômicos pesquisados pelo Datafolha.

Lula tem uma expectativa de bom governo maior (59% ante 23% de negativa na base de quem ganha até 2 salários mínimos) entre os mais pobres, que o apoiaram, e inversa entre os mais ricos (61% de ruim/péssimo e 26% de ótimo/bom entre os com renda superior a 10 mínimos).

Com efeito, também são reduzidas as esperanças acerca da capacidade de Lula em cumprir suas promessas de campanha. Para 24%, ele fará tudo o que disse —eram 31% em 2002, antes da sua primeira posse. Bolsonaro assumiu em 2019 com 27% nesse quesito.

Já aqueles que acham que Lula nada cumprirá quadruplicaram em 20 anos, de 4% para 16%. O rival tinha 9% nesse item. Por fim, os mais realistas, que anteveem apenas algumas promessas cumpridas, se mantiveram estáveis ao longo dos anos. Eram 62% em Lula-1, foram 62% com Bolsonaro e são 58% agora.

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